Por falta de interessados, o leilão da Celg Distribuição (Celg D), que ocorreria na sexta (19), foi cancelado. O prazo para depósito de documentos e de garantias pelos investidores para participar da licitação era até ontem, mas não houve entregas. A intenção de privatizar a estatal goiana, todavia, continua e a estratégia dos acionistas agora é tentar reduzir a percepção de risco, trazer preço e condições mais atrativas para o mercado, conforme o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia (MME), Paulo Pedrosa. O MME e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vão reavaliar os parâmetros de formação do preço. Nos bastidores, fala-se em redução do valor inicial, de R$ 2,8 bilhões para R$ 2 bilhões, o que não é confirmado oficialmente. A intenção é de que a desestatização seja retomada no menor tempo possível. Em entrevista à imprensa ontem, o governador Marconi Perillo afirmou que uma nova data deverá ser marcada, provavelmente em setembro. “Agora, é voltar para a prancheta, conversar com investidores e definir novo prazo e novas condições”, disse a secretária da Fazenda, Ana Carla Abrão. Houve manifestação, por parte de empresas interessadas na Celg D, de que o preço estava alto, mas não era só essa a queixa, disse Ana Carla. Segundo ela, a proximidade da votação do impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, e o prazo curto entre a publicação do edital e a data do leilão também não teriam contribuído. “O mercado é soberano, nós colocamos a empresa à venda e demos as informações”, completa. De acordo com a secretária, cinco grupos acessaram o data room e ocorreram reuniões com empresas interessadas. Segundo ela, agora, o trabalho será reiniciado. O foco é em redesenhar a licitação. “A decisão de privatizar está mantida, a depender de estudos e prazos, vamos ter de considerar o que fazer”, disse. A secretária não descarta a possibilidade de aporte na empresa, por exemplo, mas garante que, pela própria agenda dos governos federal e estadual, em processo de enxugamento da máquina, a decisão de privatizar é a que prevalece. O presidente da Celg Participações (CelgPar), Fernando Navarrete, afirmou que, “certa da atratividade da companhia e da qualidade da concessão, e por ser a oportunidade, na condição de sócia minoritária, de capturar o valor de controle na alienação de sua participação” a estatal acompanhará, uma vez mais, a decisão do governo federal.Para analistas de mercado, a falta de proposta fez sentido, porque o preço do ativo era considerado muito alto. A tendência é de redução de quase 30% e, posteriormente, caso não tenha interessados, de até 40%. “Para a participação do Estado, isso é assustador. Mostra um erro de avaliação muito grande”, pontua o economista Flávio Crosara.