Ano novo, contas novas. Assim que 2017 se apresentou, os aumentos também chegaram. A partir de hoje, a conta de telefone está mais cara e há alta prevista para combustíveis (gasolina, etanol e diesel), gás de cozinha, matrícula e mensalidades escolares, além de outros produtos e serviços que podem ter reajuste por causa da elevação do salário mínimo. E é só o começo. Para os próximos meses, há mais itens com previsão de acréscimo (veja quadro). Tradicionalmente, o início do ano é assim, tem reajustes pontuais, que pressionam o orçamento das famílias.O economista e gerente de pesquisas do Instituto Mauro Borges, Marcelo Eurico de Sousa, explica que isso influencia ainda a elevação da inflação e, dessa forma, é preciso atenção aos gastos para passar 2017 com tranquilidade. “Com o reajuste do salário mínimo, o custo da mão de obra de várias categorias aumenta e o que costuma mais pesar é o serviço doméstico”, exemplifica sobre um dos fatores que influenciam a subida de preços. O salário mínimo, que entra em vigor hoje, passou de R$ 880 para R$ 937. Ele leva em consideração a inflação e a variação do Produto Interno Bruto (PIB).Além disso, ao menos sob efeito da inflação, há outro aumento que o economista destaca como importante, ao menos para quem tem filhos, que é na educação. Segundo pesquisa de preços do Procon Goiás, o reajuste médio da mensalidade em Goiânia para este ano letivo, em comparação com o ano passado, é de 10,07%. Porém, o órgão encontrou casos em que instituição aumentou em 22,05% os valores para o Ensino Fundamental.Efeito imediatoPara quem tem plano pós-pago ou controle, outro pesado aumento começa hoje e não entra na lista daqueles que ocorre de tempos em tempos, é novidade. Por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que só era cobrado nas ligações e outros serviços, também será calculado sobre o valor da assinatura de linhas fixas e celulares. O resultado é alta estimada em quase 20%. Com efeito talvez menor, no entanto mais imediato, pois não é preciso esperar chegar a conta, está o aumento esperado de combustíveis e gás de cozinha causado por conta do mesmo imposto.Houve reajuste da pauta do ICMS para esses itens em Goiás e há possibilidade dos comerciantes fazerem o repasse para o consumidor. Os combustíveis, em especial, possuem ainda outro motivo que pode levar à alta. O governo federal não renovou benefício fiscal das usinas de etanol, que estava em vigor desde 2013 e terminou ontem. Segundo o Sindicato do Comércio Varejistas de Derivados de Petróleo no Estado de Goiás (Sindiposto), além de cerca de dois centavos com nova pauta do ICMS, o litro da gasolina pode encarecer mais 3,24 centavos, por ter 27% de etanol na composição, e distribuidoras já teriam informado alta. “Pode ser que o aumento seja pequeno, pode ser que o dono do posto absorva já que janeiro é um mês ruim de vendas”, pondera o presidente do sindicato, José Batista Neto.Na lista das altas esperadas, também merecem atenção energia, água e transporte público, o que deve ocorrer até o segundo semestre do ano. No caso da primeira, houve queda no valor da tarifa no último reajuste, contudo serão decisivos de investimentos a condições econômicas e climáticas, como afirma o diretor de Regulação da Celg Distribuição (Celg D), Elie Chidiac. “Se ocorrer reajuste, ele não deve ser grande, como em 2015, pode ser de um dígito, depende do cenário”, estima.De outro lado, há também alguns alívios para o bolso. Os alimentos são um deles, porque ao menos por enquanto não possuem trajetória de alta. “O consumidor está com poder de compra mais baixo, com rendimento em queda e há desemprego, o que diminui a demanda, inclusive de produtos essenciais”, pontua a supervisora técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Leila Brito.Ela reforça que as condições econômicas não são para aumento de demanda e expectativa é de estabilidade, que beneficia especialmente pessoas de baixa renda.Setor produtivoO economista da Federação das Indústrias de Goiás (Fieg), Claudio Henrique de Oliveira, analisa que há falta de confiança manifestada pelos empresários, especialmente porque as medidas anunciadas pelo governo federal não surtiram efeito esperado. Dessa forma, para o primeiro semestre de 2017, acredita que o cenário não deve mudar. “A contratação de mão de obra e aumento de consumo se dá de forma gradual, mas é preciso o governo fazer a parte dele”, defende ao citar ajuste fiscal, redução da taxa de juros e realização de investimentos.“Aumento de carga tributária, reajuste de energia, salário mínimo e data-base são fatores que o produtor assume e custos industriais não foram repassados em sua totalidade em 2015 e 2016, está acumulando e, por sobrevivência, a tendência é aumentar o preço de produtos”, justifica ao dizer que a margem de lucro já foi reduzida.O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner, acrescenta que há esperanças no aumento de produção tanto para o mercado interno como externo. “Nosso pensamento é que o governo venha a diminuir a taxa de juros, que penaliza a população, uma vez que a inflação chegue na meta”, completa o presidente da Federação do Comércio de Goiás (Fecomércio), José Evaristo dos Santos sobre estímulos de consumo.-Imagem (1.1203321)