A dois meses de deixarem os cargos para disputar as eleições, os ministros-candidatos do governo Michel Temer aumentaram a liberação de recursos para seus Estados de origem e privilegiaram suas bases eleitorais nas agendas oficiais. Levantamento feito pelo Estado mostra que 7 dos 13 ministros com a intenção de entrar na corrida eleitoral incrementaram o valor autorizado aos seus respectivos redutos eleitorais.No Ministério do Turismo, por exemplo, o ministro Marx Beltrão (MDB) destinou, em 2017, R$ 72 milhões para cidades de Alagoas, Estado pelo qual pretende disputar uma cadeira no Senado. O aumento em relação ao ano anterior foi de 269%, o que tornou Alagoas o campeão de investimento em Turismo no País.Só a cidade de Coruripe (AL), governada por um tio do ministro, teve R$ 4,4 milhões liberados no ano passado, dois terços a mais do que havia recebido no ano anterior. Entre dezembro e janeiro, Beltrão teve três compromissos na capital do Estado, Maceió. Fora Brasília, foi a única cidade do País onde cumpriu agenda oficial no período.No Ministério da Saúde a situação é semelhante e o ministro Ricardo Barros (PP), candidato à reeleição na Câmara, foi nada menos que 20 vezes ao Paraná, onde sua mulher, hoje vice-governadora, figura como pré-candidata ao governo. Em 2017, o valor dos convênios da pasta firmados no Estado mais do que dobrou. Foram R$ 221,6 milhões, R$ 6 milhões a menos do que o total destinado para São Paulo, o Estado mais populoso do País. Em Maringá, base eleitoral de Barros, o valor liberado quase quadruplicou. Saltou de R$ 3,6 milhões em 2016 para R$ 12,4 milhões em 2017.ACÚMULOA maior concentração de repasses a um mesmo Estado, porém, ocorreu no Ministério do Meio Ambiente, comandado por Sarney Filho (PV), filho do ex-presidente e ex-senador José Sarney (MDB-AP). Dos R$ 50,5 milhões autorizados via convênios no ano, R$ 37,4 milhões (74%) foram para o Maranhão. O valor é bem superior ao total repassado ao Estado durante todo o governo Dilma Rousseff: R$ 2,2 milhões.No Ministério da Agricultura, a liberação de recursos para prefeituras de Mato Grosso, reduto eleitoral do ministro Blairo Maggi (PP), passou de R$ 27,6 milhões para R$ 57,6 milhões, um incremento de 109%.No Ministério do Desenvolvimento Social, os convênios com cidades do Rio Grande do Sul cresceram 42% em 2017 e somaram R$ 22,1 milhões. O titular da pasta, Osmar Terra (MDB-RS), pretende disputar a reeleição na Câmara.