-Imagem (Image_1.2475396)Raylanne Akira Campos Silva vai ganhar o mundo depois de conquistar títulos no caratê, esporte que pratica desde os 5 anos. A lutadora, que tem síndrome de Down e está hoje com 23 anos, se prepara para disputar o Campeonato Mundial IKU (World Championship, em inglês), entre os dias 27 a 30 de outubro, na cidade de Veneza, na Itália.Raylanne Akira, que é natural de São Luís-MA, mas mora em Senador Canedo há 15 anos, não cansa de vencer. Nos últimos anos pela categoria Especiais, foram cinco títulos do Campeonato Brasileiro, sete conquistas estaduais e, recentemente, a lutadora foi campeã da Copa do Brasil de Caratê, em Recife-PE, e da Copa Construindo Campeões, em Goiânia. Neste ano, a atleta passou a integrar a seleção brasileira.A lutadora tem em casa a inspiração para se dedicar ao esporte. Seu pai, Walbert Costa, é seu treinador e praticante da modalidade há mais de 30 anos.Início dos treinosRaylanne Akira começou a treinar aos 5 anos, quando seu pai percebeu os primeiros chutes e socos no tatame ao escutar o comando e entender o que precisava fazer.“Aos 2 anos, os médicos falaram que ela não teria coordenação sequer para bater palmas. Foi no caratê que ela deu respostas. Quando tinha 5 anos, estava caminhando sem cair, dava socos e chutes no comando da fala. Foi quando tive certeza que, por meio do esporte, ela deu respostas”, contou o professor Walbert Costa, pai e treinador de Raylanne Akira.A primeira competição de Raylanne Akira foi aos 7 anos. Dez anos depois, ela disputou um torneio estadual contra lutadores sem a síndrome e, em abril deste ano, foi convocada para integrar a seleção brasileira. O caminho é longo, mas o destaque no cenário foi conquistado pela competidora.“Estou muito feliz, mas nervosa também. O caratê me deixa feliz, tem muita gente igual a mim e é um esporte importante na minha vida. Meu pai, como treinador, é muito sério comigo, desde pequena, mas é importante”, comentou Raylanne Akira, que vai disputar o primeiro torneio mundial na carreira.“A convocação para a seleção ocorreu depois do título dela no Brasileiro, em João Pessoa (em abril deste ano). Foi com esse título que ela garantiu a presença no Mundial”, salientou Walbert Costa.Raylanne Akira treina três vezes por semana, às segundas, quartas e sextas, entre 17hs e 19hs, no Centro De Iniciativa Esportiva de Senador Canedo. Ela integra um projeto estadual, o Construindo Campeões, que auxilia com suporte nas viagens para competições e fornece uniformes. Em alguns casos específicos de torneios, custeia alimentação, hospedagens e taxas de inscrições. Seu pai e treinador, Walbert Costa, é o responsável por coordenar o projeto em Senador Canedo, onde os dois vivem.“O caratê mudou minha vida. Estou um pouco ansiosa para o Mundial, vai ser minha primeira vez e vou buscar uma medalha”, avisou a lutadora goiana, que é exemplo de que o esporte tem papel de inclusão e pode mudar vidas.Além do Mundial, o ano de 2022 reserva para Raylanne Akira a troca de faixa. “Estou me preparando para trocar de faixa. Tenho a marrom, vou passar para a preta. Será muito bom. Estou feliz demais da conta de ir para a Itália (para o Mundial) e trocar de faixa”, completou a lutadora.Sonho com modalidade nas ParalimpíadasO caratê passou a ser esporte olímpico na última edição dos Jogos, em Tóquio-2021, mas não teve a disputa nas Paralimpíadas. Por isso, competições mundiais e continentais ainda são o foco dos atletas da modalidade, como Raylanne Akira Campos Silva, que disputará seu primeiro Mundial em outubro.Para seu pai e técnico, Walbert Costa, a atleta tem chances de medalha na Itália. “O fato de ser o primeiro mundial é a concretização de um sonho que nós temos. Por ainda não ter uma categoria (nas Paralimpíadas), o Mundial é um dos focos. Participar é uma oportunidade que pode abrir portas para ela, no Estado e no País”, comentou o treinador. “Acredito que estará entre as três melhores”, afirmou o pai projetando o pódio.No plano de carreira de Raylanne Akira, que nos últimos anos acumulou títulos no Brasil e em Goiás, os Jogos Paralímpicos são uma meta para quando o caratê for inserido. Antes, ela se prepara para outras disputas.“Além do Mundial, temos a possibilidade de disputas de torneios como o Pan-Americano e o Sul-Americano. São torneios de destaque na modalidade. Mas tenho certeza que, quando tiver a chance de participar dos Jogos (Paralímpicos), ela estará presente”, salientou Walbert Costa.Por ter síndrome de Down, a atleta possui dificuldades de fala. Algo que Raylanne Akira repetiu ao POPULAR foi sobre o sentimento de felicidade pelo momento que vive no esporte. “Estou muito feliz” é algo que a lutadora compartilhou durante a entrevista.“Sou campeã no caratê, muito feliz pelos títulos, pela importância do esporte. Estou feliz que posso crescer com o caratê, aprender mais com o esporte. Estou maravilhada com o projeto que participo (Construindo Campeões) e pelas medalhas que conquistei”, contou Raylanne Akira.Leia também: Delegação goiana conquista 125 medalhas na Copa do Brasil de KarateAtletas goianos participam de torneio de karate em Recife -Imagem (Image_1.2475395)