Nove pessoas foram presas, entre eles o bispo de Formosa, Dom José Ronaldo Ribeiro, durante a Operação Caifás, deflagrada na manhã desta segunda-feira (19) pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO). A ação, que tem como objetivo desarticular uma quadrilha suspeita de desviar recursos da Igreja Católica, também cumpre mandados de busca e apreensão naquele município, em Posse e em Planaltina. De acordo com o MP-GO, o grupo alvo da operação desviava recursos da cúria (administração central) da Diocese da Igreja Católica de Formosa, bem como de algumas paróquias ligadas a ela em outras cidades. Os recursos eram provenientes de dízimos, de doações, de taxas como batismo e casamento, e de arrecadações festivas de dinheiro proveniente de fiéis. O caso foi mostrado com exclusividade pelo POPULAR na reportagem Fiéis protestam por transparência em contas de igreja, no dia 11 de dezembro do ano passado. No dia 14 de dezembro, os fiéis protocolaram uma nova denúncia no MP-GO, onde apontaram as irregularidades que estariam acontecendo pelo menos desde 2015.A Diocese de Formosa é composta por 33 igrejas em 20 municípios da região. Segundo os membros do episcopado do Entorno do Distrito Federal, desde que o bispo assumiu, em janeiro de 2015, ele não apresenta registros de gastos da cúria, nem onde foram aplicados os recursos conquistados nas três últimas grandes festas da Catedral. Por conta da falta de transparência, os católicos organizam o manifesto Janeiro em Branco, que consistia na não devolução do dízimo até que o bispo prestasse contas sobre os gastos.Dentre os mandados previstos, estão sendo cumpridos 9 de prisão e 10 de busca e apreensão, todos contra lideranças religiosas ou administrativas ligadas à Igreja Católica. São nove de prisão e cinco de busca e apreensão em Formosa; três de prisão e quatro de busca e apreensão em Posse; e um de prisão e um de busca e apreensão em Planaltina.A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), com sede em Brasília, ainda não se manifestou sobre o caso. De acordo com a Assessoria de Imprensa da instituição, assessores jurídicos estão analisando a denúncia para depois formularem uma nota oficial.A operação tem a coordenação dos promotores de Justiça Fernanda Balbinot e Douglas Chegury e conta com a atuação de mais dez promotores, com apoio do Centro de Inteligência (CI) do MP-GO, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Entorno do Distrito Federal, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI-MP), além da Polícia Civil e da Polícia Militar.