A velocidade média global dos ônibus do transporte coletivo na Região Metropolitana de Goiânia (RMG) é de 15,8 quilômetros por hora. Essa média, que é considerada muito baixa por especialistas em mobilidade urbana e transportes, cai para 9,5 quilômetros por hora quando se considera todos os elementos envolvidos, como o deslocamento até o ponto de ônibus, tempo de espera pelo veículo, duração da viagem em si e deslocamento até o destino. Todos esses fatores fazem com que o tempo médio de cada viagem na RMG seja de 80 minutos, revelou o estudo técnico do Novo Plano Operacional da RedeMob Consórcios, apresentado no seminário Mobilidade urbana/Transporte coletivo realizado pelo jornal O POPULAR no dia 28. E se forem a fluidez dos ônibus melhorasse 10%, quais seriam as consequências para os usuários?Esse foi o questionamento feito pelo diretor-executivo da RedeMob, Leomar Avelino, no seminário. O resultado dos estudos técnicos foi surpreendente. O incremento de 10% na fluidez dos ônibus representa quase um milhão de horas economizadas pelos usuários por mês; mais de 300 mil novas viagens por ano, sem aumentar um ônibus na frota atual; mais de 27,5 milhões de novos lugares disponibilizados para os usuários por ano, além da redução de 12,5% na lotação. “O reflexo na qualidade dos serviços, com esse ganho de 10%, é muito significativo”, alerta Avelino. Os dados foram obtidos a partir de simulações técnicas feitas pelo setor operacional do consórcio, com base nas condições reais e atuais.“Quando falamos em melhor fluidez, muitas vezes as pessoas confundem, pensando que estamos olhando só para o lado das empresas, mas se esquecem que dentro de cada ônibus estão, em média, 70 pessoas. É para essas pessoas que o transporte precisa ser priorizado e melhorado”, propõe o executivo da RedeMob. Medidas como faixas preferenciais e exclusivas para os ônibus são apontadas não só como eficazes, mas também como de necessidade urgente. Foram a solução adotada pela maior cidade brasileira, São Paulo, para não parar. “Já que o transporte coletivo tem um papel tão fundamental, precisa ser priorizado”, alertou Avelino.Nem só de ações dispendiosas é feita a fluidez do transporte coletivo nas ruas das grandes cidades. Medidas simples, como a sincronização dos semáforos, são extremamente eficientes e praticamente sem custo para o órgão gestor de trânsito. Para Avelino, as soluções para a mobilidade devem estar assentadas sobre três pilares principais: transporte coletivo, trânsito e uso e ocupação do solo. “Na prática, o trânsito na Região Metropolitana está cada vez pior e não vislumbro nenhuma ação concreta para melhorar essa situação”, diz. Ele acredita que é preciso aumentar a fiscalização, inclusive sobre carros estacionados em pontos de ônibus, o que faz com que os veículos do transporte coletivo atrapalhem o trânsito e até provoquem acidentes. “Muitas coisas não dependem apenas de dinheiro, mas também de vontade”.Sobre o uso e ocupação do solo, o diretor do consórcio que opera na RMG aponta o espraiamento da cidade como um dos fatores que encarecem o transporte e reduzem sua eficiência, já que é mais difícil e caro levar o serviço para bairros distantes e sem infraestrutura. O ideal seria o adensamento ao longo dos corredores de trânsito e transportes, como orienta o Plano Diretor de Goiânia. Avelino também defendeu a integração do sistema, que faz de Goiânia uma referência em transporte coletivo no Brasil, e apontou dados sobre os prejuízos que haveria para os usuários caso ela acabasse, entre eles, um aumento estimado em 40% no valor da tarifa.Demandas dos usuários são analisadasO tempo de deslocamento dentro veículo do transporte coletivo é um atributo de grande valor, que tem relação direta com o conforto para o usuário, alerta o consultor Arlindo Fernandes, diretor da Oficina Consultores associados, que fez o estudo sobre o Novo Plano Operacional para o Consórcio RedeMob.“Quando defendemos a prioridade para o ônibus, isso tem de ser compensado dentro da circulação urbana, não apenas com corredores”, explica. Com a política de prioridade, será possível desenhar novas linhas, planejar mudanças. Ele lembra que uma cidade do tamanho de Goiânia é formada por várias “Goiânias”, com comportamentos geográficos e desejos de viagens diferentes.Fernandes reconhece que “ninguém está satisfeito” com o sistema atual. “Estamos interpretando os dados que colhemos para descobrir possibilidades que serão propostas”, justifica o especialista.