Cinco mortes estão sendo investigadas em Goiânia e Aparecida por suspeita de terem sido causadas por dengue. Os casos, quatro na capital e um em Aparecida, fazem parte das 1.951 notificações registradas em janeiro nos dois municípios. A superintendente de Vigilância em Saúde da Secretária Municipal da Saúde (SMS) em Goiânia, Flúvia Amorim, explica que os resultados serão divulgados após exames laboratoriais ou via vínculo epidemiológico. Em Goiânia, das 1.118 notificações, 936 foram registradas nas duas últimas semanas. Flúvia explica que este período do ano é preocupante, mas quando comparado com 2017, houve uma redução de 13 notificações. “Vamos continuar monitorando semana a semana”, pontua.Em meados de janeiro, 13 bairros da capital apresentaram risco de epidemia. Nestes setores, de acordo com a superintendente, os trabalhos de visita e orientação sobre combate ao mosquito foram intensificados e concluídos. “Mais de 60 mil imóveis foram visitados. Nos locais que estavam fechados foram deixadas cartas com um número de telefone para o morador ligar e agendar um horário para visita”, explicou Flúvia.Os imóveis que estão para alugar e sob responsabilidade das imobiliárias também estão sendo visitados. A superintendente contou que as equipes estão em contatos com as empresas e agendando dia e horário para as inspeções.Trabalho semelhante está sendo realizado em Aparecida. No município, os bairros que apresentam os maiores índices de foco da dengue são Buriti Sereno, Tiradentes, Cidade Livre, Independência Mansões e Garavelo. A equipe que atua no combate ao Aedes Aegypti na cidade é composta por 500 servidores entre agentes comunitários de saúde, de endemias, funcionários de outras pastas e militares do Corpo de Bombeiros. “A cidade possui 258 mil imóveis, já conseguimos visitar mais de 90%, acreditamos que até esta sexta-feira atingimos os 100%”, afirma a superintendente de Vigilância em Saúde de Aparecida, Suzana Negraes.Nas duas cidades, as superintendentes afirmam que a maioria dos focos está nas residências e nos locais de trabalho, onde há circulação constante de pessoas. “É preciso que a população se conscientize. Os agentes visitam os imóveis, detectam os focos, limpam e quando voltam em cinco dias acabam encontrando focos em outros pontos”, afirma Suzana.Ela destaca ainda a situação das borracharias e de onde há entulhos. Segundo Suzana, as equipes recolhem os materiais, limpam e em alguns casos notificam. No entanto, quando as equipes retornam encontram mais entulhos e focos. “Após a notificação, quando é constatada a reincidência, é aplicada a multa e, em caso de nova reincidência, o valor da multa vai dobrando. O valor inicial da multa é de 400 reais, podendo checar até 800 reais, dobrando de valor de acordo com cada caso”.O morador também pode entrar em contato e solicitar uma visita dos agentes ou denunciar os focos. Em Aparecida, o número é o 0800646-2500 ou através do aplicativo Xô Aedes. Na capital, o contato é através do Disque Aedes pelos números 3524-3125 ou 3524-3131. A superintendente de Vigilância em Saúde de Goiânia lembra que qualquer recipiente pode se tornar um foco da dengue. “Um brinquedo velho é um exemplo de um criador móvel. Já os fixos como ralos de cozinha e banheiro a orientação é colocar uma tela por baixo ou fechar se for possível”.No Rio, Fiocruz testa bactéria em mosquitoMosquitos Aedes aegypti infectados com a bactéria Wolbachia serão liberados em fevereiro em mais 14 bairros da zona norte do Rio de Janeiro, em nova etapa de experimento coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O objetivo é o cruzamento com insetos infectados com os que estão na natureza, substituindo a população original.A bactéria não faz mal ao organismo humano e tem a capacidade de bloquear o ciclo da zika, da dengue e da chikungunya no mosquito, responsável pela transmissão para o ser humano. Com a substituição, a tendência é a queda na incidência das doenças. Ainda não é possível afirmar que a bactéria pode impedir também o ciclo do vírus da febre amarela que circula no Brasil.O projeto da Fiocruz Eliminar a Dengue: Desafio Brasil está de olho no possível aumento de casos das doenças nos meses mais quentes e chuvosos do verão, conforme alertou a Secretaria Estadual de Saúde. Na primeira etapa, em agosto de 2015, foram soltos mais de 3 milhões de mosquitos com Wolbachia em Tubiacanga, na Ilha do Governador, na zona norte, e em Jurujuba, em Niterói, na região metropolitana. As áreas foram escolhidas por fatores científicos e, não endêmicos. Ambas são pequenas vilas de pescadores próximas ao mar.O médico Rivaldo Venâncio, coordenador de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fiocruz, especialista em arboviroses, destacou que, no momento, é o método mais moderno e inovador para combater as doenças mencionadas. “Estávamos combatendo a dengue, em 2017, com fumacê, larvicida, como na época de Oswaldo Cruz. Mas o País mudou.” (Agência Estado)