A dupla de vôlei de praia Alison e Álvaro foi eliminada das Olimpíadas de Tóquio-2020, nesta terça-feira (3, horário de Brasília), já manhã de quarta (4) no Japão. Os brasileiros perderam as quartas de final para Martins Plavins e Edgar Tocs, da Letônia, por 2 sets a 0 (21/16 e 21/19).Alison e Álvaro eram a última possiblidade de pódio para o Brasil no esporte. Com a derrota, pela primeira vez o Brasil fica sem medalha no vôlei de praia desde a estreia da modalidade em Olimpíadas, em 1996, nos Jogos de Atlanta. Foram 13 medalhas até hoje, ao menos duas por edição.Em Atlanta-1996, Jaqueline e Sandra conquistaram o ouro, e Mônica e Adriana, a prata. Em Sydney-2000, o Brasil teve seu melhor resultado. Foi prata com Adriana Behar e Shelda, e também com José Marcos e Ricardo. Com Adriana e Sandra, conquistou o bronze.Ricardo e Emanuel foram ouro em Atenas-2004, enquanto Adriana Behar e Shelda repetiram a prata. Em Pequim-2008, as mulheres não conquistaram medalha. Márcio e Fábio ficaram com a prata, enquanto Ricardo e Emanuel foram bronze.Quatro anos depois, Emanuel e Alison foram prata, enquanto Juliana e Larissa, bronze. Já no Rio de Janeiro, o Brasil também teve bom resultado. Alison e Bruno Schmidt foram ouro, enquanto Ágatha e Bárbara conquistaram a prata.

Alison e Álvaro caem nas quartas, e Brasil está fora do pódio no vôlei de praia pela 1ª vez

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Matéria - Esporte

Os Jogos Olímpicos têm o potencial de incentivar a prática esportiva nas mais diversas modalidades. Após as Olimpíadas de Paris, algumas ficaram em evidência no Brasil devido aos bons resultados, como a ginástica artística, o vôlei de praia, o judô e o skate, e impactaram a popularidade delas em Goiás.

Em Paris, a ginástica artística foi uma das modalidades que mais chamaram a atenção dos brasileiros, com quatro medalhas para o país, sendo uma de ouro (Rebeca Andrade, no solo), duas de prata (Rebeca Andrade no salto e no individual feminino) e uma de bronze (geral por equipes).

A MS Ginástica Artística, escolinha com mais de 3,5 mil alunos em todas as unidades - quatro em Goiânia, uma em Anápolis, uma em Rio Verde, uma em Palmas (TO), uma em Londrina (PR) e outra em Recife (PE) - percebeu aumento na procura de alunos após os Jogos Olímpicos.

Mário Sérgio, dono da MS, disse que a performance dos atletas brasileiros inspira mais pessoas a se envolverem com a ginástica artística.

“De fato, após os resultados expressivos do Brasil neste ano, notamos um aumento significativo na procura pela prática da ginástica em nossas academias. Nossos números refletem esse crescimento, com um aumento expressivo no número de alunos matriculados”, contou Mário Sérgio.

A MS é voltada exclusivamente para aulas para garotas a partir dos 3 anos. Mário Sérgio explicou que a escolinha não trabalha com garotos devido à estrutura e aos tipos de treinos que, segundo ele, são completamente diferentes.

Isis Abreu da Silva, de 7 anos, também é novata na ginástica artística, com apenas três aulas completadas até o fechamento desta reportagem. A mãe dela, Francyelle Anne da Silva, professora de Educação Física de 39 anos, falou sobre a própria experiência com o esporte ao decidir matricular a filha na ginástica artística. As duas são de Goiânia.

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Isis Abreu da Silva, de 7 anos, pratica ginástica artística nas barras paralelas (Fabio Lima / O Popular)

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“Veio das duas partes (o interesse pela ginástica). Sempre quis fazer ginástica quando era criança, mas nunca tive oportunidade. Sou capoeirista, foi o mais próximo que cheguei de movimentos mais ginásticos. Ela (Isis) é muito elétrica, tem muita energia, há um tempo já que ela estava pedindo para fazer.”

