O Ministério Público de Goiás (MP-GO), por meio do Centro de Apoio Operacional da Infância e Juventude (CAOINFÂNCIA), pretende cobrar dos municípios goianos, Corpo de Bombeiros e clubes um parecer de como são as condições para as categorias de base no Estado. O órgão se preocupa com aspectos documentais, estruturais e de pessoal referente aos centros de treinamentos, alojamentos, estádios e quaisquer outras dependências em que estão crianças e adolescentes em busca do sonho de se tornarem jogadores.O incêndio que atingiu o alojamento do Flamengo, no Ninho Urubu, e deixou dez mortos completa nesta sexta-feira (15) sete dias. A tragédia serviu como alerta e motivação para o promotor de Justiça Publius Lentulus Alves da Rocha, do CAOINFÂNCIA, buscar verificar como estão as situações dos clubes goianos.“A tragédia nos gerou a preocupação generalizada referente à parte física. É uma questão ampla, que vai além disso. É preciso verificar como ocorre o funcionamento total. Aquelas crianças e adolescentes possuem responsáveis legais para zelar por eles? A instituição preserva os direitos da vida, dignidade, saúde e educação? Como os meninos estão alocados?”, comenta o promotor, que não estipula prazo para concluir as verificações.Segundo Publius da Rocha, o MP solicitou a relação de clubes filiados à Federação Goiana de Futebol (FGF) e está “em fase superficial” de averiguação de 74 equipes. “Não chegaram ao MP informações sobre irregularidades de alojamentos ou imóveis adaptados para receber esses meninos e aspirantes a atletas”, explica o promotor, que ressalta que a fiscalização é necessária para evitar novas tragédias.A responsabilidade de manter regulares os documentos fornecidos pelo Corpo de Bombeiros e da Prefeitura é do clube de futebol - o mesmo ocorre com qualquer pessoa que decida abrir uma empresa e precise dos certificados. Os órgãos, porém, precisam atestar que determinado local está apto para manter suas atividades.O Corpo de Bombeiros é responsável por confirmar se o projeto de um clube atende às exigências contra incêndio e pânico - na sequência, emitirá o certificado de conformidade. A validade é de um ano e ele só poderá ser renovado depois de uma nova avaliação. “Cada um tem a sua responsabilidade. O proprietário é o responsável pelas medidas de seguranças daquela propriedade. O Corpo de Bombeiros tem as normativas que devem ser seguidas. Quando ele solicita, nós vamos verificar se ele cumpriu o que deveria ter feito”, explica o tenente-coronel Fernando Augusto Caramaschi de Mello.A prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Habitação (Seplanh), libera três laudos. “O Alvará de Construção atesta que o projeto apresentado pelo requerente atende aos parâmetros urbanísticos (regras construtivas) definidos pelo Plano Diretor de Goiânia. A Certidão de Conclusão de Obra atesta que a edificação foi construída de acordo com o projeto aprovado pela gestão municipal. Já o Alvará de Funcionamento atesta que as atividades exercidas são permitidas naquele local”, explica a pasta, que salienta que “os alvarás não garantem material empregado, atendimento a regulamentos específicos para a atividade do futebol, nem segurança quanto ao funcionamento”.-Imagem (Image_1.1730896)-Imagem (1.1730901)-Imagem (1.1730900)-Imagem (1.1730899)