O segundo ciclo do ex-jogador e técnico Jorginho, no Atlético-GO, começa com a incumbência de recuperar um elenco que se vê sob a desconfiança por causa do início ruim no Brasileirão e da instabilidade mostrada nas últimas partidas, sejam da Copa Sul-Americana, da Série A ou Copa do Brasil. Além disso, o Dragão tem a marca da rotatividade de treinadores em 2022. Entre interinos e os que assumiram o cargo, o rubro-negro está entre os clubes que mais fizeram trocas de comando neste ano, dentre os que disputam a Série A. Só se iguala ao homônimo homófono, o Athletico-PR. Os dois xarás estão na casa de cinco comandantes diferentes na temporada.Nos 31 jogos disputados em 2022, a maior estabilidade do Atlético-GO foi sob a direção de Umberto Louzer, antecessor de Jorginho que foi demitido no último sábado (14), após derrota para o Atlético-MG, em Belo Horizonte. Umberto Louzer dirigiu o Dragão 22 vezes, conquistou o Goianão, deixou o time líder do Grupo F da Copa Sul-Americana e classificado às oitavas de final da Copa do Brasil. Mas a equipe não teve a mesma regularidade na Série A, está na zona de rebaixamento e sem vencer.Anderson Gomes, o quarto nome da lista rubro-negra, comandou o time só uma vez, na vitória de 1 a 0 sobre o Antofagasta (Chile), pela Sul-Americana.Leia também+ Técnico e presidente do Atlético-GO garantem que problemas de 2021 foram superados+ Adson Batista vê Dragão ansioso e espera evoluçãoJorginho acredita que é possível acreditar na longevidade do trabalho de técnicos dentro do instável futebol brasileiro. Porém, ressalta que o momento atual é mais favorável aos treinadores estrangeiros. Na Série A, entre os treinadores que começaram a temporada, os que permanecem são, na maioria, de outros países: os argentinos Juan Pablo Vojvoda (Fortaleza) e El Turco Mohamed (Atlético-MG), o paraguaio Gustavo Morínigo (Coritiba), os portugueses Paulo Sousa (Flamengo) e Abel Ferreira (Palmeiras). Dos técnicos brasileiros, só Rogério Ceni (São Paulo) e Maurício Barbieri (Red Bull Bragantino-SP) não caíram."É possível (trabalho a longo prazo). Alguns já conquistaram isso. Rogério Ceni conquistou isso no Fortaleza (2018, 19 e 20), o Renato (Gaúcho) no Grêmio (2017 a 2021), no Red Bull (Bragantino, com Maurício Barbieri, a partir de 2020) que passa de um ano. É possível, mas naturalmente existe uma cobrança muito grande.", lembrou o técnico atleticano.O senão da situação é a transitoriedade do futebol brasileiro. O imediatismo é a marca da maioria dos clubes, especialmente quando resultados não aparecem. Ano passado, Jorginho pediu demissão do Atlético-GO com 71% de aproveitamento, depois trabalhou no Cuiabá-MT, evitou o rebaixamento do clube à Série B e o levou à Copa Sul-Americana. Mas não renovou. Estava em casa quando foi procurado de novo pelo presidente do Atlético, Adson Batista. Na opinião do treinador, o mercado está mais favorável aos estrangeiros. Nesse ponto, pode ter em Adson um bom aliado, pois o dirigente atleticano tem definido o momento como "modinha" e que não pretende trazer técnicos de fora e auxiliares para ficarem "vegetando" no clube."O que não pode acontecer ou que tem acontecido é que alguns treinadores, principalmente os estrangeiros, contam com mais paciência, por exemplo, por parte da imprensa, da diretoria e da própria torcida. E, treinadores brasileiros, normalmente não. Então, não pode existir esta questão de nacionalidade. O ideal é que cada um tivesse um tempo longo de trabalho. Conheço bem o elenco aqui, mas alguns jogadores, não conheço a personalidade. Conhecer bem, leva tempo", argumentou Jorginho, de 57 anos.Ele retorna ao Dragão ao lado do auxiliar, Joelton Urtiga. Terá de ser pontual para levar o elenco à recuperação na Série A, o que incomoda à cúpula e à torcida do Dragão. Adson Batista dá todas as condições de trabalho à comissão técnica, mas costuma ser exigente e crítico do trabalho dos treinadores e dos jogadores. Na coletiva de apresentação de Jorginho, o dirigente disse, por exemplo, que o uruguaio Leandro Barcia "está devendo" ao clube, pois ainda não fez boas atuações desde o início da temporada. Outros estão na lista de devedores. Mas, geralmente, os treinadores pagam por isso. Na temporada passada, a rotatividade foi marca do clube: João Paulo Sanches, Jorginho, Eduardo Barroca, Eduardo Souza e Marcelo Cabo dirigiram o Dragão. Jorginho terá de resgatar a confiança do elenco, além de extrair dele um bom futebol, começando a partir deste sábado (20), quando faz a estreia na Série A contra o Coritiba, em Goiânia.