A denúncia contra o promotor de Justiça de Anápolis, Marcelo Henrique dos Santos, suspeito de participar de esquema que resultou em desvio de dinheiro da Universidade Estadual de Goiás (UEG), foi aceita por unanimidade pela Corte Especial do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO). Ele teria, conforme a investigação do Ministério Público de Goiás (MP-GO), se beneficiado com um carro de luxo, uma viagem para a Europa com a família e mais R$ 98 mil por ter ajudado e facilitado, em 2010, a contratação indevida feita pela UEG dos serviços da Fundação Universitária do Cerrado (Funcer), atualmente chamada Fundação Universitária de Apoio Integral ao Ser (Funser). O contrato celebrado, na época, foi de R$ 10 milhões. O valor atualizado, segundo o MP, seria de quase R$ 26 milhões. O dinheiro serviria para desenvolver um programa estadual de capacitação em software, algo que, como apurado posteriormente, a fundação não possuía experiência para executar. Tudo isto, no entanto, foi ignorado graças a um esquema que teria contato com a validação do promotor, que atuava na 9ª Promotoria de Justiça de Anápolis, responsável pela curadoria de fundações e entidades do terceiro setor, e conivência do então reitor da UEG, Luiz Antônio Arantes, que teria dispensado a licitação fora das hipóteses previstas em lei e, com isso, permitido a contratação da Funcer. A denúncia do MP esmiúça o caso, demonstrando que a presença de um promotor de Justiça participando de reuniões e acompanhando o caso tinha a intenção por parte do esquema de dar aparência de legalidade e legitimidade às atividades ilícitas cometidas, além de assegurar que tais atividades não fossem alvo de fiscalização ou investigação. O grupo, segundo a investigação, era formado por cinco frentes: presidência, diretores, assessoria jurídica, agentes públicos, que são os servidores da UEG, e o falso fiscal, função que seria exercida pelo promotor Marcelo Henrique.O advogado que o representa, Alexandre Iunes Machado, diz que recebeu com naturalidade a aceitação da denúncia, por se tratar de procedimento de praxe e enfatizou que isso não representa nenhum juízo condenatório e que no julgamento o cliente provará sua inocência. O promotor segue afastado da função desde 2017.