O médium João Teixeira de Faria, o João de Deus, disse nesta quarta-feira (26) em depoimento ao Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) que sofre de disfunção erétil por causa do câncer que ele teve no estômago, contestando parte dos relatos das supostas vítimas de assédio sexual, segundo um dos advogados que fazem sua defesa, Alex Neder. “O João teve um processo, que ele teve câncer, um problema em que ele tem disfunção erétil há anos. Isso está no depoimento dele. Ele teve que falar isso, que é da intimidade dele, para demonstrar que nem se ele quisesse ele teria possibilidade dele fazer isso (os abusos). Fisiologicamente, de saúde, ele não tem condição”, disse o advogado.Questionado sobre há quanto tempo seu cliente teria tal problema, ele disse não poder quantificar, por não ter o depoimento em mãos. O depoimento durou mais de duas horas,João de Deus tem uma filha de três anos, que inclusive seria um dos motivos da situação que eles se encontra no presídio, considerada preocupante por seus defensores. “Ele está abatido, natural porque nunca foi preso, está longe da família justamente nesta época, de fim de ano, de Natal, tem uma filha de três anos e, outra coisa, tem raízes onde ele mora em Abadiânia, há 40 anos”, pontuou o advogado.O depoimento, que ocorreu na sede do Ministério Público, foi dado aos promotores Luciano Miranda Meireles e Paulo Eduardo Penna Prado, integrantes da força-tarefa que investiga as denúncias de abusos sexuais recebidas contra o médium.Neder ressaltou que João de Deus respondeu aos promotores todas as perguntas que foram feitas, “de uma forma muito clara e objetiva” e elogiou a atuação do MP. “Ele negou peremptoriamente ter praticado os fatos que as supostas vítimas denunciaram. Disse que nem se lembra dessas pessoas, não conhece essas pessoas, que jamais praticou esses fatos. Essa é a posição dele. Respondeu todas as perguntas dos dois promotores, que por sinal agiram com muita correção, com muito profissionalismo. O Ministério Público foi muito profissional, muito correto, permitiu que nós nos avistássemos com ele, conversasse antes. Um respeitando o trabalho do outro.”Principal advogado da defesa do médium, Alberto Zacharias Toron acompanhou o depoimento junto a Neder e pontuou a falta de referências sobre as vítimas. “Ele ressaltou que eram atendidas muitas pessoas e que era impossível hoje fazer a lembrança pelo nome. Mesmo porque não foi mostrada nenhuma fotografia”. Toron disse ainda que o líder espiritual não foi questionado sobre as armas ou dinheiro apreendido, mas que responderia às perguntas se elas tivessem sido feitas.O advogado afirmou que não sabe ainda sobre quais casos o Ministério Público oferecerá denúncia. Sendo assim, a defesa vai aguardar para definir os próximos passos. “A principal peça de um processo é exatamente a denúncia. Aqui são delimitados os fatos e discriminadas as vítimas”, relatou.Até o momento, 600 contatos chegaram ao MP-GO e 260 foram identificadas como vítimas. Destas, 78 já prestaram depoimentos ao Ministério Público.