-Imagem (Image_1.1443488)A Reforma Trabalhista entrou em vigor no final do ano passado com uma mudança que afeta diretamente a arrecadação das entidades de representação de classe: o fim da contribuição sindical obrigatória. Após nove anos de crescimento na arrecadação, sindicatos e centrais podem ter seu funcionamento inviabilizado com a perda da verba.Em Goiás, a medida impactou os sindicatos de maneira diferente. Alguns deles temem ficar inviabilizados, enquanto outros garantem ter outros meios de garantir sua sobrevivência.É o caso, por exemplo, da Central Única dos Trabalhadores (CUT), cujo presidente Mauro Rubem (PT) afirma que os sindicatos maiores organizam suas finanças em torno não da contribuição obrigatória, mas sim da voluntária. “No caso da CUT, o grosso da arrecadação é espontânea e nós inclusive defendemos há muitos anos o fim da contribuição sindical. Não da forma como foi feita, mas historicamente, esse imposto foi criado para amarrar sindicato ao Estado e os sindicalistas não queriam isso”, explicou.Outra questão que pode evitar um impacto muito significativo é que, segundo o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Pedro Alves, muitos dos sindicatos já tinham uma estrutura bastante enxuta. “Todos estão preocupados e vão ter que ter cortes de gastos, talvez tenham que se unir, mas eles, na maioria, não têm muitos funcionários.” Apesar disso, ele diz que alguns sindicatos devem ficar sem receita.No Sindicato dos Professores do Estado de Goiás (Sinpro) o quadro é mais grave, afirma o presidente Raílton Nascimento. “Nós perdemos em torno de 57% da nossa arrecadação. Antes mesmo de aprovar, já estávamos fazendo o estudo desse impacto, que nos obriga a fazer uma revisão dos nossos gastos para enxugar a equipe e diminuir as despesas”, pontuou ele. Na entidade, a redução no quadro de pessoal foi de 30%.SETOR PRIVADOPara Raílton, a reforma tem um impacto mais significativo para as entidades que, como o Sinpro, representam os trabalhadores do setor privado. “Há uma relação autoritária nesse setor e a nossa demanda já aumentou, porque alguns empregadores acham que a reforma permite a eles fazer o que quiserem”, declarou.Na Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), afirma a assessora jurídica Rosirene Curado, a nova realidade “causa certa inquietação”, mas pode ter um efeito colateral positivo. “Também é uma oportunidade para nos reinventarmos”, diz. Entretanto, há riscos de cortes e demissões. “Ainda não houve, mas estão sendo feitos estudos, porque eu enquanto sindicato sou empregador e para tanto eu tenho que fazer estudo de caixa. É uma realidade, não tenho como fugir disso”, admitiu.De maneira geral, os sindicalistas acreditam que o fim do imposto não vai enfraquecer as entidades. Para a tesoureira do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Goiás (Sintego) Iêda Leal, por exemplo, a medida pode na verdade beneficiá-los. “O governo quer intervir porque se incomoda e está achando que vai controlar o sindicato, mas pelo contrário. Isso não nos preocupa, vai aumentar nosso poder de articulação”, defendeu.SaídaPara conseguir se manter mesmo sem o imposto obrigatório, sindicalistas apostam no incremento do seu rol de serviços para conseguir manter e também atrair novos filiados. A assessora jurídica da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Rosirene Curado, afirma que o impacto pra quem tem uma gama de serviços variada é bem menor. “É preciso aumentar a oferta, inovar. Tenho que fazer do sindicato um lugar atrativo para o trabalhador”, opinou.Por outro lado, também é importante que os sindicatos ofereçam serviços relevantes para o empresariado, ressalta o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Pedro Alves. “Estamos procurando dar um apoio total aos sindicatos, mas a saída são os sindicatos laborais prestarem serviços às empresas”, opinou.Além disso, acrescenta o presidente do Sindicato dos Professores do Estado de Goiás (Sinpro), Raílton Nascimento, as dúvidas e reclamações surgidas com a reforma devem gerar um aumento da demanda, que o sindicato pode auxiliar a resolver. “Estamos firmes e acreditamos que esse contexto adverso vai passar”, finalizou. -Imagem (Image_1.1443489)-Imagem (1.1443512)