Além dos cuidados inerentes à prática de trail run, a parte da segurança surge como um problema, sobretudo para mulheres. Todas as três corredoras entrevistadas nesta reportagem ressaltaram essa parte negativa da trail run, que não tem a ver diretamente com a prática esportiva.“O maior desafio, infelizmente, extrapola o esporte em si: é a questão da segurança relacionada ao gênero. A escassez de lugares seguros para mulheres treinarem é uma barreira real, que limita nosso acesso aos lugares e inviabiliza nossa prática mais constante. E, se considerarmos as opções de trilha na cidade de Goiânia, esbarramos em mais um obstáculo: a limitação quantitativa de locais adequados à prática”, disse Daiane Machado.Lara Queiroz ecoou a mesma opinião. “O meu maior desafio é ter uma trilha segura em Goiânia para treinar. Por ser mulher, fico muito receosa por conta da questão da violência e assédio a mulheres. Tem a questão do horário também, que afeta diretamente a segurança. Sinto necessidade de alguma companhia para me sentir mais segura para fazer o treino na trilha”, admitiu.Juliana Fernandes também contou que, como mulher, fica insegura de treinar em alguns lugares sozinha. Segundo a própria, ela já se acostumou com isso e gosta de correr sozinha, mas reconhece que pode ser perigoso dependendo do lugar em que vai. É uma reclamação de várias colegas dela. Além disso, ela também citou a questão financeira como um potencial problema da trail run.“Não faço tantas provas por falta de condição financeira, principalmente, porque as provas de trail run são mais caras e requerem todo um deslocamento. Gosto mesmo de montanha, então aqui por perto (de Goiânia) não tem tantas provas de longa distância. É uma experiência incrível de desafio próprio. Gosto de dar o meu máximo. Se eu ganhar de alguém, ótimo, mas a intenção é ganhar de mim mesma.”