Francyelle brincou que Isis é uma criança “que fica de cabeça para baixo o tempo todo” e confirmou que as Olimpíadas tiveram um impacto direto na escolha pela ginástica artística, citando <a href="https://opopular.com.br/esporte/rebeca-andrade-bate-biles-leva-ouro-e-vira-maior-medalhista-da-historia-do-brasil-1.3161408">Rebeca Andrade, maior medalhista olímpica da história do Brasil</a> (dois ouros, três pratas e um bronze no total), como a maior influência.

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Isis Abreu da Silva, de 7 anos, é orientada pela professora Thaysa Muller de Moura na prática de exercícios de ginástica artística em aparelhos como trave (Fabio Lima / O Popular)

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“Como está bem recente, o nome que ela conhece é o da Rebeca. Ela não pegou aquela fase que a gente chegou a ver, da Daiane (dos Santos), da Jade (Barbosa), mas o nome que ela conhece bem e sabe dizer é o da Rebeca. Ela (Isis) já queria antes e passou a querer muito mais. Não foi somente pelas Olimpíadas, já tinha vontade de fazer”, concluiu.

Judô

Como a ginástica artística, o judô rendeu quatro medalhas para o Brasil em Paris: uma de ouro (Bia Souza, acima de 78 kg feminino), uma de prata (Willian Lima, até 66 kg masculino) e duas de bronze (Larissa Pimenta, até 52 kg feminino, e equipes mistas). O judô, aliás, é a modalidade que mais rendeu pódios olímpicos aos brasileiros até hoje na história, com 26 medalhas no total.

A médica oftalmologista Nathália Madeira tratou de matricular a filha Angelina, de 4 anos, por influência dos Jogos Olímpicos. Segundo a mãe, a garota ficou muito animada quanto assistiu aos Jogos de Paris, e o esporte com o qual ela mais se empolgou foi justamente o judô.

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“O judô, além da atividade física em si, ensina a ter disciplina e respeito com o adversário e o sensei (mestre). Isso é fundamental para os estudos e futuro. A autodefesa também, ainda mais para mulher... Acho muito importante essa modalidade na vida da pessoa. A importância de fazer esporte, independentemente de qual seja, a criança precisa fazer. O esporte tem a posição de atividade física, mas requer disciplina, comprometimento, e isso a gente leva para a vida. Vamos ganhar, perder e saber lidar com isso, querer melhorar e competir cada vez mais”, contou Nathália.

Nathália e Angelina são de São Paulo, mas moram há quatro anos em Jataí, cidade natal de Lucas Costa, marido de Nathália e pai de Angelina. No município goiano, Angelina foi matriculada neste mês na escolinha Wider Santos, atual campeã estadual de judô. Além disso, a garota ainda pratica tênis, natação, balé e hipismo.

A família de Jataí não é a única a ter buscado o judô por influência dos Jogos Olímpicos. Josmar Amaral, presidente da Federação Goiana de Judô (Fegoju) e dono da Ippon, uma academia de judô em Anápolis, confirmou esse aumento. “Pela experiência aqui com a academia, sem dúvidas houve um momento com maior procura de matrículas”, declarou.

O presidente da Fegoju acredita que, com mais adeptos, uma maior quantidade de torneios tende a ocorrer nos âmbitos regional e nacional. Neste sábado (17), ocorre a 5ª Etapa do Campeonato Goiano de Judô, no Ginásio Poliesportivo da UniEvangélica, em Anápolis, uma seletiva estadual para o Brasileiro de Judô.

Efeito Olimpíadas: sucesso em Paris-2024 impulsiona modalidades de medalhistas em Goiânia

Iniciação esportiva

Outras duas modalidades que tiveram muito sucesso nas Olimpíadas de Paris foram o vôlei de praia, com a medalha de ouro da dupla feminina formada por Duda e Ana Patrícia, e o skate, com os bronzes de Rayssa Leal no street feminino e de Augusto Akio no park masculino. Como ocorreu com a ginástica e o judô, os dois esportes influenciaram atletas brasileiros.

De acordo com Tanner Guissoni, treinador da seleção goiana de vôlei de praia, houve um aumento na procura de alunos pelo esporte, com aulas todos os dias da semana no CT Guissoni, em Goiânia. Isso se deve tanto pela influência das Olimpíadas quanto pelo crescimento de outras modalidades semelhantes no estado.

