A carreira de um atleta nem sempre se desenvolve como planejada. Tem percalços, mas há sempre a chance do recomeço. O atacante Igor Cássio, de 26 anos, conseguiu driblar as lesões nos joelhos, além de encarar três cirurgias, a solidão e o silêncio nas salas de fisioterapia e o longo tempo de recuperação. Neste domingo (23), ele entra em campo para começar a decidir o Campeonato Goiano e com a chance de terminar a competição como artilheiro.Como teve três pausas durante as contusões, Igor Cássio calcula que ficou pelo menos dois anos inativo. Na temporada 2025, o jogador finalmente pôde ter uma sequência de partidas que tanto almejava. Jogos em série, gols para festejar e fazer a alegria dos torcedores do Anápolis e a possibilidade de ganhar o título do Goianão na final que será disputada diante do Vila Nova, em duas decisões - o jogo da volta será no dia 30.“Para mim, é um ano (2025) muito especial. Se acontecer de ser artilheiro, será muito bom. O atacante tem de buscar o gol, a nossa posição exige isso. Mas, com toda sinceridade, prefiro mil vezes o título do que a artilharia”, disse Igor Cássio, um carioca de 26 anos que curte o momento especial da carreira em Anápolis. No clube, ele já é campeão do Interior (2025), além de finalista e de ter garantido vaga na Copa do Brasil de 2026. O título do Goianão ficaria como a cereja do bolo. Igor Cássio lidera a artilharia (seis gols) e só pode ser superado por alguém do Vila Nova - o zagueiro Bernardo Schappo e o meia Igor Henrique têm três gols, cada. O atacante pode quebrar uma marca de 44 anos. Desde 1981, quando Zé Amaro foi artilheiro do Estadual (27 gols), o Anápolis não tem o goleador da competição. Antes, Nelson Parrila (16 gols, no título de 1965, e 17 gols, em 1966) e Divino (13 gols em 1979) terminaram pelo Anápolis como goleadores do Goianão.A nova fase de Igor Cássio confirma o que se esperava quando estava na base do Botafogo, após início no Artsul (de Nova Iguaçu-RJ). No Botafogo, ele conquistou os títulos do Brasileiro Sub-20 (2016) e do Campeonato Carioca Sub-20 (2016). Foi vice da Copa RS (2016) e goleador do torneio (quatro gols). No meio daquele ano, foi chamado pelo técnico Rogério Micale para a seleção brasileira sub-20 no Quadrangular de Seleções (Chile). O Brasil foi campeão e Igor Cássio, então com 18 anos, era opção na vaga de Felipe Vizeu. “A convocação agregou muito à minha carreira.”A estrada parecia retilínea para Igor Cássio, mas ele teve a primeira lesão grave nos ligamentos do joelho direito, em 2017. Foram sete meses inativo. O tempo exigiu resiliência. Depois, o jogador teve algumas chances no time principal do Botafogo (2018, 19 e 20) até ser negociado com o Porto B (Portugal), em 2021. No mesmo ano, voltou ao País para atuar pelo Tombense-MG.Em 2022, o atacante iniciou a história no Anápolis, mas, após três jogos no Goianão, teve outra contusão nos ligamentos do joelho - desta vez, no esquerdo. Foram mais nove meses parado. O retorno pelo Galo da Comarca, em 2023, foi coroado por um único, mas decisivo, gol sobre o Vila Nova (1 a 0, no Estádio Onésio Brasileiro Alvarenga). O Anápolis foi à semifinal, garantiu vaga na Copa do Brasil de 2024 e deu o primeiro sinal de que estava se fortalecendo. “Foi um gol marcante”, definiu.Como era do Tombense-MG, voltou ao clube mineiro em 2024. Novamente, o Galo da Comarca conseguiu o empréstimo dele, mas, antes da Série D de 2024, da qual o Anápolis foi vice, sofreu a terceira lesão no joelho (a segunda no esquerdo). Foram mais nove meses de angústia e nova etapa de recuperação. “Pensei em parar com a carreira.”Igor Cássio tem motivos para sorrir de novo. Ele diz que foi muito bem acolhido em Anápolis, gosta da cidade e do jeito goiano dos moradores. Ele diz que gosta de “brincar com as pessoas”, mas fica “meio tímido” quando tem de dar entrevistas às TVs. Porém, procura driblar isso. Afinal, o sorriso do artilheiro está no ar após mais de dois anos sofrendo com as contusões.Igor Cássio sonha com o título e a sequência sem lesões. O futuro da carreira, segundo ele, passa pela felicidade de atuar. “Sinceramente, o que mais gosto é jogar. Estou feliz por isso. Não penso muito no que virá. Estar em campo já é uma grande conquista.”