-Imagem (1.1039355) Antigo instrumento da Federação Goiana de Futebol (FGF) para atrair mais público para os jogos, a Nota Show de Bola – em que o torcedor trocava notas fiscais por ingressos – foi realizada pela última vez em 2013, mas ainda pode gerar problema para a entidade, por causa de um procedimento instaurado pela Secretaria de Governo (Segov) de Goiás, para apurar possíveis irregularidades no convênio entre Estado e a FGF.O principal ponto questionado é o não repasse de R$ 500 mil, do montante total de R$ 12,550 milhões previstos no documento para que o Ministério Público de Goiás (MP-GO) realizasse ações que beneficiassem a população. A FGF alega que recebeu apenas parte do recurso firmado em convênio e, por isso, não fez o repasse. “Não está se discutindo se a federação está utilizando o dinheiro de forma errada ou que não prestou conta. Está se discutindo a não efetivação do objetivo total do convênio, o que só pode ser feito com o recebimento integral da verba destinada ao convênio”, declarou o presidente da FGF, André Pitta.A investigação está a cargo da Comissão Permanente de Tomada de Contas da Segov e tem 60 dias, prorrogáveis por mais 60 dias, para concluir os trâmites. Caso sejam constatadas irregularidades, o processo segue para o Tribunal de Contas do Estado (TCE), que pode estipular multa ou até mesmo pedir o ressarcimento do dinheiro que deveria ser destinado ao MP-GO.O coordenador do Centro de Apoio Operacional da Saúde do MP-GO, o promotor de Justiça Érico de Pina Cabral, revelou que houve resistência do órgão em firmar parceria com a federação, algo que feria o plano de trabalho do convênio e poderia comprometer as prestações de contas. Com o vencimento do convênio em 2013 e a não destinação da verba ao MP-GO, uma nova proposta foi formulada para 2014, com o dobro de recursos destinados ao órgão. Só que o acordo com o governo não foi renovado e houve a descontinuidade do projeto da Nota Show de Bola.No processo constam ainda pareceres que colocam em xeque a promoção. Em um dos documentos, emitido pela Superintendência da Receita da Secretaria da Fazenda de Goiás, há questionamentos sobre a quantidade de notas fiscais recolhidas e a indicação de “concentração de documentos fiscais emitidos por postos de combustíveis”. A conclusão é de que o alcance da promoção ficou aquém do esperado.TCECaso o processo do convênio firmado seja encaminhado para o TCE, não será a primeira vez que o acordo entre o estado e a FGF será alvo de um procedimento no órgão fiscalizador. Em julgamento do ano passado, o convênio firmado em 2009, primeiro ano da promoção, foi considerado irregular pelo tribunal.A recomendação da corte foi para que “a Secretaria de Estado da Fazenda e a Secretaria de Estado da Casa Civil se abstenham de efetuar repasses à FGF com base em convênios ou outros instrumentos com idêntico ou semelhante objeto”, diz a decisão do TCE.Para o procurador do Ministério Público de Contas, Fernando Carneiro, a destinação de verbas públicas para o futebol profissional é absurda. “É um repasse de recurso sem o mínimo de responsabilidade, sem controle. Quem autorizou deveria pagar a conta", opina.