Um encontro inesperado, motivado por uma boa ação, ocorreu no início desta semana, em Goiânia, e desencadeou uma corrente positiva nas redes sociais. Ao encontrar uma carteira caída sobre uma calçada no Setor Oeste, na última segunda-feira, e devolvê-la, o marmoreiro Marcos Rodrigo Nunes, de 46 anos, não pretendia ser reconhecido como benfeitor. No entanto, uma publicação feita pelo dono do objeto, o jovem pecuarista Honorio Babinski, de 23 anos, na rede social Twitter, deu outro desfecho à história.No curto texto publicado na terça-feira, Honorio escreveu: “O Rodrigo achou minha carteira e conseguiu me localizar pra devolver ela (tinha 1200 reais dentro). Quero ajudar pelo menos achando clientes para ele (sic)”. A intenção, dizia, era “divulgar um trabalhador honesto”. Para isso, informou especificações do trabalho de Rodrigo, como o homem é mais conhecido, e seu telefone.O pedido por divulgação deu certo e, até o fechamento desta edição, o conteúdo havia recebido mais de 6 mil “curtidas” e sido compartilhado mais de 4 mil vezes. Até a tarde desta quinta-feira (16), ao menos uma possível cliente já havia entrado em contato por meio do número divulgado por Honorio.“Isso é uma coisa que me emociona. Eu não esperava isso. A gente vê como o nosso País está desacreditado”, diz Rodrigo, com brilho nos olhos. “Eu fiz uma coisa simples. É algo que se aprende logo cedo, com a família. É de caráter. Essa quantidade de gente aí mostra que o povo está sedento por coisas boas nesse Brasil”, continua ele.Para Honorio, a repercussão deve-se ao fator “inusitado” que a situação ganhou nos dias atuais. “Hoje, o normal é que uma carteira não volte ao dono. Mas o ser humano gosta de boas ações, gosta quando alguém faz algo de coração. Eu não tinha ideia de onde tinha deixado minha carteira. Dei sorte de ter sido ele a pessoa a encontrá-la”, diz o jovem, que comentou a intenção que teve ao contar o caso em seu perfil na internet. “Eu só queria retribuir. Se meia dúzia de amigos meus conseguissem divulgá-lo de algum jeito, eu já estaria feliz”.DecisãoCiente de que fez a coisa correta, Rodrigo reflete sobre os motivos que o levaram à atitude tomada nos últimos dias. No momento em que se deparou com o objeto, o homem, que trabalha com marmoraria, construção civil, pintura e instalações elétricas, se deslocava entre um trabalho e outro e pensava sobre os problemas vividos pela família, segundo conta.Naquele dia, relembra ele, caminhava de cabeça baixa, observando cada pedaço do caminho pelo Setor Oeste, na capital, enquanto pensava na burocracia que enfrenta para regularizar a documentação da casa simples em que vive com a mulher e as filhas, no Setor Jardim Europa, na região Sudoeste de Goiânia. O dinheiro a ser gasto, segundo afirma, é alto e mais trabalho será necessário para obtê-lo.Religioso, católico praticante, como toda a família, Rodrigo, pediu a Deus uma resposta no momento de dificuldade. Logo, no meio do caminho, surgiu o inesperado: uma carteira, caída sobre a calçada, continha R$ 1.200.Segundo o trabalhador, o pensamento inicial foi de questionamento. “Me perguntei o que Deus queria me dizer com aquilo”, lembra ele. A princípio, conta, evitou abrir o objeto, guardou consigo no bolso e seguiu viagem rumo ao outro local em que trabalharia. Durante o dia, porém, lembrou-se várias vezes do achado e das contas para pagar.Ainda sem saber direito o que tinha em mãos, Rodrigo chegou em casa e compartilhou o ocorrido com a mulher, a professora Susana Alvarenga Nunes, de 41 anos. Ali, descobriram que havia uma grande quantidade de dinheiro e, também, que o objeto pertencia a Honorio Babinski, em cuja carteira havia documentos.“A minha filha logo disse que aquilo parecia uma prova, uma tentação”, relembra o trabalhador. “Em seguida, ela procurou o rapaz na internet e o encontrou. Procuramos algumas pessoas, até que chegamos a ele, no dia seguinte”, continua.Com humildade, o marmoreiro atribui à mulher e às filhas a decisão pela atitude correta. Susana, no entanto, garante que, por mais que a lembrança das dificuldades tenham batido à porta na situação, o marido seguiu o próprio coração. Por telefone, o trabalhador recebeu da mãe um recado recheado de orgulho. “Ela disse que sabia que eu faria a coisa certa, pois foi o que me ensinou”, compartilha ele, que continua: “As pessoas podem se lembrar de mim por seus motivos, mas nunca vão poder dizer que roubei alguém”.O destaque obtido pela história, segundo Rodrigo, demonstra o retorno que pediu em suas orações. “Me emociono com isso. Deus tem me abençoado em tantas coisas e mesmo assim eu ainda murmurava. A resposta veio”, afirma.Agora, o marmoreiro torce pelo retorno de bons ventos no trabalho. No passado, diz ele, já contou com uma equipe de três funcionários. Desde o mês de julho, porém, é o salário de Susana, que atua na rede municipal de ensino, que paga as contas. Os planos da família, dizem eles, são os de poder, enfim, reformar a casa em que vivem, como sempre sonharam. “Eu poderia falar sobre sonhos mais altos, mas vivemos a realidade”, finaliza Rodrigo. O Rodrigo achou minha carteira e consegui-o me localizar pra devolver ela (tinha 1200 reais dentro)Quero ajudar pelo menos achando clientes para eleRT para divulgar um trabalhador honesto:MarmorariaElétricaPedreiroPinturaRodrigo 62 9646-8929— Honorio (@honoriobabinski) August 14, 2018