-Imagem (Image_1.2439323)Alegria é um sentimento presente no dia a dia da brasiliense Mirian Cristina Tavares Rodrigues. O melhor modo que ela diz respirar felicidade é correndo, se for fantasiada, melhor ainda. A corredora de rua, de 52 anos, está a dois dias de realizar um dos seus maiores sonhos: participar da maratona de Boston, que é considerada a prova mais tradicional do mundo.Mirian, porém, não vai correr com foco em quebrar marcas pessoais. O desejo da atleta é de apenas viver a experiência e fará isso vestida de unicórnio. Correr fantasiada é algo que a corredora de rua faz há anos e parte da escolha pelo animal mitológico remete ao simbolismo em torno da prova de Boston.As medalhas que são entregues aos participantes possuem um desenho do animal, que remete ao símbolo de excelência. Para muitos inalcançável tamanha beleza. Unicórnio é o emblema da prova desde a 1ª edição, em 1897. Neste ano, a tradicional corrida chega à 126ª edição.Além do simbolismo em torno da desejada prova, outro fator que inspirou Miriam a usar a fantasia de unicórnio foi a cantora Priscilla Alcântara, que em 2021 venceu o reality musical “The Masked Singer Brasil”, da TV Globo, e utilizou uma fantasia de unicórnio.“Essa fantasia eu fiz com tempo, carinho e muita dedicação. Me inspirei no programa ‘The Masked Singer Brasil’. Quando via a Priscilla Alcântara vestida de unicórnio eu falei na hora que ia correr a maratona de Boston fantasiada de unicórnio. Quero que as pessoas batam o olho e falem ‘uau’. Não tem preço, a pandemia da Covid-19 me ensinou que a vida é curta. Não abro mão dos meus sonhos”, contou Miram, que embarcou para os Estados Unidos na última quarta-feira (13) e vai correr a maratona de Boston na próxima segunda (18), a partir das 8 horas (horário local).A torcida da competidora é apenas que o tempo favoreça para que ela complete a prova fantasiada. Mirian não tem o hábito de deixar a fantasia para trás. “Já estou orando para não chover (risos). Se não eu vou largar de unicórnio e a chegada vai ser de pequeno pônei. Eu me machuco, mas não tiro a fantasia e vou trazer tudo comigo, nem que eu pague excesso de bagagem. Vou aguentar até o final”, avisou a brasiliense.A previsão do tempo para o momento da prova é de tempo parcialmente nublado em Boston, mas com temperatura próxima dos 6ºC. A estimativa da corredora é de concluir a prova com tempo superior a 4 horas, o índice dela para participar do evento foi de 3h40min8s. “Eu quero aproveitar tudo, tirar fotos, brincar com crianças, viver esse sonho”, pontuou.Segundo a competidora, o valor da fantasia varia entre R$ 1,5 mil e R$ 2 mil. “Tem suor, amor e dedicação. Não posso largar a fantasia para trás. Guardo todas comigo e valorizo o que é feito. Foi feito com muito carinho, amor e empenho das pessoas que ajudaram”, salientou a atleta - a costureira Maria Pires de Castro, o artista Victor Sinan, que cria fantasias de cosplay, e o irmão da atleta, Rick Jáder, ajudaram a produzir a fantasia.Mirian já perdeu as contas de quantas provas correu fantasiada e quando começou. Ninja, Fiona, Rainha de Bateria, Deusa do Vinho, Chapeleiro Louco, Avatar, Estátua da Liberdade, Minion e Incríveis são algumas das diversas fantasias utilizadas pela atleta.“O esporte me tornou uma mulher mais determinada. O dia que eu não render, vou só diminuir a velocidade. Eu quero participar de corridas de rua para sempre. Com as corridas, eu ganhei amigos, uma energia sem igual e sabedoria”, declarou Mirian, que corre há quase uma década e soma mais de 300 corridas de rua, entre elas 35 maratonas pelo mundo.A brasiliense, além de corredora de rua, pratica triatlo. Durante a pandemia, com a impossibilidade de participar de provas, Miriam passou a treinar natação e pedalar. Como já corria, uniu os três esportes e se tornou a “UltraMirian”, como é conhecida no mundo esportivo.“Na pandemia eu comecei a treinar triatlo, os primeiros treinos lembro que tinham 750 metros de natação, pedalava 20km e corria mais 5km na esteira. Na primeira prova, ano passado em Brasília, eu nadei 1,5 mil metros, pedalei 40 km indoor e foram 10km de corrida. Mantive os cuidados na pandemia e me tornei triatleta”, frisou a competidora.Goianos realizam "sonho de consumo"Mirian Cristina Tavares Rodrigues será uma das quase 30 mil pessoas que vão participar da Maratona de Boston em 2022. De Goiânia, outros competidores vão acompanhar a atleta, mas sem fantasias. Todos têm em comum uma meta pessoal, concluir as seis maratonas que integram a “World Marathon Majors”.As “Majors” são as seis maratonas consideradas como as mais tradicionais do Mundo. Boston, que é a mais antiga em atividade, integra o sexteto que ainda tem provas em Chicago, Londres, Nova York, Berlim e Tóquio. Para participar das provas, o modo é de sorteio ou de índices por meio de maratonas em outras localidades, mas que são aceitas pelas organizações.O engenheiro civil Leonardo Sebastião de Sousa, de 57 anos, e o cirurgião dentista Leoni Gomes de Oliveira Júnior, de 48 anos, também vão correr a Maratona de Boston em 2022.“A Maratona de Boston é o sonho de consumo de todos que correm. Vai ser a minha primeira vez. Para mim é um sonho a ser realizado porque nunca imaginei correr lá. Conseguir a qualificação é a cereja do bolo, e eu corro por hobby”, comentou Leoni, que pratica o esporte desde 2005 e diz ter perdido as contas da quantidade de provas que já participou.Das “Majors”, Leoni já correu as provas de Nova York, Chicago e agora Boston. Para Mirian, depois da edição de Boston, faltará apenas a prova de Tóquio.“Estou no mundo das corridas há mais de 20 anos. Comecei nas menores, de 5km e 10km, fui aumentando para 21km e cheguei nas maratonas quando descobri as ‘Majors’. Fiquei fissurado no desafio dessas provas e pude participar de três (Nova York, Chicago e Berlim). Meu sonho é Boston, por ser a elite dos corredores amadores”, celebrou o professor Leonardo de Sousa.