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Goiânia vai receber a penúltima etapa da Stock Car 2024

Esta vai ser a terceira vez na temporada que a capital goiana vai sediar uma etapa da competição nacional

Goiânia sediará três etapas da Stock Car em 2024

Goiânia sediará três etapas da Stock Car em 2024 (Marcelo Machado de Melo/Stock Car)

O Autódromo Internacional Ayrton Senna vai receber a Stock Car pela terceira vez em 2024. A penúltima etapa da temporada, que estava marcada para Brasília foi alterada para Goiânia. O evento vai ocorrer entre os dias 23 e 24 de novembro.

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A Vicar, promotora da competição, alterou o local da penúltima rodada, pois as obras no Autódromo de Brasília não foram finalizadas a tempo de receber a etapa. Com a mudança, Goiânia é a única cidade na temporada que receberá a Stock Car três vezes.

Gabriel Casagrande vence corrida da Stock Car nos 50 anos do Autódromo de Goiânia​

O Autódromo Internacional Ayrton Senna foi sede da abertura da temporada, no dia 3 de março, e também recebeu a sexta corrida de 2024, em 28 de julho.

(Renata Akutsu é estagiária do Grupo Jaime Câmara em convênio com a Universidade Federal de Goiás)

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Produto vencido e esterilização inadequada: Veja irregularidades em clínicas de estética suspeita de deformar pacientes

Inspeção ocorreu em conjunto com a Vigilância Sanitária nas unidades de Goiânia e Anápolis e documentou cerca de 20 irregularidades, segundo a polícia

Agentes da Vigilância Sanitária estiveram nas duas unidades da Clínica Karine Gouveia, no dia 18 de dezembro (Divulgação/Polícia Civil e Reprodução/Clínica Karine Gouveia)

Agentes da Vigilância Sanitária estiveram nas duas unidades da Clínica Karine Gouveia, no dia 18 de dezembro (Divulgação/Polícia Civil e Reprodução/Clínica Karine Gouveia)

A Operação Face Oculta da Polícia Civil (PC) que investiga as clínicas de estética Karine Gouveia de Goiânia e Anápolis encontrou produtos vencidos, esterilização inadequada, comercialização de produtos clandestinos e sem registro, entre outras irregularidades (veja a lista abaixo) . As investigações começaram após pacientes denunciarem que ficaram deformados após procedimentos estéticos. Os donos da clínica estão presos.

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A inspeção feita em conjunto com a Vigilância Sanitária, no dia 18 de dezembro, nas unidades de Goiânia e Anápolis documentou as seguintes irregularidades:

  • Armazenamento inadequado de produtos médicos e equipamentos;
  • Falta de rótulos em produtos armazenados;
  • Manutenção de medicamentos em condições de temperatura incompatíveis;
  • Armazenamento de produtos que deveriam ser descartados;
  • Medicamentos sem tampa e expostos a condições insalubres;
  • Comercialização de produtos clandestinos e sem registro;
  • Apreensão de medicamentos sem registro na Anvisa;
  • Produção e armazenamento de produtos manipulados em larga escala destinados à venda;
  • Ausência de notas fiscais dos produtos armazenados ou comercializados;
  • Ausência de controle de esterilização de equipamentos e produtos;
  • Medicamentos armazenados em locais inadequados, como salas de máquinas sem controle de temperatura, tornando-os impróprios para o uso humano;
  • Depósitos de medicamentos sem prescrição médica;
  • Produtos como botox abertos, com prazo de uso vencido, armazenados indevidamente para futuro uso, quando deveriam ter sido descartados;
  • Falta de refrigeradores adequados para o armazenamento de medicamentos, ausência de fontes alternativas de energia e inexistência de instrumentos para monitoramento da temperatura nas salas de armazenamento;
  • Detecção de instrumentos cirúrgicos, como cânulas utilizadas para lipoaspiração, que não eram esterilizados de forma adequada;
  • Realização de procedimentos cirúrgicos incompatíveis com a capacidade técnica e qualificação profissional dos envolvidos;
  • Ausência de controle sobre o armazenamento dos produtos utilizados em pacientes;
  • Uso de produtos com prazo de validade expirado.
  • Na unidade de Anápolis, o relatório da Vigilância Sanitária apontou "que a empresa não possui alvará de licença sanitária e nem projeto arquitetônico aprovado pelo órgão sanitário competente".

    Também foram encontrados receitas e atestados assinados, mas não preenchidos, e diversos medicamentos e instrumentos utilizados na realização de cirurgias, sem a autorização para funcionamento. Em decorrência, também foram lavrados termo de interdição e auto de infração.

    Além dos proprietários, uma biomédica e um odontólogo, ambos responsáveis técnicos pel clínica foram presos. Os dois respondem em liberdade desde o dia 20 de dezembro.