“A procura aumentou, principalmente com crianças do sexo feminino, de 10, 11, 12 anos. Tem uma procura muito grande por escolinhas, estamos até abrindo turmas infantis pela manhã e pela tarde, que não tínhamos. O vôlei de praia está crescendo muito aqui em Goiás. O aumento das quadras de areia também foi muito importante. Com o crescimento do beach tennis e do futevôlei, o vôlei de praia também cresceu. E agora, com essa medalha, tem tudo para deslanchar”, apontou, referindo-se ao ouro de Duda e Ana Patrícia.

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Júlia Porfírio (E), Ângela Porfírio (C) e Pedro Henrique Porfírio (D): família unida na prática do vôlei de praia (Wesley Costa / O Popular)

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As Olimpíadas de Paris impactaram na procura de novos alunos, mas também serviram para renovar o ânimo de quem pratica o vôlei de praia há um tempo. É o caso de Ângela de Fátima, médica ginecologista e obstetra de 54 anos, que começou a jogar a modalidade há cerca de nove meses, sendo que antes disso praticava vôlei de quadra.

“Tive o primeiro contato com vôlei aos 12 anos em aulas de Educação Física na escola e logo já era da seleção do time. Fui da seleção de vôlei de quadra em todas as escolas que estudei, inclusive da faculdade. Depois que me formei, casei e tive dois filhos, parei de jogar por muitos anos porque minha profissão exigia muito tempo e dedicação, mas fui a grande incentivadora dos meus filhos. Ensinei os primeiros passos e, depois que aprenderam, (eles) foram meus incentivadores para voltar a treinar após mais de 20 anos sem jogar”, narrou Ângela.

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Atualmente, ela pratica vôlei de praia ao lado dos filhos Pedro Henrique, de 24 anos, e Rafael Porfírio, de 22, ambos estudantes de Medicina, além da sobrinha Júlia Porfírio, de 17 anos, que está cursando o 3º ano do Ensino Médio, e da nora Paola Ochoa, de 25 anos, que também é estudante de Medicina e conheceu Pedro jogando vôlei de praia.

“Comecei o vôlei de praia em 2021, quando uma amiga da faculdade me chamou para um torneio de duplas mistas, mas treinar mesmo foi no começo deste ano, apesar de já jogar na quadra desde criança. Fui mais influenciado pela minha família do que o contrário, mais especificamente pela minha mãe, que jogava desde mais novinha também e introduziu a mim e ao meu irmão ao esporte”, contou Pedro Henrique.

Para Pedro, os Jogos Olímpicos de Paris foram uma influência positiva. “As Olimpíadas são um gás para todos que gostam e jogam o esporte, não é? Todos comentam sobre lances que viram e atletas que mais gostam. E o Brasil ter ganhado com a Duda e a Ana foi motivo de muito orgulho e alegria. Ver o esporte que amamos ser tão bem representado deixa todo mundo com mais vontade de jogar”, disse.

Ângela compartilha da opinião do filho. “As Olimpíadas não deixam de ser um incentivo porque ver as jogadoras praticando toda a técnica e jogadas que o professor nos ensina é muito legal. E hoje, além dos meus filhos, minha sobrinha e minha futura nora também se juntaram a nós. Somos uma família unida no vôlei de praia.”

Skate

O skate é uma modalidade olímpica há duas edições dos Jogos e ganha cada vez mais projeção no Brasil. Em Goiânia, um exemplo é a Associação Overall Skateboard, que tem parceria de iniciação esportiva com o projeto Educa Skate para introduzir jovens na modalidade, com prática no Parque Marcos Veiga Jardim e alugueis e vendas de patins, skates e peças em geral.

“Estamos com um ambiente bem legal, onde conseguimos receber famílias. Se (o filho) estiver na pista de skate, o pai ou a mãe pode se sentar lá no bar, comer alguma coisa, tomar um açaí depois da escolinha, espeto, hambúrguer, então está bem legal”, contou Matheus Campos, presidente da Overall e proprietário do Session Bar.

