A Copa do Mundo, que terá início 90 dias depois desta segunda-feira (22), será o “grand finale” da passagem do técnico Tite pela seleção brasileira. A saída do treinador de 61 anos é de conhecimento público desde o dia 25 de fevereiro deste ano, quando o profissional revelou que deixará a equipe depois do Mundial do Catar. Algo certo é que Adenor Leonardo Bachi, mais conhecido como Tite, já deixou legado à frente do Brasil.O principal não tem relação direta com campo, mas sim em parte importante por trás de um comando de treino ou orientação de jogo. Tite bate ponto diariamente na CBF, é um treinador que cumpre expediente e mudou a rotina de trabalho em comparação com outros treinadores que passaram pela seleção brasileira.O treinador mora no Rio de Janeiro e, de segunda a sexta, vai à CBF para trabalhar. “O grande legado dele foi ensinar como deve ser o trabalho de um técnico de seleção. Ele trabalha todos os dias. Esse é o grande legado. O técnico da seleção não trabalha uma vez por mês. Se o título da Copa do Mundo vier, será o ‘grand finale’ sem dúvida, mas a rotina dele como treinador foi seu principal ponto”, opinou o jornalista do Sportv, Paulo Vinícius Coelho, o PVC.Desde sua chegada ao comando da seleção brasileira, Tite solicitou à CBF um andar inteiro para a comissão técnica trabalhar. “Lá, ele conversa diariamente com os membros da comissão técnica, arquiva jogos, assiste jogos, avalia jogadores do mundo inteiro. Esse é o grande legado que nenhum treinador havia feito no comando da seleção”, completou PVC.Tite sempre foi um treinador organizado nos clubes e não deixou de manter essa rotina na seleção. “O principal legado, com toda a certeza, é ter feito o trabalho mais organizado de um treinador no comando de uma seleção brasileira até hoje”, completou o jornalista Paulo Calçade, da ESPN.Leia também:+ Brasil vai enfrentar Gana e Tunísia antes de convocação final+ Fifa divulga segunda música oficial da Copa do CatarEstabelecer funções, passar orientações e supervisionar, por exemplo, são ações que Tite faz junto à sua comissão técnica desde 2016, quando teve início a passagem do treinador.No comando da seleção, o técnico trabalhou em 74 jogos, convocou 48 atletas e evoluiu como profissional. Para isso, precisou perder. A derrota na final da Copa América de 2021 para a Argentina, por exemplo, fez o treinador repensar o ataque da seleção. Tite passou a dar chances para atletas como Raphinha, Anthony e Vinícius Júnior. O trio tem grande chance de ir ao Catar.“Se o Brasil tivesse vencido, ele (Tite) teria abraçado a ideia de que aquele time estava pronto para a Copa e não foi assim. Perdeu, voltou algumas casas, observou e trouxe novos jogadores. Quando termina a Copa América de 2021, você enxerga, do meio para frente, o Casemiro e o Neymar. O resto tinha posições em aberto. Passou um pouco mais de um ano e a seleção evoluiu ao ponto de levar um time muito bom para a Copa do Mundo e ser favorita”, complementou Paulo Calçade.Tite ainda não definiu seu futuro pós-Brasil, mas quer se despedir da seleção com o título da Copa do Mundo. Será o segundo Mundial do profissional no comando da equipe. Em 2018, o time caiu nas quartas de final para a Bélgica.“É uma etapa da carreira do Tite. Apenas uma que se encerra, mas é uma importante. O sonho de todo treinador brasileiro é treinar a seleção, é diferente. Como nós tratamos a seleção aqui, é diferente do que outros países do mundo tratam as suas. Você não vê essa luta toda lá fora dos treinadores para treinar seleções, até porque os europeus têm grandes equipes no continente e, assim, medem suas competências. Aqui, é o contrário. Como os caras dirigem cinco vezes cada time na elite, a seleção é o máximo. O Tite chegou lá”, falou Paulo Calçade.Tite conseguiu construir uma equipe de trabalho que se blindou em meio à loucura que é o futebol brasileiro. Por isso, seu trabalho é visto de forma positiva por analistas, e a análise não é feita apenas com base nos resultados.“Essa é a visão brasileira, de que trabalho bom é só com resultado, que só vai ser bom quando for campeão do mundo. Se ele ganhar a Copa, vai ser um trabalho lindo e maravilhoso. Se não ganhar, será uma porcaria. Não é assim que eu vejo, mas, sim, por meio de evolução, e o Tite evoluiu o Brasil. Vejo a seleção com condições de ganhar o Mundial. Não vejo nenhum bicho papão, exceto a França com Benzema e Mbappé”, salientou Paulo Calçade.-Imagem (1.2514136)