Os clubes goianos que disputam a Série B do Campeonato Brasileiro apostam em suas próprias corridas de rua para aderir à tendêcnia, mobilizar seus torcedores adeptos da modalidade, além de fazer do evento uma ação de marketing e divulgação. O Atlético-GO tem a Corrida do Dragão. O Goiás, a Corrida do Verdão. Já o Vila Nova possui o Vila Run. Em mais uma edição do Corre que Dá, série especial do POPULAR sobre corrida, a reportagem conversou com torcedores que participaram da experiência esportiva de seus times do coração.Entre os três clubes goianienses, o Atlético-GO é quem tem a prova mais antiga. A Corrida do Dragão chegou a três edições, começando em 2023. A mais recente aconteceu no dia 30 de março de 2025, com largada e chegada no Estádio Antônio Accioly e percursos de 5 e 10 km.O corretor de imóveis Julio Amancio, de 60 anos, nascido em Goiânia, participou de todas as três edições. A sua jornada com a corrida começou há pouco mais de uma década e foi motivada por questões de saúde.“Minha história, acredito que é muito boa, de superação. Sofri um infarto aos 48 anos, e o médico me recomendou atividades físicas. Retornei para o futebol, mas a corrida me entregou mais do que eu imaginava. Faço 61 anos em setembro e, agora, corro mais de mil km por ano”, declarou.Julio já participou de várias corridas - só de meias maratonas (21km), foram 18. Ele faz atividades físicas toda segunda, quarta e sexta, com fortalecimento muscular, e nas terças, quintas e sábados faz corridas variadas. Os descansos vêm apenas aos domingos, quando não há provas. E, quando o assunto é Atlético-GO, ele sempre marca presença.“Sou atleticano de nascença, então estou por dentro das coisas do Atlético-GO. Participei de todas as corridas do Atlético-GO. Não participo de outras de forma alguma. Queriam até pagar a minha inscrição para a corrida do Goiás e eu falei que não corria, que podiam ficar despreocupados, que esse dinheiro não precisavam gastar”, brincou.Em 2025, Julio foi aconselhado por seu médico a não participar da Corrida do Dragão devido a uma cirurgia, mas, depois de explicar a importância da prova, o médico concordou que ele fizesse um trajeto menor.“É uma experiência muito boa, um percurso muito bom. Nessa última, eu queria ter feito 10 (km), mas acabei me inscrevendo para a prova de 5 km porque tive de fazer uma cirurgia. Mas é muito bom, um percurso muito desafiador, e tenho vontade de participar toda vez que puder. Eu faço questão. Falou que é o Atlético-GO, eu estou junto”, complementou.No Vila Nova, a Vila Run existe desde 2024 e já teve duas edições. Assim como o circuito do Atlético-GO, que começa e termina em seu estádio, a prova colorada tem início e fim no Onésio Brasileiro Alvarenga. As modalidades são de 10 e 5 km, e também há categorias infantis com distâncias de 50m (0 a 3 anos), 100m (4 a 6 anos), 200m (7 a 9 anos) e 300m (10 a 12 anos).A professora goianiense Ludmila Siqueira, de 44 anos, ficou sabendo da Vila Run por meio das redes sociais do clube e do projeto Vila Olímpicos, que atua em outras áreas esportivas do alvirrubro e possui uma assessoria de treinos de corrida.“Eu corro há quatro anos. Comecei após a pandemia, em uma atividade de integração da academia que frequento. Mal conseguia correr 1 km. Depois disso, me desafiei a tentar correr e me apaixonei pelo esporte. A corrida, para mim, é sinônimo de superação e de ter um momento comigo mesmo”, disse a professora.Ludmila, assim como Julio, sente um gosto especial por participar de uma corrida organizada pelo time do coração e não pensa em frequentar a Corrida do Dragão ou a Corrida do Verdão. “Mesmo gostando de correr, nunca participei da corrida dos rivais porque me recuso a usar a camisa dos outros times.”Para Ludmila, a Vila Run, cuja organização é da Central da Corrida, foi uma motivação emocional maior do que outras provas. Participar foi uma união entre duas paixões.“É sempre muito bom correr. Quando junta o amor pelo time, a corrida vira festa e há demonstração de amor ao clube. Comemorar o aniversário do time pelas ruas dos setores Vila Nova e Universitário nos traz a sensação de pertencimento, pois cresci no Setor Vila Nova. Tem opós-corrida dentro do OBA. O grito ‘Viiiilaaa’ a cada esquina durante o trajeto é a melhor parte. Participei das edições de 2024 e 2025. Se tudo der certo, em 2026 estarei lá novamente”, projetou.A Corrida do Verdão, do Goiás (que assim como a Corrida do Dragão, conta com organização da Hanker), teve a sua primeira edição neste ano, no último dia 3 de agosto. Foram percursos de 5 e 10 km, com largada e chegada no Estádio Hailé Pinheiro. A pedagoga goianiense Rafaela Segato, de 27 anos, foi uma das participantes.“Como sou torcedora do Goiás e sigo todas as páginas relacionadas ao time, foi fácil ficar por dentro da notícia da corrida”, disse Rafaela. A pedagoga contou que ama praticar atividades físicas, faz musculação há mais de três anos e, no ano passado, a corrida surgiu em sua vida por meio do namorado, Paulo Estevão, que já tinha o hábito de correr e na Corrida do Verdão fez 10 km, enquanto Rafaela correu 5.“Como amo meu time, apesar das raivas, adorei demais a iniciativa do clube em organizar a corrida. Foi incrível. Espero muito que o clube faça mais e mais edições. É uma festa para mim e acredito que para mais pessoas também. Ver a animação do público por correr e na expectativa de terminar a corrida bem e com um bom tempo. Na largada, gritávamos ‘segue o líder’ [o clube era líder da Série B, naquele momento], ‘para vencer tem que ser guerreiro’, ‘Verdãooo’. Muito boa essa agitação. Correr é algo que limpa a alma, nos faz bem. Na hora, dá vontade de desistir, não vou negar. Porém, quando finalizamos é bom demais”, explicou Rafaela.