Responsável prioritariamente pela administração de 36 distritos industriais do Estado, a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Goiás (Codego), criada em 2015, acabou atuando em diversos setores, a maioria de responsabilidade de outros órgãos, como obras de rodovias e ponte, reforma de ginásio de esporte no interior, saneamento e pavimentação de ruas nos municípios.No segundo ano de funcionamento, a companhia, que foi alvo da Operação Confraria, deflagrada quinta-feira pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal, teve um salto de 580% nos valores de contratos de obras e serviços. As contratações somaram R$ 103,8 milhões em 2017, enquanto no ano anterior totalizaram R$ 15,2 milhões, segundo dados do Portal da Transparência do órgão.A estatal foi instalada oficialmente em outubro de 2015 e começou a funcionar para valer no ano seguinte. Teve como presidente desde então Júlio Vaz, preso na operação e que foi exonerado ontem pelo governador José Eliton (PSDB).Os maiores contratos foram fechados em 2017: serviços de terraplenagem, pavimentação e ponte na GO-453, no valor de R$ 60 milhões; implantação da pista dos romeiros no Muquém, de R$ 19,1 milhões e serviços de engenharia para ampliação da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) no distrito Agroindustrial de Anápolis (Daia), de R$ 8,4 milhões. Em 2016, houve contrato para reforma e adequação no ginásio de esporte de Catalão, no valor de quase R$ 10 milhões. Este ano, as três maiores contratações foram para obras de tapa-buraco e recuperação de vias de Planaltina e de Santo Antônio do Descoberto, ambas cidades do Entorno do Distrito Federal, no valor total de R$ 9,1 milhões.A companhia também mantém uma sala comercial alugada em São Paulo. Gastou R$ 914 mil para reformar e mobiliar o local. Conforme mostrou ontem O POPULAR, na época da criação da Codego, houve dúvidas sobre a necessidade e as atribuições da pasta, uma vez que parte das responsabilidades já pertencia a outros órgãos, como Secretaria de Gestão e Planejamento, Agência Goiana de Transportes e Obras e Goiás Parcerias. A iniciativa foi interpretada na ocasião como uma garantia de maior poder ao então vice-governador José Eliton, que já era o candidato natural da base para disputar a sucessão de Marconi Perillo (ambos do PSDB).Segundo informações oficiais, boa parte das receitas da Codego sai dos distritos industriais, que funcionam como condomínios, com cobrança de taxas das empresas. São 2.226 indústrias escrituradas e 355 em assentamento, de acordo com o portal. Não há no entanto o detalhamento de informações sobre as negociações para oferta de espaços nos distritos. O orçamento da estatal para este ano é de R$ 55,7 milhões, segundo faturamento informado pelo órgão.OperaçãoA Polícia Federal está analisando documentos e bens apreendidos na Operação Confraria e ainda não há informações sobre o avanço das investigações. PF e MPF apuram suposto esquema de pagamento de propina, lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio envolvendo Júlio Cezar Vaz de Melo e o ex-presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop) Jayme Rincón. Além dos dois foi preso temporariamente o casal Márcio Gomes Borges, gerente-geral de Distritos da Codego, e Meire Cristina Rodrigues Borges, servidora comissionada da Secretaria Extraordinária de Articulação Política. Ambos foram exonerados ontem.