O Centro de Convenções de Anápolis foi uma das últimas obras inauguradas pelo ex-governador Marconi Perillo (PSDB) antes de deixar o cargo, em abril. O local, que começou a ser construído em 2013, estaria estruturalmente pronto para receber eventos. Foi o que ele afirmou na ocasião. De lá para cá, foram três realizados, somente um deles com cobrança pelo uso do espaço público. Mas a construtora permanece na obra para trabalhos de “acabamento”.A inauguração ocorreu sem todo o serviço de água e energia estar pronto e, atualmente, ainda haveria desafios com relação à segurança e limpeza, que precisam ser contratados por quem for utilizar o espaço. A primeira instituição a usufruir do Centro de Convenções foi o Rotary de Anápolis, para uma conferência distrital de 31 de maio a 2 de junho, que reuniu cerca de 1,2 mil pessoas.O uso teria ocorrido de forma gratuita e o pedido feito ao próprio ex-governador. Marconi informou à reportagem, porém, que não autorizou qualquer evento em espaço do governo de Goiás após a desincompatibilização. Segundo um dos envolvidos no evento, havia conhecimento de que faltariam algumas coisas, como lixeiras, limpeza do salão e tiveram de contratar gerador de energia e caminhão pipa para que tudo ocorresse normalmente.Para contornar a falta de energia e água, houve uma “assessoria” da construtora CCB, que ainda realiza a obra. A reportagem entrou em contato com a pessoa apontada como responsável pelo trabalho de auxiliar os organizadores de eventos enquanto o local ainda passa pelos reparos finais, mas ela alegou que agora está em outro trabalho e não quis comentar.O próprio governo estadual também já utilizou o local. No dia 14 de junho, foi lançado ali o Programa UEG em Rede. Depois, no dia 22 de junho, foi a vez de uma formatura da UniEvangélica ser realizada no Centro de Convenções. De acordo com o extrato de termo de autorização de uso, publicado no Diário Oficial do Estado do dia 26 de junho, foram pagos R$ 15 mil pela turma de Medicina da faculdade. Nesse caso, desafios não ocorreram com água ou energia, segundo a empresa que foi responsável pela festa.No próximo dia 20, a estrutura anapolina será novamente endereço de um evento. Receberá no grande teatro a peça Eita, Casei! de Whindersson Nunes. A produção não quis se manifestar, mas a informação é de que o espaço está em condições de uso. Há um seminário sobre a indústria de defesa que também está previsto para ser realizado na estrutura em agosto.Obra de valor Com 32,8 mil metros quadrados de área construída, o Centro de Convenções de Anápolis é considerado um dos maiores do Centro-Oeste. Inicialmente, ele foi orçado em R$ 112 milhões e quando foi inaugurado o valor da obra já havia chegado a R$ 154,2 milhões. Marconi Perillo chegou a explicar que a Universidade Estadual de Goiás (UEG) cuidaria do espaço, que também seria fonte de receita para a instituição, porém isso não se concretizou, ficou apenas em conversas de reuniões.A Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop) é a pasta que ficou responsável pelo local. Pela importância econômica da região, que possui muitas indústrias, haveria grande demanda para utilizar o espaço. Porém, ainda não é simples conseguir realizar um evento por lá. Procurada, a Agetop não respondeu aos pedidos de informação da reportagem sobre o assunto. Desde o dia 29 de junho até o fechamento desta matéria, foram diversas as tentativas. A equipe de O POPULAR não teve autorização para visitar e fotografar o interior do Centro de Convenções de Anápolis.A obra inaugurada lembra o que ocorreu em março de 2006, quando Marconi Perillo inaugurou, mesmo antes de estar finalizado, o Centro Cultural Oscar Niemeyer (CCON), pouco antes de deixar o governo. “Como todo grande empreendimento, necessita de tempo para ajustar eventuais necessidades, reparos que apareçam, detalhes que fiquem faltando. É assim em qualquer obra ou investimento, grande ou pequeno. O mais importante e indiscutível é o valor intangível e histórico deste benefício perene que atenderá às gerações de hoje e do futuro”, defendeu Marconi.Já sobre o CCON, ele lembra que já realizou milhares de eventos desde sua abertura definitiva em 2011. “Ficou fechado entre 2006 e 2010 por capricho do governador que me sucedeu.”