Apesar de serem uma minoria, alguns empresários do centro histórico de Goiânia não esperaram a aprovação leis de incentivos para valorizarem os imóveis em que os comércios se encontram e promover uma despoluição visual pontual, mas de impacto. São poucos estes estabelecimentos, mas suas iniciativas causam impacto na região em que estão localizados. O POPULAR encontrou pelo menos quatro casos em que as mudanças foram maiores até do que as previstas em projeto de lei do programa Reviva Goiânia, encaminhado pela Prefeitura para a Câmara Municipal no mês passado. Neste projeto, o executivo municipal visa regular os engenhos publicitários dos comércios.Um dos estabelecimentos que investem há mais tempo na valorização do imóvel é a Farmácia Artesanal, que funciona no centro há 30 anos e em 2012 resolveu mudar toda a fachada. “A fachada do prédio era toda tampada com faixas, assim que retiramos, vimos que tinha uma arquitetura bonita e a Art Déco foi o que chamou muita atenção”, conta o farmacêutico e diretor geral do estabelecimento, Evandro Tokarski, de 63 anos. “Sempre achei muito bonito. Quem não tem um passado não constrói o futuro.” Ele diz que a motivação para a reforma veio da vontade de valorizar o patrimônio original. A “reinauguração” ocorreu no mês de aniversário da capital.A proposta de recuperação arquitetônica incluiu também a requalificação da calçada e a estratégia de sinalização da fachada. “Escolhemos letreiros de dimensões reduzidas de forma a preservar a visualização do imóvel e a contribuir com a limpeza visual da cidade”, explica a arquiteta Janaína de Castro, responsável pelo projeto. Ela já acompanhou outras obras do tipo desenvolvidas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). “Fomos motivados pela real necessidade que existe na área de preservação da história da capital goiana e pelo desejo de disponibilizar esse patrimônio para a comunidade em geral”, destaca Tokarski.A comerciante Flávia Alessandra de Morais, de 42 anos, também resolveu investir na valorização do imóvel onde fica sua loja de roupas e acessórios, na Avenida Anhanguera. Ela e a sócia vêm fazendo mudanças no estabelecimento há algum tempo. “Nós precisamos nos adequar até mesmo ao estilo que nossa loja propõe, já que a gente atende um público mais preocupado com essas questões históricas. Sem contar a parte estética”, explica. Flávia diz que não coloca placas na calçada e nem enche as paredes de anúncio. Segundo ela, os clientes que frequentam sua loja estão atrás de peças de qualidade e não é qualquer tipo de publicidade que os atrai. “Vale a pena.”Tokarski afirma que chegou a apresentar o projeto de revitalização à Prefeitura e que, na época, não houve nenhum interesse de apoio da administração. Segundo ele, o investimento financeiro feito na reforma foi compensado pelo retorno “muito bom” do público. “As pessoas no dia da inauguração vieram vestidas a caráter da época de 1945 e sempre loja elogiam a loja”, relembra. “Essa área do Centro era uma área muito nobre, tinha a feira coberta com uma beleza espetacular. Lamento que nossa iniciativa na época não encorajou outros comerciantes.”Sindicato diz que cada caso deve ser avaliadoO vice-presidente do Sindicato do Comércio Varejista no Estado de Goiás (Sindilojas-GO), José Carlos Palma Ribeiro, afirma que a questão da despoluição visual no comércio de rua tem sido muito debatida, mas ainda espera que os vereadores ao analisarem o projeto de lei do programa Reviva Goiânia busquem defender “não só a cidade, mas o desenvolvimento”.“Temos que analisar casos diferentes. De fato temos prédios com fachadas históricas, mas tem muitos que não são assim. Na Rua 8, tiraram os letreiros e logo picharam toda a fachada”, conta Ribeiro. Contudo, segundo ele, os comerciantes afirmam ter interesse em se adequarem à lei.É o caso do gerente de uma filial de loja de enxovais na Avenida Araguaia, Geverson Ramiro. Ele lamenta a perda de visibilidade publicitária das fachadas, mas garante que vai seguir as normas. “A redução no tamanho das fachadas causaria um impacto, porque nossa fachada é bastante imponente”, diz.De acordo com o projeto, será isento por um ano de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) quem regular a fachada do imóvel e por dois anos quem ainda reformar e pintar o prédio. A Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Habitação (Seplanh) explica que, a proposta de isenção de dois anos do imposto foi do setor empresarial e a pasta adicionou a ressalva de reformar o edifício. A expectativa é que o projeto de lei seja aprovado ainda este ano e até o final de 2019 todas as fachadas estejam revitalizadas. Se aprovado, os comerciantes têm até essa data para se adequarem a nova lei, cujas multas variam entre R$ 500 e 2 mil.A intenção das mudanças, segundo a pasta, é valorizar o Núcleo Pioneiro da capital, que é definido em lei federal e abrange todo o Setor Central, parte da Avenida Anhanguera e do Setor Campinas, na região da Avenida 24 de Outubro e Praça Joaquim Lúcio.-Imagem (Image_1.1665640)-Imagem (Image_1.1665642)