Allan Aal, técnico do Vila Nova, não tem dúvida que o caminho que o time colorado tem percorrido no 2º turno da Série B tem como destino a permanência na competição nacional. O treinador de 43 anos é um dos responsáveis pela recuperação do Tigre, que perdeu apenas uma vez no returno e segue vivo pela manutenção na 2ª Divisão.Uma marca que o treinador fez questão de colocar no Vila Nova é a de ser competitivo. É algo que o paranaense de Paranaguá tem no seu estilo de jogo desde os tempos em que trabalhou no Rio Branco-PR, clube em que teve a primeira oportunidade como técnico, em 2011.“Brinco com os atletas que futebol não é ginástica artística, em que você ganha ponto por apresentação. Precisa colocar a bola na rede. Movimentação ofensiva, tomar as decisões rápidas, agredir espaço, força física para pressionar o adversário quando inicia a jogada são fundamentais. A competitividade você adquire no dia a dia. Vem dando certo, mas sem abrir mão da qualidade”, falou Allan Aal.Leia também- Perto de se tornar avô, técnico do Vila Nova curte filhos à distância- Com duas ausências, Vila Nova viaja para BrusqueUm dos objetivos do treinador foi recuperar jogadores experientes do time, como Wagner e Rafael Donato.“O Wagner estava incomodado por não render como esperava. Eu deposito muita confiança nos jogadores com históricos dentro do clube ou fora, ainda mais em momento difícil. Falando do Wagner, o dia a dia dele é de um garoto de 20 anos de idade. Tem que conversar com ele para se dosar, o Donato é a mesma coisa. A gente conversou com ele (Donato) que algumas situações estavam assumindo responsabilidade num setor do campo em que não poderia errar”, revelou.O paranaense é o terceiro técnico do Vila Nova no ano. O Tigre iniciou a temporada com Higo Magalhães, que deixou o time para a chegada de Dado Cavalcanti, já durante a Série B. De acordo com Allan Aal, o bom ambiente no clube colorado, que em sua chegada era lanterna na competição nacional, foi um dos principais fatores para o acerto.“Um dos motivos que fizeram eu brilhar o olho para vir foi essa blindagem e conduta da diretoria. No momento ruim, o Dado (Cavalcanti) é mantido por todos acreditarem numa recuperação. Isso mostra o perfil do clube. A torcida, tradição e camisa me chamaram atenção, mas internamente essa proteção positiva da gente se preocupar somente com o trabalho foi determinante”, detalhou Allan Aal, que tem como meta ajudar o Vila Nova a se manter na Série B.“Acredito, de uma maneira muito forte, na permanência justamente porque se criou algo forte em termos de relação, de comprometimento com o trabalho, entendimento. No momento certo, a gente se fortalece mentalmente e os resultados vêm acontecendo. O dia a dia dá respaldo e possibilidade, sem dúvida nenhuma. Temos força, trabalho, condição, elenco para permanecer na Série B”, garantiu Allan Aal.Ex-zagueiro, Allan Aal pendurou cedo as chuteiras. Aos 30, com problemas no joelho direito, após uma lesão na fíbula, o paranaense optou por ver o jogo à beira do gramado. A transição foi rápida. A aposentadoria precoce ocorreu em 2009, dois anos depois ele já estava treinando o Rio Branco-PR, um dos clubes que defendeu na carreira profissional.“Sempre tive entendimento grande do jogo. Não fui craque. Não fui destaque individual nas equipes que joguei, e joguei seis séries A, mas sempre fui um cara que teve leitura do contexto total, dentro e fora de campo. Sempre fui liderança positiva e enxergava algumas coisas em campo que outros jogadores não enxergavam. Isso eu trouxe como técnico”, contou Allan Aal, que trabalhou diretamente com treinadores como Abel Braga, Cuca, Antonio Lopes, Ricardo Gomes, Levir Culpi e Joel Santana.“São treinadores de perfis e trabalhos diferente. Desde quando eu jogava, já tinha a percepção que enxergava mais do lado de fora do que de dentro, por isso sabia que permaneceria no meio e não fiquei tanto tempo parado”, detalhou o treinador.O Vila Nova é o 11º time profissional da carreira de Allan Aal como técnico. Apenas uma vez, trabalhou com categorias de base, processo que foi fundamental para o treinador chegar ao seu atual momento na carreira.“Eu já estava no profissional (do Rio Branco-PR) quando recebi o convite. Entendi que era um processo que precisava passar, foi um clique que tive na cabeça. Passei pelo sub-17, 20 e 23 do Coritiba. Foi fundamental para minha carreira a leitura, o entendimento do jogo, os trabalhos. Ali, você pode errar, por também estar em formação. Essa maturação, de praticamente passar por todas as categorias de base, foi fundamental”, contou Allan Aal.