Num ano em que quase todos os setores da economia arrocharam o cinto, empresários afirmam que não conseguem arcar com mais um revés financeiro, oriundo da perda de até 15% dos incentivos fiscais para criação do Fundo de Estabilização Fiscal (FEF), sem gerar duras consequências. Segundo eles, o mais provável é que a medida resulte em consequências para todos os lados: demissões, perda de competitividade, queda nas vendas e, logo, menor arrecadação do Estado. O governo, por sua vez, já admite recuar em alguns pontos.Para os representantes do setor produtivo, o governo está certo em buscar o equilíbrio fiscal, mas o fato é que optou pelo caminho mais cômodo. E defendem que o correto seria um pacote de medidas propositivas com o intuito de incentivar a geração de mais negócios e atração de indústrias.O FEF e o projeto que eleva a contribuição previdenciária dos servidores do Estado de 13,25% para 14,25% foram os dois últimos projetos encaminhados pelo governo na quarta (14) à Assembleia Legislativa e que fazem parte do pacote de ajuste fiscal. Assim como servidores públicos, empresários reclamam que a decisão foi feita de forma arbitrária. A medida, com a qual o governo espera arrecadar R$ 86 milhões mensais, e já em tramitação na Casa, deve ir a votação na próxima semana. Ainda assim, os empresários acreditam que haja tempo para negociações. “Estamos encaminhando um pedido para o governador para que sentemos numa mesa e cheguemos a um denominador comum.Sempre foi assim, e acreditamos que haverá entendimento, sem atrito”, diz o presidente da Federação das Indústrias de Goiás (Fieg), Pedro Alves de Oliveira. Segundo Alves, o momento não é propício para “ajudar” o governo. Um sentimento comum a muitos pares.Empresários explicam que já vinham contribuindo com outros programas do governo do Estado, como o Fundo de Transportes, além do Fundo de Proteção Social do Estado de Goiás (Protege) - desde março deste ano. “Concordamos com uma nova contribuição, mesmo num ano difícil. Mas ele (governador) tinha acordado que seria até o fim do ano. Agora, fomos pegos de surpresa com uma medida com duração de 10 anos”, afirma o presidente executivo do Sindicato das Indústrias Farmacêuticas do Estado de Goiás (Sindifargo), Marçal Henrique Soares.Para Soares, há dois pilares para as medidas: a necessidade do governo de arrecadar mais e o fato de Goiás atualmente estar numa situação política de exemplo de austeridade. “O que nós não concordamos é mexer em contratos sem negociar”, afirma.Ele acredita que não há como fugir dos reflexos desse projeto, caso aprovado: demissão, perda de competitividade, queda de produção, faturamento e contribuição de impostos menores. “Tem que fomentar a economia e não reduzi-la”, defende.Para os empresários, não haverá debandada de empresas por conta dos altos investimentos nos parques fabris. Entretanto, o projeto gera insegurança jurídica a tal ponto que empresas já instaladas em Goiás devem buscar crescimento em outros Estados. “Já há empresas goianas investindo em outros lugares. E outras deixarão de investir por aqui”, diz Pedro Alves.