Os estudantes Lucas Leal, de 14 anos, e Elias Borges, de 13, estão entre os adolescentes que praticam skate em Goiânia. Lucas iniciou em outubro de 2022, enquanto Elias começou a se aventurar na modalidade na metade de 2023. Cada um deles se inspira em um dos medalhistas de bronze em Paris.

“Com certeza, ver todo o esforço dos skatistas posto em prática é realmente muito inspirador. Augusto Akio foi uma das minhas maiores inspirações, foi o primeiro skatista que vi andar de skate na vida, lembro de vê-lo em um vídeo do YouTube quando eu tinha 10 anos. Ele não é só uma inspiração no skate como também é na vida”, revelou Lucas.

Augusto Akio, o Japinha, conquistou o bronze no skate park em Paris mesmo depois de sofrer uma lesão no pé dias antes do início das Olimpíadas. O skatista, que é de Curitiba, também exigiu habilidade com malabares na final olímpica, o que ele diz que ajuda na concentração e no relaxamento durante as disputas.

Elias, que pegou firme no skate muito pelo embalo das Olimpíadas, tem como fonte de inspiração a “fadinha” Rayssa Leal e declarou que o skate, assim como qualquer esporte, tem o potencial de abrir portas. “Qualquer pessoa que se esforçar o suficiente pode representar o próprio país.”

Duda, Ana Patrícia, Rayssa e Augusto: as fontes de inspiração no vôlei de praia e skate

Paris-2024

Ana Patrícia e Duda são sincronia no estado mais puro. A dupla campeã olímpica no vôlei de praia ostenta um entrosamento que parece durar mais de década. Elas de fato estiveram juntas na primeira grande conquista de suas vidas, há dez anos, mas só efetivaram a parceria no último ciclo olímpico, após amadurecerem e ouvirem por muito tempo um clamor generalizado no esporte e que ultrapassava fronteiras.

"Não vou dizer que o mundo inteiro clamou [por formarem dupla], mas com certeza o mundo inteiro esperou por isso porque absolutamente todo mundo falava sobre, até mesmo quando a gente não estava junto. 'Duda e Patrícia, Duda e Patrícia'", diz Ana Patrícia, à reportagem.&nbsp;

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A união veio oito anos depois, mas na "hora certa", como ressaltam, e foi coroada com o ouro em Paris. Antes disso, a dupla havia se unido pontualmente para as Olimpíadas da Juventude, em 2014, e foi campeã, mas trilhou rumos separados. Fez parte do processo até seus caminhos se encontrarem novamente.

"Todo mundo acha que a gente se separou lá na base, e a verdade é que eram momentos totalmente diferentes. Nós éramos atletas de base, a Duda já mais consolidada e com um caminho a ser seguido. Naquele momento a gente estava realmente só representando a base da seleção, então não houve a quebra de um time. A gente só se juntou para jogar e seguimos nossos caminhos", diz Ana Patrícia.

Duas prodígios da modalidade, ambas formaram duplas com atletas mais experientes, mantendo a admiração mútua uma pela outra. Elas se credenciaram aos Jogos de Tóquio e foram juntas, embora separadas, ao Japão; Ana com Rebecca, e Duda, com Ágatha. Não tiveram os resultados esperados e, mais maduras, recalcularam a rota, atendendo à espécie de "súplica" para se reunirem que vinha de todos os lados.

"A gente sempre escutou muito que 'tinha que ser Duda e Ana Patrícia'. A gente respeitou muito o nosso processo, tudo o que a gente viveu com todas as parceiras que a gente teve a oportunidade de jogar foi importante para o nosso amadurecimento. Acredito muito que a gente se juntou na hora certa. As pessoas pressionavam muito para a gente se juntar desde antes e acho que a melhor coisa que a gente fez foi não ter se juntado antes porque a gente precisava passar por esse processo de amadurecimento", afirma a atleta.&nbsp;

A resposta que Duda deu exemplifica a harmonia da parceria: "Ela falou tudo". Não precisava acrescentar uma linha ao que a colega havia dito porque estão na mesma página. É assim dentro e fora das quadras. Desenvolveram uma conexão que as tornou mais do que meramente as melhores do mundo e medalhistas de ouro. Certa hora uma delas levanta e a outra saca, depois invertem, e também há os momentos em que alguma toma a frente. Seja em jogo ou em entrevista, por exemplo.

