Na direção do pôr do sol, mas ainda com luz reluzente, ao som de assovios, aplausos, gritos e com direito a muitas selfies do público que se espremia no Porto de Aruanã, os 27 atletas – 23 homens e 4 mulheres – fecharam neste sábado (21) a 27ª Caminhada Ecológica, às 17h45, com o tradicional mergulho nas águas frias do Rio Araguaia, em Aruanã. Banhar-se nas águas do principal rio goiano virou uma espécie de ritual a cada temporada. É um encontro de cada um deles com experiências vivenciadas, lembranças duras das dores, bolhas, estresse, fadiga muscular, lesões. Além do grupo, as equipes de apoio também mergulharam. Extenuados, mas alegres, muitos choraram.“Vou voltar no próximo, me preparar para o outro depois do próximo. Enquanto tiver condições, quero vir”, disse a paranaense Sandra Luiza Rodrigues. Natural de Pérola d’Oeste, ela se diz simples atleta amadora. Em fevereiro, teve torção no joelho esquerdo. Fez tratamento, buscou informações sobre o evento, pegou orientação da atleta Rosimeire Sousa, uma das mulheres pioneiras da Caminhada Ecológica.Sandra se encantou com as recepções, o convívio com atletas, os medos, e também gostou da proposta do projeto, de lutar pela preservação da natureza. Era para fazer revezamento com outras atletas, mas ela teimou com a orientadora Rosimeire, a quem chamada de Malvada Favorita. Com tranças no cabelo, fez a maior parte do percurso na estrada. Chorou muito quando fechou o percurso de 39km, na manhã deste sábado, abraçada às outras mulheres do projeto, principalmente Suedina Gouveia Assis.Neste ano, a novidade foi que o locutor oficial do evento, Carlos Moreno, foi chamando cada atleta pelo nome, até para que cada um fosse visualizado e conhecido por pessoas que foram recepcionar o grupo de atletas em Aruanã, no período de alta temporada. As quatro mulheres foram as penúltimas a serem chamadas. Por último, bastante aplaudido, o representante de Aruanã e recordista da Caminhada Ecológica, João Batista Pereira de Souza. Ele completou 25 participações – só ficou fora de duas edições iniciais.Com quatro buquês de flores nas mãos, que carregou durante todo o trajeto para homenagear quatro mulheres de sua família, João Batista, de 52 anos, procurou na plateia por elas - a irmã Maria de Lourdes, a filha Cecília e a mulher, Maria de Fátima. Na próxima semana, colocará um buquê no túmulo da mãe, Filomena Nogueira.Antes do mergulho, próximo à igreja da Praça Couto Magalhães, pelas últimas vezes os atletas repetiram o grito que virou marca da 27ª Caminhada Ecológica, puxado pelo estreante Vitor Cleverson Alves Dantas. “Tem alguém cansado aí? Tem alguém com dor aí?”, gritava o exausto estreante, que foi marca de superação nos cinco dias. Com dificuldades, pernas, canelas e tornozelos tomados por bandagens e esparadrapo, Victor comemorou ter chegado ao ponto máximo da Caminhada e sabe que terá de se preparar mais nos próximos anos.Outro estreante que conseguiu fechar com desenvoltura os cinco dias e 310km foi o tenente do Exército Adriano dos Santos Cabral Souza. Tenente Cabral, como é chamado na corporação, é gaúcho de Canoas. Mudou-se para Goiás há 14 anos, em 2004. Só conhecia o Rio Araguaia por passeio de lancha. Neste sábado, finalmente mergulhou em suas águas. “Gostei muito. Tive de abrir mão de muita coisa, de tempo livre, para treinar. Mas a recompensa é chegar bem”, disse tenente Cabral, que planeja participar das próximas edições.-Imagem (Image_1.1578459)