Aproximadamente 30% dos projetos apresentados pelos deputados estaduais em 2017 são de pouca relevância para a população de Goiás. Dados do Portal da Transparência da Assembleia Legislativa mostram que, das 637 matérias protocoladas no ano, 179 tratam de concessão de títulos de cidadania, modificações no calendário oficial do Estado, nomeações de obras ou mudanças em suas nomenclaturas e benefícios a empresas e entidades com declarações de utilidade pública.Essas propostas podem ser consideradas de pouca relevância à população porque ou beneficiam pessoas físicas e jurídicas específicas, como os títulos de cidadania e declarações de utilidade pública, ou têm apenas valor simbólico. É o caso das nomeações de obras, que geralmente homenageiam pessoas que prestaram algum tipo de serviço à sociedade, e as modificações no calendário oficial, que geralmente criam datas comemorativas.O porcentual de projetos que podem ser considerados irrelevantes à população foi superior a 50% do total de propostas apresentadas por 11 parlamentares. Entre eles, há dois em que todas as matérias protocoladas se encaixam no critério de pouca relevância: Álvaro Guimarães (PR) e Nédio Leite (PSDB).O projeto do primeiro declarou como de utilidade pública a Associação da Criança Nossa Senhora das Graças, de Goiânia. Já Nédio Leite apresentou duas propostas modificando o nome de obras (uma rodovia e um Instituto Tecnológico de Goiás - Itego), mas nenhuma das duas matérias chegou a ser votada em plenário.Levantamento anterior de O POPULAR mostrou que, em 2015 e 2016, um a cada três projetos dos deputados naqueles anos se encaixaram nos critérios de pouca relevância. Nos dois anos, Álvaro Guimarães também teve 100% de suas propostas dentro desses critérios. A reportagem tentou contato com o deputado, mas não obteve resposta até o fechamento da edição.Já Nédio Leite explica que apresenta poucos projetos porque busca “centralizar seu mandato em obras via emenda parlamentar e programas do governo.” “Não adianta apresentar projetos demais, porque o governo veta tudo. Então, busco atender aos municípios das minhas bases e não me preocupo com projetos”, afirma.Sobre as propostas que modificam a nomenclatura de obras, ele explica que são homenagens. “Conseguimos levar um Itego para Jaraguá, cidade que represento, e colocamos o nome do ex-prefeito Jovano Vieira Manso. A família, porém, entendeu não ser algo bom, então, apresentei projeto para mudar. Só isso”, diz.Pouca produçãoOs parlamentares que não apresentaram projetos de lei considerados irrelevantes também não protocolaram mais do que sete propostas no ano: Cláudio Meirelles (PR), sete; Wagner Siqueira (PMDB), seis; Paulo César Martins (PMDB), três; Charles Bento (PRTB), três e Victor Priori (PSDB).Nesse contexto, chama a atenção a atuação de Mané de Oliveira (PSDB), que não apresentou nenhum projeto de lei durante o ano passado. Ele protocolou apenas dois requerimentos solicitando licença para tratamento de saúde, os dois no segundo semestre.Em todo o seu mandato, o parlamentar apresentou 30 propostas, dez em 2015 e 20 em 2016, das quais 16 foram aprovadas, mas nenhuma sancionada pelo governador Marconi Perillo (PSDB). Ele já havia informado ao POPULAR, em outubro, que esse era o principal motivo a fazê-lo não disputar mais mandato eletivo. É essa também a justificativa para a não apresentação de projetos de lei. “Não apresentei mais projetos. Quero ser deputado para quê? Dar nome a ponte?”, disse à época.-Imagem (Image_1.1433880)-Imagem (1.1433893)