"Foi na hora certa porque eu acho que se a gente ficasse pensando nisso ia criar uma ansiedade, criar uma expectativa que não seria legal. Não vou nem falar que a gente planejou, porque a gente não planejou isso. No momento que coube, houve essa junção", afirma Ana Patrícia.

O convite para reeditarem a dupla, desta vez permanentemente, veio de Duda, em 2022. Após encerrada sua última parceria, para ela Ana Patrícia era mais do que a melhor opção, era a única que fazia sentido. A dinâmica específica do vôlei de quadra, em que elas convivem o tempo todo, foi um bônus a mais na relação. nesta quarta-feira (14), basta um olhar ou um movimento para se entenderem.

"Depois da finalização do ciclo de Tóquio, era a única pessoa que encaixava com o meu perfil, com o meu jeito, e o potencial que ela tem. Então, eu chamei ela para jogar e deu tudo certo. A gente se respeita muito, entende uma a outra, isso facilita em tudo. Tanto para ter um momento de calma, às vezes tenho que ficar no meu canto ou respeitar o espaço dela, quanto a união. A gente as conhece tanto também que já é meio que automático", diz Duda.

"A gente vive junta 24h por dia. O jeito que a gente acorda, a gente já sabe quando uma quer falar, quando a outra não quer, quando a outra quer comer, quando a outra não quer. Então, acho que a convivência fortaleceu muito esse laço nosso e acaba que a gente se respeita muito, que a gente se conhece demais. E a gente tem uma conexão muito grande de olhar e de se trocar. Um não quer falar, a outra fala", afirma Ana Patrícia.

Juntas, foram campeãs de tudo, e seguem ávidas por mais. Agora querem mesmo é descansar após a conquista máxima em Paris, mas já pensam em Los Angeles, logicamente que uma ao lado da outra. Duda, inclusive, faz uma declaração à parceira: quer seguir pelo resto d carreira (que ainda está muito longe de acabar) com Ana Patrícia.

Eu quero terminar minha carreira com a Ana Patrícia porque eu não me vejo com outra parceira. A gente não sabe o destino, só que a gente tem uma sintonia muito grande, uma amizade que eu acho que vai além das quadras, isso ajuda muito no nosso dia a dia, porque a gente fica bem, sempre perto, vive junto. E é assim, eu quero continuar com ela, espero que ela queira também continuar comigo. Duda

Ana Patrícia mal precisou se dar ao trabalho de reagir, correspondeu à declaração da amiga com um sincero "Dã". Para ela, também é óbvio que seguirão juntas. E Los Angeles é logo ali. "Para mais quatro anos aí, se Deus quiser. Até a próxima Olimpíadas e mais muitos anos de parceria", completou.

Ana Patrícia e Duda: Clamor e amadurecimento reuniram campeãs olímpicas

Vôlei de Praia

"O esporte olímpico não é uma coisa valorizada. Cara, o dia que eu parar de saltar, zero, se vira. O que é que tu tem depois? E essa é a importância das redes sociais, né? Disso que tá acontecendo. Porque tu consegue acabar trabalhando essa parte."

Almir Jr. - @3almirjr no Instagram - ficou em 11º lugar no salto triplo nos Jogos de Paris. Chamou a atenção mais por um gesto que lhe rendeu a atenção da transmissão olímpica de TV para o mundo inteiro. Após a prova, ainda na pista, pediu em casamento sua companheira, a influencer Talita Ramos - @taliramos, que tem 1,4 milhão de seguidores no Instagram.

O pedido de casamento rendeu 2.200 comentários no Instagram dela e 936 no dele.

Nos Jogos de Paris, Almir saltou de 161 mil para 203 mil seguidores, um crescimento de 26%. 
A declaração acima, dada por Almir logo após a final do triplo, é reveladora da preocupação que alguns atletas passaram a ter com as redes sociais.

A reportagem levantou o número de seguidores no Instagram de 279 atletas da equipe olímpica brasileira nos Jogos, no dia da cerimônia de abertura e no dia do encerramento. Os números revelam algumas curiosidades.

