Os primeiros a informar que não vão mais participar do leilão da Celg Distribuição (Celg D), marcado para 19 de agosto, foram os chineses, na quarta-feira (10). Ontem, foi a vez da Equatorial Energia também se pronunciar à imprensa sobre a desistência. A uma semana dos lances, três grupos teriam desistido de participar, sendo que ao menos cinco acessaram o data room, sala de informações sobre a companhia goiana, que ficou disponível para consultas até ontem. O principal motivo alegado para a desistência das empresas são as condições do negócio. Isso porque o preço mínimo (R$ 2,8 bilhões) e as dívidas exigem desembolso de R$ 5,2 bilhões fora os investimentos futuros para cumprir as regras mais rígidas do novo contrato de concessão. Os chineses eram tidos como um dos principais candidatos à compra. Segundo o jornal O Globo, em encontro na manhã de ontem, com embaixador chinês Lee Jinzhang, o presidente em exercício, Michel Temer, teria pedido que reconsiderassem a decisão. A Equatorial, que controla as distribuidoras Celpa e Cemar, não descarta, porém, participar de um novo certame caso as condições sejam revistas.A holding Neoenergia, também cotada inicialmente como uma das interessadas, informou que ao menos até ontem não havia expectativa de participação. As reações já eram esperadas, segundo especialistas. Como um jogo, os vendedores (governos estadual e federal) têm interesse por um bom ágio, enquanto as participantes esperam menor concorrência para pagar menos pela distribuidora. Para alguns envolvidos diretamente no processo, há blefe. Ontem, havia boato de que o leilão tinha sido cancelado, o que foi negado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES). Inclusive, comunicado relevante foi publicado com afirmação de que os requisitos previstos no edital foram cumpridos e que “fica mantido o cronograma”. Além disso, algumas empresas já teriam aportado garantias em banco para a participação.Segundo o presidente da Celg Participações (CelgPar), Fernando Navarrete, a decisão passa pela estatal goiana, que detém 49% das ações. E a diretoria entende que não há motivos para isso ocorrer. “Vai chegando a hora e aumenta a movimentação. É um jogo em que empresas podem querer tirar outras da disputa”, acrescenta. “O que vai mostrar a realidade será o leilão. Confiamos na administração do BNDES, no laudo dos avaliadores e fizemos nossa parte”, completa o vice-presidente da CelgPar, Elie Chidiac, que não acredita em mudanças até o dia 19. De acordo com o presidente da Celg D, Sinval Gama, ainda há bom apetite para o leilão. Segundo ele, o data room recebeu muitos acessos. Ele, no entanto, diz não poder dar detalhes, devido ao sigilo do processo de venda. “Está tudo de acordo com o cronograma”, garante. “Mas quanto mais proponentes, melhor.” Para ele, as informações divulgadas são parte da estratégia das empresas. “A gente não trabalha com a hipótese de não ter leilão”, diz. E lembra que, caso não tenha concorrentes ou o BNDES não aceite os lances, há a possibilidade de realização de um novo certame. Fora esse cenário, ele explica que houve muito investimento de vários grupos para estudar a Celg D.