Amigo do governador Sérgio Cabral, o empresário Arthur Cesar de Menezes Soares Filho teria pago cerca de US$ 1,5 milhão ao filho de um integrante do COI (Comitê Olímpico Internacional) durante o processo de escolha do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016.A suspeita de corrupção foi revelada nesta sexta (3) pelo jornal francês "Le Monde".Segundo a publicação, a Justiça francesa tem "elementos concretos" que colocariam em questão a integridade do processo de atribuição da sede dos Jogos Olímpicos à capital fluminense.Ex-dono do Grupo Facility, Soares Filho é investigado por procuradores da Operação Calicute, o braço fluminense da Operação Lava Jato.Ele recebeu quase R$ 3 bilhões por contratos assinados com o Estado nos oito anos da gestão de Cabral, preso desde o ano passado por liderar esquema de corrupção. A defesa do empresário disse desconhecer as informações divulgadas pelo jornal.De acordo com a reportagem, a holding Matlock Capital Group, nas Ilhas Virgens britânicas, que gerenciaria alguns negócios do empresário, teria depositado em 29 de setembro de 2009 -três dias antes da escolha do COI-, US$ 1,5 milhão a Papa Massata Diack, filho de Lamine Diack -na época, presidente da IAAF (Associação Internacional das Federações de Atletismo) e membro do COI.O "Le Monde" afirma ainda que um segundo depósito, de US$ 500 mil, teria sido feito em uma conta na Rússia do filho de Diack. Pai e filho são investigados na França.O jornal diz também que, no dia da escolha da sede dos Jogos, o ex-atleta da Namíbia Frankie Fredericks recebeu de Papa Diack, um pagamento de quase US$ 300 mil.Na ocasião, Fredericks era presidente da Comissão de Atletas do COI e encarregado de supervisionar a lisura da votação para a escolha da sede. Atualmente, ele preside a comissão de avaliação das candidatas a sede de 2024.O COI afirmou que vai contatar as autoridades francesas para receber informações mais detalhadas a respeito da denúncia do jornal francês.Segundo Mark Adams, diretor de comunicação e porta-voz da entidade, o COI "já tomou ciência das sérias acusações feitas pelo 'Le Monde' sobre a votação para selecionar a cidade-sede da Olimpíada de 2016" e vai investigar.A princípio não há risco de punição ao esporte brasileiro. As sanções do COI poderiam alcançar, no máximo, dirigentes do país que tiverem seu envolvimento comprovado no esquema, o que não existe até o momento.Rei ArthurApelidado de "Rei Arthur" por sua proximidade com Cabral, o empresário brasileiro prestou depoimento há cerca de um mês aos procuradores do Ministério Público do Rio.Ele é apontado como maior fornecedor de serviços terceirizados por meio de empresas ligadas ao Grupo Facility, vendido em 2014.Na investigação, os procuradores constataram que o empresário repassou R$ 1,7 milhão a empresas acusadas de lavar a propina paga a Sérgio Cabral (PMDB).Os repasses foram feitos para o escritório de advocacia de Adriana Ancelmo, mulher de Cabral, e para a LRG Consultoria, do economista Carlos Emanuel Miranda, apontado pelo Ministério Público Federal como operador da propina do peemedebista.Soares Filho disse que contratou o escritório de Adriana por recomendação do ex-governador. No depoimento, negou que o pagamento serviria como propina. Ele mora atualmente nos EUA.