Uma delas é uma mudança no perfil dos atletas olímpicos mais populares. Sai o vôlei, entra a ginástica. Se antes dos Jogos quatro nomes das quadras (Bruno Rezende, Gabi Guimarães, Rosamaria e Thaisa) estavam no top 10, agora não há mais nenhum. Em compensação, a ginástica artística passou de dois (Rebeca Andrade e Arthur Nory) para cinco (Rebeca, Flavia Saraiva, Julia Soares, Jade Barbosa e Lorrane Oliveira).

Em parte, isso se deve ao "efeito medalha", mas também às campanhas que a CazéTV promoveu para ampliar o número de seguidores de vários atletas uma forma de ajudá-los a obter patrocínio.

E os medalhistas já estão tirando proveito.

Do alto de seus mais de 1 milhão de seguidores somados, Ana Patrícia (640 mil) e Duda (530 mil) postaram ainda em Paris a primeira "parceria paga" pós-ouro olímpico, para uma marca de chinelos de dedo. Beatriz Souza, ouro no judô, postou suas participações nos programas de TV de Luciano Huck e Pedro Bial.

Outros, como Larissa Pimenta, dois bronzes no judô em Paris (individual e por equipes), e Natinha Araújo, do vôlei feminino, trocaram a foto de perfil e agora exibem com orgulho suas medalhas. 
No quesito crescimento, ninguém superou Beatriz Souza na delegação brasileira. Ela saltou de 11,4 mil seguidores para 3,3 milhões.

O segundo maior crescimento, em termos percentuais, foi de Valdileia Martins, do salto em altura. Além de conseguir a classificação para a final de sua prova, ela comoveu o público devido à morte do pai, quatro dias antes de disputar a eliminatória no Stade de France. Passou de 1.900 para 207 mil seguidores.

Os medalhistas brasileiros tiveram, na média, um aumento de 842% no número de seguidores. Mas os não medalhistas também tiveram um ganho médio significativo, de 167%.

Quando, em vez da média, se adota como critério de comparação a mediana (o valor exatamente no meio da lista), menos sujeita a distorções, a medalha rende 51% a mais de seguidores, contra 25% sem medalha.

O fenômeno dos atletas-influenciadores parece ser mais acentuado no Brasil que em outros países, onde os heróis olímpicos têm números de seguidores mais modestos.

Noah Lyles, o americano que venceu os 100 metros rasos, tem 1,5 milhão de seguidores, mesmo valor do superjudoca francês Teddy Riner, e só um pouco a mais que outro herói olímpico local, o nadador Léon Marchand, ganhador de quatro medalhas de ouro.

Por outro lado, a superginasta Simone Biles tem 12,5 milhões de seguidores no Instagram, ainda à frente da amiga e rival Rebeca Andrade, apesar da campanha promovida por internautas para a brasileira ultrapassar a americana.

A exposição na mídia, por si, não é garantia de explosão no Instagram. A nadadora Ana Carolina Vieira, desligada da delegação durante os Jogos, acusada de indisciplina, esteve nas manchetes dos jornais e sites, mas isso lhe rendeu 22 mil seguidores novos mesmo assim, um crescimento de mais de 150%.

O esforço dos atletas para bombar nas redes não termina com os Jogos. Ainda no Stade de France, os repórteres brasileiros perguntaram a Almir Jr. quando será o casamento com Talita. 
"Acompanha isso nas redes sociais aí. Valeu", foi a resposta dele.

Top 10 atletas olímpicos brasileiros com mais seguidores

Em milhões 
Posição - atleta - esporte - seguidores

1 - Gabriel Medina - surfe - 14,20 
2 - Rebeca Andrade - ginástica art. - 11,3 
3 - Rayssa Leal - skate - 9,20 
4 - Paulo André - atletismo - 7,60 
5 - Flavia Saraiva - ginástica art. - 5,10 
6 - Beatriz Souza - judô - 3,30 
7 - Marta - futebol - 2,90 
8 - Julia Soares - ginástica art. - 2,7 
9 - Jade Barbosa - ginástica art. - 1,90 
9 - Lorrane Oliveira - ginástica art. - 1,90

(André Fontenelle, Paris, Folhapress)