A partir do dia 5 de agosto, as contas de energia da Enel Distribuição Goiás, a antiga Celg, não poderão mais ser pagas nas casas lotéricas, nos correspondentes Caixa Aqui e nas agências bancárias da Caixa Econômica Federal. Com isso, haverá redução de 34,38% dos pontos físicos que os consumidores tinham como opção para realizar o pagamento. Sem 906 locais disponíveis com o banco no Estado, a distribuidora alega que manteve outros agentes arrecadadores, que somam ao todo 1.7 29. Esses locais são informados no site da Enel por cidade e bairro e são de farmácias a lojas e Correios. A mudança, anunciada na terça-feira (10), desagradou muitos consumidores. No setor Castelo Branco, onde reside a professora Vilma Bessa de Oliveira, de 59 anos, por exemplo, não há essa opção e ela tem dificuldades para pagar contas pela internet pela falta de habilidade e sensação de insegurança. “Sempre paguei tudo nas casas lotéricas. É o que tem perto de casa e agora não sei como vou fazer.” Para ela, é importante ver a conta impressa e conferir antes de pagar. “Vou ter de pegar o carro, pagar estacionamento e ir ao banco”, lamenta. O mesmo sentimento é compartilhado pelo marceneiro Marcelo da Silva Alves, de 44 anos. “Na lotérica, pago outras contas e não tenho de ir a bancos diferentes. Eu prefiro ir pessoalmente. Fiquei chateado com a mudança, porque só visam ao lucro deles”, reclama. Além dos consumidores, os lotéricos também estão preocupados com o fim do contrato da Enel com a Caixa, que ocorrerá porque a distribuidora não aceitou o reajuste de cerca de 30% proposto pelo banco na tarifa cobrada para receber as contas. “Impacta muito, principalmente no interior, que sobrevive de pagamento de saneamento e energia elétrica”, pontua a vice-presidente do Sindicato dos Empresários Lotéricos do Estado de Goiás, Gisana Mendonça.A diferença em cidades menores, segundo ela, é de até 70% no faturamento das casas lotéricas. “E elas pagam aposentadorias e benefícios, precisam do valor da Enel.” No caso dela, Gisana pontua que o impacto para a lotérica do Parque Amazônia, na capital, será de um funcionário a menos (cerca de R$ 2,2 mil por mês).”O processo de negociação não se esgotou entre a empresa e a Caixa e torcemos para que a situação se reverta.”Do total de 2,9 milhões de consumidores em Goiás, somente 220 mil pagam a fatura de energia por meio do débito em conta, que é outra opção informada pela companhia. Já no caso da alternativa dos agentes arrecadadores há cidades apenas com um ponto, são elas Bonfinópolis, que tem população estimada em 9.052 habitantes, Joviânia (7.468), Mairipotaba (2.432) e Aloândia (2.071).Conforme a gerente de atendimento do Procon Goiás, Rosânia Nunes, não há caracterização de má prestação de serviço já que há opções além das que foram canceladas. Porém, se não funcionarem o consumidor deve registrar reclamação. “É um modelo de negócio. Vamos acompanhar se vai gerar ou não prejuízos.” Para a advogada da Proteste, Lívia Coelho, a mudança é prejudicial já que como concessionária a Enel é obrigada a fornecer serviços seguros e a divulgação tem de ser ampla das opções de onde pagar a conta ou o consumidor também poderá buscar os órgãos de defesa do consumidor. -Imagem (1.1571505)