O futebol goianiense tem sofrido nas primeiras rodadas das duas principais divisões do Campeonato Brasileiro. Atlético-GO, Goiás e Vila Nova patinam no início de trajetória nacional e terão de fazer uma competição de recuperação neste começo. O Tigre amarga a zona do rebaixamento à Série C, enquanto na divisão acima os dois representantes goianos não venceram após quatro rodadas e estão no Z4.O momento ruim atual dos três clubes pode ser comparado com a má fase vivida em 2010, que foi a primeira vez em que os três principais clubes da capital experimentaram essa situação ao mesmo tempo nos pontos corridos.Em 2010, os clubes viviam a mesma configuração atual com Atlético-GO e Goiás disputando a Série A e o Vila Nova, na 2ª Divisão. Os três clubes ficaram na faixa de descenso ao mesmo tempo entre 31 de julho e 7 de setembro.Em 2022, os três clubes figuram na zona do rebaixamento ao mesmo tempo desde 23 de abril, quando o Vila Nova ingressou no Z4 da Série B. A esta altura, esmeraldinos e rubro-negros já estavam na zona do rebaixamento à Série B juntos desde 17 de abril, quando o Dragão ingressou na faixa.Conviver com o clube na zona de degola eleva o grau de estresse entre jogadores e exige que a união prevaleça para que o clube reme contra a correnteza, que fica mais forte a cada rodada que passa em um campeonato por pontos corridos.Atlético-GOO Atlético-GO empatou três vezes por 1 a 1 (contra Flamengo, Botafogo e Cuiabá-MT) e foi goleado pelo Red Bull Bragantino-SP por 4 a 0 nos quatro disputados na Série A. Assim, com três pontos e sem vencer na competição, o Dragão abre a lista dos clubes no Z4. A pontuação e posição na tabela são tratadas, no clube, como algo “momentâneo”, apesar de a situação exigir rápida reabilitação.À exceção do placar elevado em Bragança Paulista pela 2ª rodada do Brasileirão, a avaliação interna é de que a equipe atleticana se portou bem nos outros jogos, saiu à frente no placar, poderia tê-lo ampliado, mas foi castigado depois dos 30 minutos do segundo tempo, o que está se repetindo.Para o presidente do Atlético-GO, Adson Batista, o time poderia estar na parte de cima da tabela. “Estamos fazendo um campeonato dentro da normalidade. Hoje, poderíamos estar com 9 pontos, por causa dos últimos minutos. Confio totalmente no grupo e no time. Isso é momentâneo, pode escrever isso aí”, garantiu o dirigente.Para ele, o Atlético-GO está no caminho e as vitórias voltarão. Ano passado, o Dragão teve algumas fases de tropeços, de outubro a novembro. o time ficou sete rodadas da Série A sem vencer - foram três derrotas seguidas e quatro empates -, até que conseguiu se reencontrar com a fase estável, que, por pouco, não levou o clube à fase preliminar da Libertadores.GoiásNo Goiás, a permanência dentro do Z4 ao longo das quatro primeiras rodadas tem mexido com os jogadores. “Estão incomodados, mas trabalhamos o mental para o mais rápido possível sairmos (do Z4)”, disse o vice-presidente de futebol do Goiás, Harlei Menezes, que era atleta esmeraldino quando o Goiás vivenciou o período dentro da zona do rebaixamento em 2010, ao lado do rival Atlético-GO e via o ex-clube, Vila Nova, na mesma situação no degrau inferior do futebol nacional.Após quatro rodadas na atual edição, o Goiás soma apenas dois pontos conquistados. Só que as circunstâncias em que essa pontuação foi obtida anima os esmeraldinos. O Goiás empatou, em casa, com clubes poderosos do futebol nacional como Palmeiras e Atlético-MG. A capacidade competitiva demonstrada pela equipe nessas duas partidas faz o clube acreditar em dias melhores.Vila NovaO Vila Nova considera preocupante ocupar a faixa de rebaixamento após cinco rodadas. O clube iniciou a Série B com discurso de disputar o acesso, mas, após os primeiros jogos, passou a lutar na parte de baixo. Jogadores acreditam que o time tem potencial para se recuperar.Nos dois últimos compromissos, contra Tombense e Londrina, o time colorado sofreu gols nos minutos finais e cedeu empates aos adversários. “Não podemos deixar de ter atenção. Do jeito que entramos ligados, temos que terminar. Poderíamos ter somado seis pontos. É página virada e não podemos nos apegar a isso”, opinou o experiente volante Ralf.Internamente, figurar entre os quatro últimos tem incomodado. Na avaliação do clube, os tropeços como mandante (empates com Novorizontino e Tombense) ocorreram, além da falta de atenção, por problemas no momento de decidir chances.Analistas veem potencial de retomadaPlanejamento e variáveis que ocorrem nas partidas são argumentos que analistas acreditam que expliquem os inícios ruins de Atlético, Goiás e Vila Nova no Campeonato Brasileiro, em suas respectivas divisões. Na análise de comentaristas consultados pelo POPULAR, o trio goianiense tem margem para evolução e retomada.Na Série A, o Goiás tem mostrado força, mas também oscila. O Atlético-GO, apesar de boas atuações, ainda sofre com gols no fim. Os resultados até aqui são normais, em determinadas partidas, e não esperados em outros duelos.O ex-goleiro Kléber Guerra, comentarista da TV Anhanguera, acredita que o Goiás pode melhorar na elite a partir do momento que resolver os problemas físicos do elenco. Só na Série A, o atacante Vinícius e os volantes Caio Vinicius e Auremir são desfalques por lesões musculares.“A preparação física vai sofrer ainda, muitos atletas estão buscando condicionamento, é um erro grave. Outras contusões podem ocorrer por causa do mau planejamento da preparação física. Investir muito na preparação física, recuperar os atletas que estão contundidos e seguir o planejamento para definir o melhor 11 são o caminho para a recuperação do time”, analisou Kléber Guerra.O Dragão ainda sofre com a falta de concentração e já deixou pontos escaparem na Série A em três partidas (Flamengo, Botafogo e Cuiabá) em que abriu o placar.“Sair na frente e tomar o gol, quando ocorre, às vezes é natural, mas tantas vezes, não. Estamos falando de jogos nos quais a expectativa era de resultados melhores do Atlético-GO. Todos os times (Goiás e Atlético) têm quatro jogos, mas não são os mesmos. Quando a gente fala de duelos contra times que devem ficar na parte inferior da tabela, o Atlético-GO tem que marcar diferença”, complementou Gabriel Dudziak.Um caminho que os especialistas acreditam que pode ajudar o Vila Nova a se recuperar na Série B é voltar a ter um consistente sistema defensivo. Historicamente, times com as melhores defesas figuram na parte de cima da classificação.“Me parece que essa média de 1,4 gol (na Série B) por jogo é o problema do Vila, que, no ano passado, com o Higo, conseguiu um registro muito bom, passando diversas partidas sem sofrer gols. Claro que seria bom que o ataque compensasse, mas isso é mais difícil de cobrar nesse momento. Primordial arrumar o setor defensivo para que ele funcione como na reta final da última Série B”, analisou o comentarista Gabriel Dudziak.