França x Marrocos é o encontro de seleções que reúnem histórias que transcendem o futebol. Contextos sociais, diplomáticos e históricos são temas que envolvem os países. No futebol, um novo trecho dessa relação será escrito com o duelo entre as equipes nesta quarta-feira (14), a partir das 16 horas (de Brasília), no estádio Al Bayt, em Al Khor, no Catar, por vaga na decisão da Copa do Mundo para enfrnetar a Argentina.O confronto é inédito entre as seleções em Copas. A relação entre França e Marrocos é antiga. Os franceses, juntos da Espanha, controlaram o país africano por quatro décadas no início do século XX. Conflitos foram registrados ao longo da história até a independência marroquina, em 1956.Muitos marroquinos, inclusive, partiram rumo à Europa. A comunidade é uma das maiores de imigrantes no Velho Continente, e a França é um dos países que mais receberam marroquinos.Entre os 26 convocados de Marrocos na Copa do Catar, 14 nasceram fora do país africano. É a seleção com mais jogadores naturalizados do Mundial neste ano. Dois deles nasceram na França: o zagueiro Romain Saïss (é dúvida para a semifinal) e o meia Sofiane Boufal (provável titular).A relação diplomática entre os países nunca foi 100% boa, por isso Paris terá reforço em sua segurança, nesta quarta. Ao longo desta Copa, conflitos entre marroquinos com policiais foram registrados na Bélgica (adversária de Marrocos na fase de grupos) e na França, após celebrações de torcedores de Marrocos com as conquistas de sua seleção no Mundial do Catar.São conquistas que a seleção de Marrocos espera ampliar. Até aqui, a equipe marroquina fez história em Copas, e a intenção de Ziyech, Bono e companhia é aumentar os feitos no Catar ao ponto de “reescrever os livros de história”.“Quando você chega à semifinal da Copa e não está faminto, há algum problema. O melhor time dessa Copa foi eliminado, o Brasil. Somos um time ambicioso, estamos famintos. Estamos confiantes, queremos reescrever os livros de história e colocar a África no topo do mundo. Não somos os favoritos, pode me chamar de louco, tudo bem, mas um pouco de loucura é bom”, resumiu o técnico de Marrocos, Walid Regragui, sobre como a seleção africana encara a semifinal contra a França.Marrocos se tornou, na Copa do Catar, a primeira seleção africana, e de origem árabe, a disputar uma semifinal de Mundial. Em outras edições, o máximo que foi alcançado por seleções africanas foi a fase quartas de final - Camarões em 1990, Senegal em 2002, e Gana em 2010.Para a continuar a bela história, no entanto, Marrocos terá de superar os atuais campeões mundiais no Catar. A França superou desfalques pré-Copa, cresceu e segue no sonho da conquista do tri.Liderados pelo talentoso Mbappé, candidato a melhor jogador do torneio, os franceses contam com uma Copa inspirada de Antoine Griezmann, que tem atuado como meia e se destacado com assistência, o goleador Olivier Giroud e o bom goleiro Lloris. Os atletas são a espinha dorsal da equipe francesa campeã do mundo em 2018 e titulares no atual elenco.“Só podemos ter admiração e respeito pela trajetória deles (Marrocos). Não há sorte neste nível quando uma equipe consegue vencer a Bélgica e eliminar Espanha e Portugal. Há muitas qualidades em termos de coesão e espírito de equipe. E a isso há que acrescentar o clima hostil que vai ter no estádio. Estamos preparados para tudo, com calma, serenidade”, comentou o goleiro francês. O “clima hostil” previsto por Lloris é em relação à torcida de Marrocos. Veículos de imprensa do país divulgaram que cerca de 13 mil ingressos foram distribuídos gratuitamente pelo governo do país africano e pela federação de futebol marroquina.