A campanha de Beatriz Haddad Maia no Australian Open já pode ser considerada histórica para o tênis brasileiro. Nesta quarta-feira (26), a brasileira e a cazaque Anna Danilina venceram as japonesas Shuko Aoyama e Ena Shibahara por 2 sets a 1 (6/4, 5/7, 6/4) e avançaram à final do torneio de duplas femininas em Melbourne.Após dominarem a maior parte dos dois primeiros sets, Bia e Danilina chegaram a ter um match-point, mas não aproveitaram. Na sequência, a brasileira teve seu saque quebrado pela primeira vez no jogo, e as japonesas empataram o placar. Apesar da queda de rendimento e da tensão, elas conseguiram se recuperar para fechar a partida no terceiro set.As rivais eram as cabeças de chave número 2 e, portanto, favoritas na semifinal. Como também serão as adversárias pelo título: a dupla das checas Barbora Krejcikova e Katerina Siniakova, cabeças 1, que bateu a parceria da belga Elise Mertens com a russa Veronika Kudermetova, cabeças 3, por 2 sets a 0 (6/2 e 6/3). A decisão está marcada para 1h de domingo (30), no horário de Brasília.Bia Haddad, 25, tornou-se a terceira tenista do país a chegar à final de um dos torneios do Grand Slam, os quatro mais importantes do esporte.As outras foram Maria Esther Bueno, vencedora de 19 troféus desse nível (11 em duplas, 7 em simples e 1 em duplas mistas), o último em 1968, e Cláudia Monteiro, vice-campeã nas duplas mistas de Roland Garros em 1982.Bia é ainda a primeira mulher brasileira na final do Australian Open na era profissional do esporte, que começou em 1968. Maria Esther conquistou um troféu de duplas do torneio, em 1960, e foi vice de simples em 1965. Já Bruno Soares triunfou em duplas masculinas e duplas mistas em 2016.O resultado da paulista reforça um ótimo momento do tênis feminino do país. Em setembro de 2021, Luisa Stefani, 24, chegou às semifinais do US Open e quebrou uma marca de 53 anos sem que uma brasileira alcançasse essa fase na chave de duplas femininas de um Grand Slam.Antes, Luisa e Laura Pigossi, 27, conquistaram a primeira medalha olímpica do Brasil no esporte, com o bronze nos Jogos de Tóquio.A campanha de Bia na Austrália, especialmente pelo resultado obtido nesta quarta, é surpreendente. Diferentemente de Luisa, que se especializou como duplista nos últimos anos e atingiu o top 10 do ranking (atualmente é a 11ª e está lesionada), ela sempre priorizou os torneios de simples. Ainda assim, já conquistou três títulos de duplas no principal nível do circuito.A parceria com Danilina, 26 anos e 53ª colocada do ranking de duplas, começou de forma inesperada no início de 2022, após uma desistência da argentina Nadia Podoroska, com que a brasileira inicialmente jogaria na Austrália.A dupla recém-formada conquistou um título importante logo de cara, no WTA 500 de Sydney ---na ocasião, também superou as favoritas japonesas nas semifinais. Agora já são nove vitórias consecutivas para elas.Embalada, Bia entrou no Slam como 150ª colocada do ranking de duplas e alcançará pelo menos o top 50 com o resultado obtido até aqui. Em simples, ela era a 83ª e venceu seu primeiro jogo na chave, mas parou em seguida na romena Simona Halep.A paulista fez uma temporada de recuperação em 2021 e voltou ao top 100 após recomeçar praticamente do zero no circuito.Em julho de 2019, a tenista foi suspensa por doping. A pena acabou fixada em dez meses, após a defesa ter conseguido provar que as substâncias anabólicas encontradas no exame entraram em seu organismo por meio de suplementos alimentares contaminados.Bia estaria liberada para jogar em maio de 2020, mas o circuito só foi retomado em agosto daquele ano, por causa da pandemia. Devido aos pontos perdidos nesse período, ela retomou a carreira a partir da 1.342ª posição, disputando uma série de torneios pequenos pelo mundo.