As alterações no projeto do Bus Rapid Transit ou Transporte Rápido por Ônibus (BRT) Norte-Sul que são vontade do prefeito Iris Rezende (PMDB) podem atrasar ainda mais a finalização das obras. As mudanças estão em estudo interno, segundo a Secretaria Municipal de Governo. Mas técnicos da Prefeitura disseram à reportagem que o esquema estava sendo apresentado ao gestor municipal, com a intenção de convencê-lo a não alterar o projeto, em especial a obra no Centro.No fim do mês de fevereiro, o prefeito anunciou, na Câmara Municipal de Goiânia, a intenção de preservar o Centro da capital, por onde o projeto inicial prevê que o BRT passe, e estender a obra à Região Noroeste, após o Recanto do Bosque. Com a exclusão do Centro, o BRT iria do Terminal Recanto do Bosque à Estação Terminal Rodoviária e do Terminal Isidória ao Cruzeiro do Sul.A questão, no entanto, não depende só da gestão, já que a verba da obra é federal, com contrapartida municipal. O Ministério das Cidades informou em nota que a Prefeitura não pode alterar o projeto unilateralmente. Mudanças podem ser feitas, desde que sejam negociadas com a Caixa, cofinanciadora do projeto, e com o Ministério das Cidades. Conforme o órgão, seria necessária nova pactuação de metas observando, por exemplo, a manutenção da funcionalidade do empreendimento.Esse é o principal ponto de debate, já que o objetivo original seria passar pelo Centro, ligando Norte e Sul da capital, do Terminal Recanto do Bosque ao Terminal Cruzeiro do Sul. O secretário municipal de Governo, Samuel Almeida, disse que a principal questão que está sendo discutida é justamente como alterar o projeto sem tirara funcionalidade e para que não haja prejuízo na concepção.Sem confirmar que técnicos da Prefeitura trabalham para tentar convencer o prefeito a manter as obras do Centro, Almeida disse apenas que as mudanças são alvo de debate. “Está tendo um estudo interno sobre isso. A preocupação do prefeito, na verdade, é a preservação de uma coisa histórica, mas não há nada definido. Nem que vai, nem que não vai passar pelo Centro”, explicou. Antes de o projeto ser apresentado, houve aprovação dos órgãos competentes, como da superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Goiás.O secretário municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Seinfra), Fernando Bertoldi, explicou que tem mostrado ao prefeito o projeto e exposto que houve o cuidado de não desfazer do canteiro central ou das calçadas, que permanecerão as mesmas. “O impacto é menor do que na região Norte, onde teve de retirar árvores”, disse.Região NoroesteA outra intenção do prefeito, de estender o corredor até a Região Noroeste, também altera o projeto. Seria necessário analisar a possibilidade de fazer as obras ainda dentro da mesma licitação do BRT, caso o ajustamento, a ser pago pela Prefeitura, não ultrapasse 25% do valor do obra. Se o valor ultrapassar, nova licitação seria necessária.Técnicos da Prefeitura afirmam que não veem como necessário o aumento do corredor em mais cerca de quatro quilômetros, pensando que as linhas alimentadoras poderiam fazer o transporte à região. Bertoldi afirma que é isso que a gestão municipal analisa. “Teria de fazer desapropriação e ver exatamente por onde iria passar”, disse, explicando que a possibilidade de linhas alimentadores fazerem o transporte de pessoas da Região Noroeste está sendo analisada.Já Almeida disse que é uma vontade do prefeito estender o corredor justamente pensando no volume de usuários no local e no crescimento constante da população. “Ele entende que essa população poderia ser contemplada pelo BRT e não por linhas alimentadoras. Já que está fazendo, por que não ir até lá?” Sobre as alterações necessárias, com ajustamento não superior a 25%, disse que técnicos avaliam.