Uma denúncia de estupro será investigada pela Polícia Civil de Goiás. A história que foi divulgada inicialmente com um motorista de aplicativo de transporte de passageiros como autor do crime durante uma corrida teve sua versão alterada quando a própria vítima disse que saiu com o rapaz, de 26 anos, apenas para conversar e que ela teria sido obrigada a ter relações sexuais com ele. No início da noite, o homem foi liberado da prisão porque mensagens trocadas pela mulher e pelo motorista mostram conversas constantes entre os dois.Para a reportagem, a jovem disse que em nenhum momento consentiu com as relações sexuais e que o homem ameaçou sua família, inclusive o filho de sete meses, caso contasse a história para a polícia ou para seus familiares. Advogado do homem, Christian Richard informou que deverá representar contra a mulher por denúncia caluniosa. “Meu cliente foi liberado da delegacia sem o flagrante e o caso será encaminhado para o distrito da região do fato. Mas as conversas mostram que ela consentiu, mas que, talvez por vergonha da mãe, por ter passado a noite fora sem avisar, inventou essa história”, relata.Na versão da mulher à reportagem, ela contou que estava na casa do sogro na última semana e solicitou uma corrida para ir para casa. Diz que conversou com o motorista e contou sobre alguns problemas que vem passando. “Ele (o motorista) se mostrou muito legal, um cara gente boa. Eu, então, o adicionei no Facebook. Logo depois eu mesma pedi o número do WhatsApp dele. Não vejo problema nisso e não é certificado de querer algo além de uma amizade”. A mulher disse que nas conversas que tiveram, combinaram de sair na condição de amigos. “Em nenhum momento eu disse que queria ter relação sexual ou algo do tipo. Eu queria conversar, apenas isso”, afirma.A mulher ainda contou que ele a buscou antes da meia-noite e sugeriu que saíssem para beber. “Eu aceitei sair e ele disse que teria que passar na casa dele para tomar um banho. Fomos para essa casa no Jardim Petrópolis”. A moça descreve que a casa é abandonada e não tem outros móveis além de uma cama. “A gente chegou ali e achei que fosse ser rápido, porque eu tinha que voltar para casa. Ele (o motorista) me ameaçou e disse que se eu contasse algo (sobre o estupro) para alguém, poderia fazer algo com meu filho, com a minha família, porque ele sabe onde eu moro”, relata.Ao chegar à Delegacia da Mulher (Deam), o homem foi conduzido por um policial militar, algemado, para prestar depoimento. Quando passou pela recepção da delegacia, o suspeito do crime disse que não houve estupro e que as conversas que manteve com a mulher revelam que as relações sexuais teriam sido consensuais. Os militares que atenderam a ocorrência, no entanto, estiveram no endereço onde o crime ocorreu. “Fomos acionados pela vítima por relatos de estupro. Se ela não consentiu, ocorreu o crime e agora ele está à disposição da Polícia Civil para apuração”, disse o subtenente Adailton Vidal.AplicativoA mulher procurou a Polícia Militar na manhã desta quarta-feira (31), depois de ter sido levada de volta para casa pelo próprio motorista. Ela afirmou à polícia e à reportagem que o crime não ocorreu durante uma chamada de corrida pelo aplicativo, mas para uma saída, como amigos. Perguntada sobre o motivo dessa primeira versão, ela disse não saber o motivo. “Depois de tudo que aconteceu, meu celular acabou a bateria e não consegui ligar para as pessoas me ajudarem. Depois disso ele dormiu e, quando acordou, me levou. Eu fui ameaçada para não contar sobre o ocorrido, mas quando cheguei em casa, desabei. Contei para minha mãe, chamamos a PM e fomos para a delegacia”, lembra.A Polícia Militar tomou conhecimento do caso e foi levada para o endereço pela vítima. A mulher também apresentou dados do homem e os militares o encontraram na mesma região. O subtenente Adailton Vidal informou que não houve resistência à prisão, mas que o homem negou o estupro. “Independente das versões, a denúncia precisava ser investigada. Uma peça de roupa íntima da mulher foi recolhida no endereço indicado e os militares apresentaram como prova de que a mulher esteve no local. Ela também passou por exames para comprovar a conjunção carnal.A Polícia Civil não se pronunciou sobre o caso na noite desta quarta-feira. A informação era de que o caso precisaria ser analisado com maior detalhamento para confirmações dos crimes que possam ter sido cometidos. No início da noite, agentes plantonistas confirmaram que o caso seria encaminhado nesta quinta-feira (1°) para a delegacia da região para continuidade das apurações.