-Imagem (1.1405010)Policiais militares são investigados por suspeita de terem matado duas pessoas e forjado a cena do crime. O caso aconteceu em Senador Canedo no final da tarde do último sábado (25), durante uma perseguição a um Gol branco roubado, que estava com um refém no banco do motorista e um assaltante no passageiro. Dois policiais envolvidos no caso deram um total de 19 disparos contra o carro. Eles alegam legítima defesa em uma situação de troca de tiros, mas novas imagens de uma câmera de monitorando deixam claro que um PM entrou no veículo roubado após o suposto confronto e deu tiros em seu para-brisa de dentro para fora.Segundo boletim de ocorrência (BO), os dois policiais responsáveis pelos disparos que mataram o refém, o auxiliar de produção Tiago Messias Ribeiro, de 31 anos, e o assaltante, um adolescente de 17, foram o segundo sargento Gilmar Alves dos Santos, de 39 anos, que atirou 12 vezes e Paulo Márcio Tavares, de 29 anos, autor de sete disparos. O adolescente teve várias perfurações no corpo e Tiago uma no peito.Gilmar e Paulo formavam uma equipe com mais dois PMs e desciam a avenida Dom Emanuel, embarcados em um veículo do Grupo de Patrulhamento Tático (GPT), após receberem um aviso de roubo de carro pelo rádio. Quando chegaram à esquina da avenida Progresso se depararam com o Gol roubado, próximo a um shopping, uma das regiões mais movimentadas de Senador Canedo.A versão dos policiais descrita no BO fala que a equipe desceu da viatura, deu voz de parada ao veículo roubado e foi recebida a disparos de arma de fogo. No entanto, no final da tarde, a Polícia Civil divulgou um vídeo que mostra os policiais do GPT descendo da viatura já efetuando disparos. Uma câmera giratória da Prefeitura da cidade flagrou os instantes seguintes ao tiroteio, onde policiais mudam a cena do crime. Nas imagens, divulgadas nesta terça-feira (28), é possível ver um PM manuseando no corpo do assaltante, já morto do lado de fora do carro e, em seguida, um outro policial vestido de preto entra no veículo roubado e dá vários tiros em seu para-brisa de dentro para fora. Toda a ação acontece na luz do dia, com diversos pedestres ao redor.A ação foi considerada fraude processual pelo delegado que está coordenando a investigação do caso, Matheus Noleto, do Grupo de Investigação de Homicídios (GIH) de Senador Canedo. “Aquelas imagens indicam que houve uma alteração do local. Eles afirmam que houve resistência seguida de morte. Se houve troca de tiros ou não, isso será demonstrado pelas investigações”, afirmou em coletiva de imprensa na manhã desta terça.A pena para esse tipo de crime, que é quando se tentar induzir a erro o juiz ou perito, pode variar de três meses a dois anos de detenção e multa.A câmera da Prefeitura não estava posicionada na direção da cena do crime no momento do tiroteio e flagrou apenas os momentos seguintes. Uma nova perícia será realizada no carro da vítima, que está apreendido pela Polícia Técnico Científica. Uma primeira perícia chegou a ser realizada no local do crime, mas foi prejudicada por conta da chuva e da iluminação. As armas usadas pelos policiais e a encontrada com o assaltante também estão apreendidas e serão periciadas.O adolescente que foi morto na ação ficou até a noite de segunda-feira no Instituto Médico Legal (IML) de Aparecida de Goiânia, quando foi reconhecido e retirado por familiares.