O fim do fornecimento do serviço de controle de parte dos semáforos de Goiânia tem afetado todo o sistema de sincronismo e inviabilizado o monitoramento por parte da Secretaria Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade (SMT). De 684 cruzamentos semafóricos da cidade, o software fornecido pela empresa paranaense Dataprom, que cancelou o acesso dos engenheiros da SMT à tecnologia diante da falta de pagamentos da Prefeitura desde agosto do ano passado, regula a sincronia de 609, ou seja, 89% do total.Os outros 75, localizados na Avenida 85, parte da Avenida T-9, T-4 e Cora Coralina são monitorados pela SMT, com tecnologia própria, podendo ser adaptados de acordo com a necessidade. Eles, no entanto, representam uma quantidade ínfima do total, insuficiente para desviar dos efeitos da falta de sincronia do restante dos semáforos da cidade. O responsável pelo controle semafórico na SMT, o engenheiro eletricista Carlos Alberto de Miranda, disse ontem ao POPULAR que é impossível evitar as consequências nessas vias.“Você pode estar com a 85 sincronizada, mas aí você tem carros chegando de tudo que é lado, sem que haja um controle que complementa o já realizado na avenida, ou seja, você perde tudo”, diz ele, referindo-se, inclusive, à agilidade do corredor preferencial de ônibus, que estaria, na visão dele, sendo o mais prejudicado. “Se você está acostumado a fazer a viagem de acordo com abertura dos semáforos e, de repente, você não tem mais o controle, perde todo o sincronismo, perde as ondas verdes e perde tempo. Hoje está sem onda verde na cidade”, afirma.O tempo maior da viagem de ônibus é uma das consequências possíveis dessa situação. Miranda destaca que, dependendo da rota, a linha pode estar demorando até 20 minutos mais para concluir o trajeto. “Você perde 10 segundos num primeiro semáforo, 15 no outro e vai indo até gerar um atraso grande.”A Redemob Consórcio, responsável pelo serviço de transporte na capital, chegou a destacar em nota, em resposta a reportagem publicada pelo POPULAR no dia 24 de fevereiro, que a falta de sincronia afeta a fluidez do trânsito.Para efeito de comparação, os técnicos do consórcio fizeram análise do desempenho de uma linha de ônibus específica antes e depois do fim das ondas verdes. Os dados estão prontos, mas, procurada pelo POPULAR, a Redemob não conseguiu enviá-los até o fechamento da edição, pois precisava de autorização para divulgá-los.DependênciaO problema começou a ser vivenciado na semana passada, quando a empresa cancelou o acesso ao software e escancarou a dependência da SMT de uma tecnologia de protocolo fechado. Para acessá-la, é preciso obter uma chave de liberação, que, segundo Miranda, vinha sendo renovada mensalmente, conforme os pagamentos eram feitos pela Prefeitura. “Eles até aceitavam dois, três meses de atraso, mas ficou muito tempo sem pagar”, conta o engenheiro, que frisa a urgência de a SMT contratar um serviço de protocolo aberto, adquirindo um software próprio ou não depender de algo externo.O projeto de implantação dos corredores de ônibus é algo que vinha fortalecendo a esperança dos engenheiros da SMT em finalmente implantar um sistema de protocolo aberto. Até porque, isso seria elemento básico para, assim como é feito na Avenida 85, garantir a eficácia elementar da proposta que é diminuir o tempo de viagem do transporte coletivo e dar maior fluidez ao tráfego. “A intenção seria implantar o controle por fibra óptica. Isso faz parte do projeto, mas tudo está em função da continuidade dos corredores ou, caso contrário, ficaremos nessa”.A possibilidade de adaptação do sistema garantiria a unificação de todo o controle semafórico, sem que este seja dividido em parte totalmente monitorada pela SMT e a outra com um participante externo, que é o caso da Dataprom. Isso inviabiliza o retorno de informações em tempo real, minimizando as possibilidades de adequações e complicando ainda mais o cenário da engenharia de campo feita hoje pela SMT, que conta com apenas três profissionais nesta área. O contrato que está em vigência entre a Prefeitura e a Dataprom é de cinco anos, válido até o final de 2017.