Tanto a ação do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), acatada pela Justiça, quanto a perícia da Delegacia Estadual do Meio Ambiente (Dema), que embasou o pedido, apontam a ampliação da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Hélio Seixo de Britto como solução para que o esgoto de Goiânia seja tratado de maneira mais efetiva. A Saneago informa que as obras de implantação do chamado tratamento secundário na unidade, responsável pela coleta de esgoto de 835 mil habitantes da capital, foram retomadas na primeira quinzena de julho, após quase dois anos paradas.A obra, de acordo com a companhia, está em fase de escavação para a instalação de aeradores e decantadores. A previsão é que, em até 60 dias, seja iniciada a construção da parte estrutural. Ao todo, serão construídos seis tanques de aeração, quatro decantadores secundários, duas elevatórias de recirculação e duas centrífugas de adensamento de lodo, além de redes e ligações no Jardim Petrópolis.Atualmente, a ETE faz apenas o chamado tratamento primário. Na perícia, a Dema informou que esse procedimento conseguia limpar 38% da carga orgânica do esgoto recolhido da capital. Na época, a Saneago rebateu e alegou que esse índice era de 50%. Nesta quarta-feira (5), a companhia afirmou ter feito mudanças no processo, que ampliaram a eficiência para 60%, atingindo o índice exigido por lei. Mesmo assim, 40% da água que é despejada no Rio Meio Ponte ainda contém impurezas.O tratamento inadequado da ETE foi apontado pela investigação como uma das causas do mau cheiro na Região Norte da capital, banhada pelo Meia Ponte. Com a implantação do tratamento secundário, a promessa é alcançar o índice de 90% de remoção de carga orgânica.HistóricoInaugurado em 2003, a Estação de Tratamento de Esgoto Doutor Hélio Seixo de Brito entrou em operação em 2004. O licenciamento ambiental da ETE já previa obras de ampliação a serem entregues em 2010/2011.Em 2008, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) foi firmado entre a Saneago e o Ministério Público do Estado de Goiás ( MP-GO) e já solicitava esta ampliação. Mas ela só foi licitada dez anos depois que a ETE entrou em operação, em 2014.A previsão de conclusão era no final de 2015, mas ainda estava em obras em meados de 2016. Nesta época, o Ministério das Cidades suspendeu a verba de R$ 100 milhões do projeto devido à Operação Decantação. A ação do Ministério Público Federal (MPF) apurava superfaturamento das obras e chegou a prender o ex-presidente e um diretor da companhia.A verba somente foi liberada em julho passado, quando o ministro Alexandre Baldy (Cidades) esteve em Goiás e assinou, junto com o governador José Eliton (PSDB), a autorização para a ampliação da ETE-HSB. No total, R$ 98 milhões foram repassados provenientes do Orçamento Geral da União.