Paciência, organização e saber barganhar são as principais dicas de colecionadores para quem gosta de completar álbuns de figurinhas. A principal brincadeira de 2022 é o álbum da Copa do Mundo do Catar, que possui 670 figurinhas distribuídas nas 70 páginas, e começou a ser vendido nesta sexta-feira (19), em todo o Brasil.Além de figurinhas dos “convocados” das 32 seleções, o álbum da Copa do Mundo possui cromos dos estádios, taça, mascote, bola oficial e algumas especiais, como as seleções campeãs do mundo. Cada pacote vem com cinco figurinhas e tem custo de R$ 4, o dobro do valor de 2018. O álbum simples, de brochura, tem valor de R$ 12 e a versão de capa dura, que será vendida a partir do dia 2 de setembro nas bancas, custa R$ 44,90.A troca de figurinhas também se tornou um negócio para colecionadores. O autônomo Joaquim Dias, de 60 anos, possui ponto fixo na praça Tamandaré e, além de montar o próprio álbum, troca e vende figurinhas no local.Leia também- Brasil vai enfrentar Gana e Tunísia antes da convocação de Tite para a Copa- Nike impede personalização de camisas da seleção com nomes de orixás“Hoje está bem mais fácil completar o álbum, mas eu demorei para conseguir o meu primeiro álbum completo. Foi em 2014, coleciono desde 1970. Antigamente, não tinha tantos pontos de trocas de figurinhas, hoje está mais acessível e a procura segue alta. Vendo figurinhas por 1 real, devo manter esse preço no álbum deste ano. As brilhantes são 5 reais”, detalhou o colecionador.A Panini Brasil, que produz o álbum da Copa do Mundo desde 1970, virou assunto mundial ao figurar no assuntos mais comentados do Twitter.“Um dos segredos para completar o álbum é ser organizado. No dia da troca, tem que ter anotada a lista dos jogadores que você quer. Não é bom trazer o álbum, para não estragar. É preciso conversar, ver se alguém está pedindo mais que o outro”, opinou o contador Caio Dornelas, de 32 anos, que coleciona álbuns da Copa desde 2002 e gastou R$ 280 no primeiro dia de vendas do álbum do Mundial do Catar.Barganhar será preciso para encontrar aquela figurinha desejada. “O legal de vir nas praças é isso, conversar e trocar ideia na busca por aquela figurinha que falta. Tem gente que pede três por uma, outros já falam cinco por uma. Vai ter que pesquisar bem para não sair perdendo”, disse o advogado Thiago Silva, de 37 anos, que comprou um álbum para completar com os filhos Henrique, de 6 anos, e Nicolas, de 4 anos.“Eu brincava quando era criança e vou ensinar meus meninos agora. É uma atividade bacana, tira a criança do mundo eletrônico, incentiva na socialização com pessoas. Vai ser legal. Eu coleciono álbum desde 1990, vai ser o primeiro que faço com meus filhos”, completou o advogado.A ideia de ensinar os filhos a brincar de colecionar figurinhas é o que também motivou Ana Flávia a comprar o álbum e 70 pacotes de figurinhas para o pequeno Caetano Guimarães, de 10 anos. “Gastei R$ 280 e foi só o começo. Gosto de colecionar, é algo que minha mãe (Maria Tereza) incentivou e também incentiva meu filho. Ele é aficcionado por futebol, me acordou de madrugada para vir comprar. Coleciona de todas as Copas, é uma brincadeira que é tradição na família”, contou Ana Flávia.A reportagem do POPULAR ficou durante uma hora em frente a uma banca na praça Tamandaré na sexta-feira (19), pela manhã, e presenciou alta procura por figurinhas. O primeiro comprador no local foi o estudante de Medicina Flávio Leão.“Cheguei cedo, por volta das 9h10 e resolvi esperar (as vendas começaram após às 10 horas). Sou fascinado em álbuns da Copa. Meu pai me deu um álbum em 2010 e gostei de vir trocar figurinhas. Se tornou um hobby. A única coisa que não gostei foi o preço. Está um pouco caro para colecionar, mas, com as repetidas, vai ficar mais fácil para trocar”, declarou o colecionador de 18 anos, que diz que ficará “bem feliz” quando tirar a figurinha do atacante Neymar.Donos de banca pagam à vista e entendem alteração no formatoUma mudança no modo de comprar os álbuns da Copa do Mundo deixou alguns donos de banca incomodados, mas também compreensivos em relação à alteração do negócio em comparação com outros anos de Mundial. Agora, o pagamento na distribuidora autorizada pela Panini Brasil, em Goiânia, é feito à vista e não há opção de compra consignada.Donos de bancas na praça Tamandaré explicaram que estavam com receio da procura não ser alta e até informaram à reportagem do POPULAR que temiam ficar no prejuízo.“Agora passou, eu comecei a vender tem uma hora e mais de 30 pessoas passaram aqui para comprar. O fluxo costuma aumentar no final de semana também. Não consegui parar ainda, toda hora chega alguém aqui na banca”, declarou Wolber Felix, de 48 anos, que ainda não definiu o número exato de álbuns que vai comprar na distribuidora, mas promete que não faltará versões em sua banca.Segundo os donos das bancas, a mudança no formato de compra foi uma forma de precaução por parte da distribuidora. O POPULAR tentou contato com os donos da Distribuidora Jardins, no Setor Santa Genoveva, mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem.“É uma forma de segurança para eles. Tem dono de banca que atrasava muito para fazer o pagamento quando era consignado, então é uma forma de não sofrer calotes. É ruim ter que pagar à vista, mas consigo entender bem a mudança”, salientou Wolber.Outro dono de banca em Goiânia, que preferiu não se identificar, completou: “Eu entendo o lado da distribuidora. O mercado de revista, de jornal, de álbum está complicado hoje em dia. É uma forma ruim (de pagamento), mas de segurança para o distribuidor não sofrer prejuízo”.Nas bancas na praça Tamandaré, a procura pelos álbuns da Copa deixou vendedores contentes, apesar dos donos das duas bancas terem de ir direto na distribuidora para pegar as versões dos álbuns e figurinhas para começar as vendas.“Estamos indo buscar porque a procura está grande. A rota do transporte costuma ser grande, até o final do dia chegam aqui, mas adiantamos para começar as vendas. Foi muito bom o primeiro dia, não paramos. Muita gente procurou o dia inteiro e não foram vendas pequenas, muita gente comprou 70, 100 pacotes. A partir de domingo, com o pessoal vindo trocar figurinhas, acho que vai aumentar ainda mais as vendas”, afirmou Glenda Rubia, vendedora em uma banca de revista.-Imagem (1.2513420)