O ano do Goiás ainda não acabou, mas a conclusão já é que a temporada de 2024 do clube é decepcionante. Alguns fatores ajudam a explicar o que deu errado no ano esmeraldino, que vai terminar sem título, sem vitória sobre o rival Vila Nova e provavelmente sem uma vaga na Série A. Restam sete partidas na temporada, mas para 2025 já existe uma preocupação.A temporada de 2024 se encaminha para ser um desastre em resultados esportivos para o Goiás. O clube chegou ao sexto ano sem vencer o Estadual. Foi eliminado nas quartas de final, em casa, para o Goiânia, que fez a oitava (última) melhor campanha na fase de classificação.O sonho de buscar o bicampeonato da Copa Verde também acabou nas quartas de final em nova eliminação, desta vez para o rival Vila Nova. Na Copa do Brasil, o adeus foi nas oitavas de final para o São Paulo.Mas o principal objetivo do Goiás era voltar à Série A, o que não deve ocorrer neste ano. Após o empate com o América-MG, a probabilidade de acesso caiu para 0,79%, de acordo com dados do departamento de Matemática da Universidade Federal de Minas Gerais. O time esmeraldino tem sete partidas para disputar e precisa vencer todas para alcançar a média histórica de 63 pontos para o acesso.O POPULAR conversou com ex-jogadores do Goiás na tentativa de ouvir o que deu errado no ano esmeraldino. Montagem do elenco, problemas políticos e a troca de treinadores foram citados por Macalé, Kleber Guerra e Dill. Eles esperam uma reformulação para 2025, mas não escondem a preocupação com a próxima temporada.“É um dos piores momentos da história do Goiás. O time ainda é falado nacionalmente, mas hoje está atrás do Atlético-GO e está vendo o maior rival a um passo da Série A. O Goiás virou uma bagunça, eu fico preocupado com o ano que vem. Ouvi dizer que já começaram o planejamento, estou realmente com medo. Esse ano teve planejamento, mudou e mudou, deu no que deu”, desabafou o ex-zagueiro Macalé, que tem acompanhado jogos do Goiás e lamenta o desempenho da equipe na Série B.O ano de 2024 foi o primeiro do Goiás depois da mudança no estatuto do clube. No final do ano passado, a direção deixou de ter a figura de um presidente e passou a ter um Conselho de Administração. São cinco membros, que decidem os rumos do Goiás e ficam acima do CEO Luciano Paciello e da direção de futebol, hoje liderada por Lucas Andrino.“O atleta está dentro do clube, também sente a pressão interna e quando tem algo errado no dia a dia. Essa é pior, por passar insegurança. Hoje, eu não sei quem manda no Goiás. Sei que tem o Conselho de Administração, mas nem sei o nome das pessoas que estão lá. Sei que alguns nem ficam em Goiânia. O Conselho Deliberativo virou uma bagunça, parece. Falaram tanto desse estatuto, como se ele fosse defender, entrar em campo e marcar gol”, reclamou Macalé.As mudanças no futebol, inclusive, são mais um fator que pode explicar o desastroso ano do Goiás. O time teve três treinadores - Zé Ricardo, Márcio Zanardi e Vagner Mancini (atual) - ao longo da temporada e dois diretores da área - Angello Gonçalves e Lucas Andrino (atual).Em todas as mudanças, o Goiás contratou jogadores selecionados pelos novos técnicos.“A escolha da primeira comissão técnica e da direção de futebol não foi correta para o perfil que o Goiás precisava adotar para ano tão importante com recursos financeiros. Montou uma equipe que jogava fria no Goianão e emendou mais um ano sem vencer o Estadual. As escolhas das peças na comissão do Zé Ricardo não foram acertadas”, criticou o ex-goleiro Kleber Guerra.O ex-jogador reforça que as decisões ruins nos primeiros três meses do ano tiveram reflexo na Série B. O clube passou por uma pequena reformulação e contratou jogadores de peso, como Régis, David Braz e Thiago Galhardo, e o resultado ocorreu apenas no início da competição - na 8ª rodada foi líder da Série B, a única nesta edição.“Fizeram boas contratações para a Série B, deu certo no início, mas a sequência do esquema tático (com três zagueiros sob comando de Márcio Zanardi), ao ser anulado pelos adversários, tornou o Goiás presa fácil. No papel, o elenco é muito bom, mas em campo é um time frio sem compromisso com a vitória. Senti que o comportamento na derrota era o mesmo da vitória”, opinou Kleber Guerra, que hoje é comentarista da TV Anhanguera.O ex-atacante Dill reforça que as mudanças de treinadores em um ano tão importante foi crucial para o desempenho ruim do Goiás em campo.“Quando você tem três, quatro treinadores no ano, fica difícil. Cada um tem sua metodologia. O Goiás inicia um novo trabalho, quando muda o treinador atrapalha no campo. Essa questão tem de ser elaborada para 2025, apesar do Brasil ter essa cultura de troca de treinadores. O Goiás precisa planejar bem quem vai ser o técnico do ano e dar tempo para fazer seu trabalho. A troca de técnicos é um dos fatores mais relevantes para mim”, comentou o ex-jogador.O Goiás ainda não oficializou a permanência do técnico Vagner Mancini, mas o diretor de futebol Lucas Andrino disse, na semana passada, que deseja que o treinador continue no clube em 2025.Base e reformulaçãoA ausência de jogadores da base na Série B também é ressaltada por ex-jogadores. Na Segundona, o lateral Diego Caito, o volante Nathan Melo e os atacantes Pedrinho, Tallyson e Halerrandrio foram os únicos que entraram em campo. Segundo o diretor Lucas Andrino, os jovens formados no alviverde vão ter mais espaço em 2025.“Para 2025, a gente vê que poucas ações estão sendo tomadas. Falta direcionamento, falta satisfação para o torcedor, principalmente. A principal ação para 2025 é a formação de um elenco que dê chance para a base. O Goiás perdeu a personalidade. Já formou muitos atletas, destaques nos profissional. Faltou essa personalidade da base no elenco (de 2024)”, opinou o ex-goleiro Kleber Guerra.A cobrança dos ex-jogadores do Goiás é por uma reformulação no elenco. Lucas Andrino adiantou que isso será feito e os jogos finais da Série B servirão para comissão técnica e direção de futebol analisarem quem fica e quem deixa o clube nos próximos meses.“Em 2024, teve muita experiência e não deu certo. Gosto de elencos com jogadores experientes, mas precisa dos jovens para balancear. São esses jogadores que querem vencer, aparecer e estão com ‘fome’. O Goiás tem estrutura (física) que merece algo melhor. Com estrutura e capacidade, pode pensar mais alto. Nada vai ser rápido e fácil, mas uma reformulação com ideias, com jogadores que nasceram no clube pode ser um caminho”, salientou o ex-atacante Dill.O Goiás terá sete partidas até a conclusão da Série B. Os desafios serão contra Chapecoense (fora), Amazonas (casa, jogo atrasado), Operário-PR (casa), Guarani (casa), CRB (fora), Amazonas (fora) e Novorizontino (casa).