-Imagem (1.2493302)Na retomada após dois anos, a 29ª Caminhada Ecológica apresenta um perfil diversificado dos 22 atletas. A primeira novidade é a maior presença feminina dentro de uma mesma edição em relação a outros anos. São sete mulheres, que seguem abrindo caminho para que mais atletas possam participar nos próximos anos.Além disso, cinco atletas - dois homens e três mulheres - são estreantes e mostram que também há renovação. Eles serão acompanhados por um atleta recordista em participações seguidas no evento (27 presenças) e por quem também tem menos experiência para compartilhar, mas deseja aprender.Euzimar Silvania da Silva, Lilian da Silva Lemes Santos, Maria Lucilene Reges Oliveira (estreantes), Patrícia Gomes Fonseca, Rosana Corrêa Costa, Sandra Luiza Rodrigues Belchior e Suedina Gouveia Assis (participantes em mais de uma edição) fizeram os índices exigidos pela coordenação técnica do projeto. Todas se preparam com antecedência, durante meses, com treinos diários, participações em corridas de rua de fim de semana e orientação de profissionais ligados ao esporte.“O coração está saltando pela boca. Era um sonho antigo, foi a minha primeira seletiva. Não imaginava conseguir”, revelou Euzimar Silvania da Silva, de 50 anos. Técnica em Enfermagem, mãe de duas filhas e avó de um neto, a atleta acompanhava o projeto através de reportagens. Numa delas, conheceu a história de outras mulheres e se encorajou.Leia também:+ Com homenagens, Trindade recebe os 22 atletas da Caminhada Ecológica+ Tudo sobre a 29ª Caminhada EcológicaO exemplo de Suedina Gouveia, mãe e avó como Euzimar, serviu para encorajá-la. “Não fiz a seletiva de 2019 por causa de um compromisso. Agora, veio a oportunidade e disse que seria a minha vez. Se não conseguisse, esperaria o próximo ano. Consegui”, resumiu.A atleta estreante guarda energia para suportar a dureza dos cinco dias e 310 km do percurso. Euzimar voltará à turística Aruanã, onde esteve só uma vez, há cerca de 35 anos, quando ainda era adolescente e a cidade era bem diferente. “Espero conseguir, não ter problemas”, afirma.A expectativa da estreia de Euzimar Silvania também é sentida por Sandra Luiza Rodrigues Belchior, que participará pela terceira vez e foi destaque da seletiva, fechando entre os cinco melhores tempos. Em 2018, era estreante. No ano seguinte, recebeu o apito da organização e foi capitã por um dia.“A retomada era muito aguardada. Na verdade, estou muito ansiosa”, confessou Sandra Luiza. A condição de capitanear os atletas, há três anos, é uma forma de “reconhecimento que a Caminhada Ecológica traz às mulheres”, analisa.Durante os primeiros meses da pandemia do coronavírus, a atleta sentiu os efeitos da reclusão até voltar aos treinos, aos poucos. “Tive crise de ansiedade. Parei de treinar durante dois, três meses. Aquilo me fez mal. Até que retornei aos poucos. Treinava nas ruas vazias”, lembrou a atleta, que participa de grupo no Whatsapp da Caminhada Ecológica e tem presença ativa no agendamento de treinos e na divulgação de provas de atletismo.Durante a seletiva, Sandra e outros atletas conheceram o bombeiro Pedro Henrique Vilela. Ele fez as três etapas de 28 km exigidas pelos organizadores usando máscara e pretende usar a proteção durante os cinco dias, mesmo que tenha de trocar o apetrecho durante o dia. Pedro Henrique pedala diariamente cerca de 15km, fazendo o vaivém da casa ao trabalho. A bicicleta é a máquina que o faz exercitar. “Eu quero fazer a Caminhada, continuar e incentivar outras pessoas”, planeja o atleta e bombeiro.Pedro Henrique pretende também agradecer os gritos de incentivo durante a seletiva. “Alguém passava por mim e dizia: ‘acredite, você vai conseguir’.” O apoio foi decisivo. “Não foi fácil acordar no domingo (5 de junho). Acordei mal, mas não desisti, voltei e consegui completar a seletiva”, revelou.Enquanto Pedro Henrique é um dos novatos, o pedreiro João Batista Pereira de Souza chega à 28ª participação, um recorde do atleta representante de Aruanã e dono do melhor tempo na seletiva. João Batista cultiva a tradição de, a cada edição, levar o buquê de flores para a família. Na cabeça, planeja completar 30 edições da Caminhada Ecológica e continuar nela enquanto o corpo e a mente ajudarem.Ciclista amador, João Batista lembra que disputou 30 provas na região do Araguaia, venceu 29 delas e ganhou bicicletas de premiação. O atleta as trocava por tijolos e conseguiu construir uma casa em Aruanã. Na Caminhada Ecológica, é tão experiente quanto o coordenador técnico, Antônio Celso da Fonseca. O atleta ensina aos novatos que tenham ritmo próprio. “Não precisa ficar na rabeira, na tira. Nem precisa correr para andar na frente. É ficar ali no meio do pelotão, conversar com os outros, ter pensamento positivo e andar no mesmo ritmo.”Como as passadas dele são diferenciadas, João Batista costuma abrir uma das filas do pelotão. “Não gosto de ficar preso. Tenho de soltar as pernas.” O atleta não se gaba do recorde de participações, mas das amizades que faz a cada edição. É um João Batista cheio de fé e de amigos. “Eles dizem que a Caminhada Ecológica precisa do João Batista, mas falo que também preciso dela para continuar vivendo, pois me faz muito bem.”