Na vida e na carreira de Ronaldo, nem tudo saiu como previsto. O que era para ser, não foi, mas acabou se transformando em nova realidade na trajetória do ggoleiro do Atlético-GO, que, na tarde deste domingo (8), disputa o primeiro clássico goiano dele, no Estádio Antonio Accioly. O Dragão recebe o Goiás pela 5ª rodada da Série A com um novo camisa 1.Ronaldo se tornou titular da equipe atleticana há poucos dias e jogará a 5ª partida dele pelo clube. “É bom demais (clássico). Todo jogador adora jogar este tipo de jogo e comigo não é diferente. Joguei o Ba-Vi (Bahia x Vitória) e espero fazer uma grande apresentação no clássico daqui. É um jogo que mexe com cada um”, disse o goleiro, que tem 25 anos e 1,94m.Até agora, Ronaldo atuou nos empates com Botafogo e Cuiabá-MT (ambos por 1 a 1), na derrota para o Antofagasta (2 a 1) e na vitória sobre o Defensa y Justicia (3 a 2). A participação na Copa Sul-Americana é a primeira vez de Ronaldo num torneio internacional.Mesmo que tenha sofrido seis gols, Ronaldo mostrou desenvoltura e fez boas defesas nestas partidas. Por isso, o clássico é importante para se manter titular no clube, algo pelo que planejou e trabalhou. Diferente dos “imprevistos” anteriores.As mudanças de trajeto na história do goleiro começaram pelo nome de batismo, em Salvador. Filho do engenheiro agrônomo Odacir e da veterinária Evani, Ronaldo não seria Ronaldo. Explica-se: a mãe, apaixonada pela mitologia grega, queria que o filho se chamasse Hércules. O pai, louco por futebol, acompanhava de perto o surgimento e crescimento de outro mito, não o mitológico, mas o do esporte. O xará famoso ainda não era Fenômeno em 1996, mas o pai do goleiro driblou a mãe e o registrou, no cartório, como Ronaldo Oliveira Strada. Depois, até descobriu, na internet, um cantor sertanejo que também se chama Ronaldo Strada. Sobre o gosto musical, o goleiro define-se como “eclético”. O sobrenome Strada vem do bisavô italiano.No segundo imprevisto, Ronaldo era atacante, assim como o Fenômeno. Morador em Cruz das Almas-BA, o menino “atacante de área”, como lembra, decidiu fazer testes no Vitória, em 2010. Por causa da estatura elevada para um adolescente, foi convencido a treinar no gol. “Tinha muita gente boa no ataque, muitos meninos atacantes. Virei goleiro.”Deu certo e nasceu, ali, o goleiro que ficaria no Vitória de 2010 a 2021. “Eu me identifiquei bastante com o Vitória. Não sei explicar por que fiquei 11 anos, mas é uma boa história”, definiu o jogador do Dragão. Neste período, chegou a começar o curso de Administração, fez um período. Porém, desistiu por conta do pouco tempo disponível.No Vitória, uma das referências para um goleiro iniciante é o frio Dida, pentacampeão mundial (2022) e titular da seleção na Copa do Mundo de 2006. Para Ronaldo, não é diferente, mas ele tem outros referenciais, como o italiano Gianluigi Buffon, “quanto mais velho, melhor”, e o belga Thibaut Courtois. Após chegar ao Atlético-GO, também procura se espelhar na linhagem de goleiros do clube que vieram do futebol baiano: Márcio (ex-Bahia, ídolo e recordista de jogos no Dragão), Jean (ex-Bahia, titular em 2020) e, por último, Fernando Miguel (titular ano passado e ex-Vitória).“Dida é uma referência. É muito centrado”, disse Ronaldo, que também gosta da discrição, assim como o ex-goleiro da seleção brasileira. Ronaldo começou pela chamada Fábrica de Talentos, como o Vitória é conhecido, por revelar nomes como Dida, Vampeta, Júnior, David Luiz, Hulk, Dudu Cearense, Alex Alves e outros jogadores bastante conhecidos no futebol brasileiro.O goleiro atleticano chegou a ser pré-selecionado para uma lista da seleção brasileira de base. Se destacou na Copa do Brasil Sub-20 de 2014, em que o Vitória chegou à final diante do Inter-RS e foi vice-campeão. “Eu era dois anos mais novo (18 anos) do que o limite de idade do torneio. Foi muito importante”, afirmou o goleiro que, de 2014 a 2018, pôde conviver com Fernando Miguel no clube baiano. Assim que apareceu a proposta do Dragão, uma das primeiras pessoas consultadas por Ronaldo foi o ex-camisa 1 atleticano.Até aquele momento, apareceram sondagens de outros clubes: futebol português, Cruzeiro, Vasco, Palmeiras. Ronaldo deixou o assunto para os representantes dele. “Quando houve a proposta, gostei muito, pois sei que é um clube que está crescendo, que busca quebrar metas”, explicou o goleiro, casado com Beatriz e pai do pequeno Theodoro, de apenas dez meses. Segundo ele, a mulher se adaptou muito bem a Goiânia, não pretende deixar a capital goiana e ambos vão planejando o futuro em Goiás e no Atlético-GO.