    Defesa

    O POPULAR questionou sobre essas irregularidades à defesa dos empresários Karine Giselle Gouveia Silva e Paulo Cesar Dias Gonçalves, que estão presos na Casa do Albergado, mas não houve retorno até a última atualização desta reportagem.

    Em nota anterior, Romero Ferraz Filho e Tito Souza do Amaral e Caio Victor Lopes Tito que defendem os donos da clínica informaram que "Karine e o Paulo César nunca tiveram a intenção de praticar qualquer crime". A defesa considerou a prisão temporária como "uma medida desproporcional e injustificável"(veja a nota completa no final da matéria) .

    Karine Gouveia e Paulo Cesar, donos de clínica de estética investigada em Goiânia. (Reprodução/Redes Sociais )

    Karine Gouveia e Paulo Cesar, donos de clínica de estética investigada em Goiânia. (Reprodução/Redes Sociais )

    Ao POPULAR , a defesa da biomédica disse que, como a investigação é sigilosa, ainda não teve acesso aos documentos, e, por enquanto, não irá se manifestar. A reportagem entrou em contato com a defesa do odontólogo, mas não houve retorno até a publicação desta matéria.

    Crimes

    Até a última sexta-feira (27), 60 vítimas de Goiás, de outros estados e até do exterior denunciaram a clínica após terem complicações e deformações em procedimentos estéticos, segundo a polícia. Devido às irregularidades, uma das vítimas teria contraído hepatite C.

    Os crimes investigados pela polícia incluem a realização de procedimentos estéticos ilegais, aplicação de substâncias proibidas, como o polimetilmetacrilato (PMMA) , e falhas graves em termos de qualificação profissional . A clínica oferecia procedimentos como rinoplastia, lipoaspiração e outras cirurgias que, segundo a PC, só poderiam ser realizadas por médicos especializados.

    Aprendeu operar com colegas

    O odontólogo que era um dos responsáveis técnicos pela clínica de estética Karine Gouveia , em Goiânia, contou que realizou procedimentos em pacientes sem eles saberem que era um teste para que ele ingressasse na equipe, de acordo com a Polícia Civil (PC). Em depoimento, ele admitiu não possuir a especialização necessária para as intervenções realizadas e que aprendeu os procedimentos observando outros profissionais .

    Ainda durante o interrogatório, o responsável técnico revelou que constantemente era designado para realizar cirurgias de reparo em pacientes que tiveram complicações decorrentes de procedimentos feitos por outros profissionais da clínica.

    Preço baixo e alta demanda

    O odontólogo ainda disse à polícia que a clínica cobrava cerca de R$ 5 mil por uma cirurgia de nariz, um valor abaixo do preço mínimo de R$ 30 mil cobrado por cirurgiões plásticos, conforme a PC. O valor atraia pacientes e resultava em um "absurdo volume de atendimentos", descreveu a polícia.

    Segundo o dentista, haviam agendamentos de cirurgias com intervalos menores que uma hora, o que seria insuficiente para os procedimentos.

    As investigações mostraram que o profissional chegou a realizar até oito cirurgias em um único dia, como lipoaspiração de papada, retração de orelha e rinomodelação.

    Uso de PMMA

    A biomédica que era responsável técnica da clínica disse à polícia que os donos sabiam do uso de polimetilmetacrilato (PMMA) , contou a biomédica que era responsável técnica pelo estabelecimento, de acordo com a Polícia Civil.

    O PMMA é considerado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como de máximo risco à saúde e é contraindicado para aumento de volume , seja corporal ou facial.

    Em nota, defesa dos proprietários da clínica informou que a substância PMMA não era utilizada pela clínica:

    Se identificada em algum paciente, é preciso submeter à perícia e analisar e enfrentar o caso concreto", acrescentou

    Em depoimento, a biomédica afirmou que Karine e Paulo tinham total conhecimento e permitiam a utilização desse produto. O odontólogo revelou à polícia que ouviu comentários internos de que um dos profissionais realizava os procedimentos com a substância.

    De acordo com a PC, pacientes descobriram, após consultas com médicos e realização de exames, o uso de substâncias como PMMA e óleo de silicone, que foram aplicados sem autorização ou ciência das vítimas (veja abaixo). Na maioria dos casos não foi possível retirar essas substâncias devido aos riscos envolvidos, conforme as investigações.

    Exames comprovaram substâncias como polimetilmetacrilato e óleo de silicone na face dos pacientes (Divulgação/Polícia Civil)

    Exames comprovaram substâncias como polimetilmetacrilato e óleo de silicone na face dos pacientes (Divulgação/Polícia Civil)

    A biomédica afirmou que as cirurgias eram realizadas em salas que não eram preparadas como um centro cirúrgico. Em casos de problemas ou complicações, a política da empresa era oferecer novas cirurgias aos pacientes, e apenas em último caso, realizar a devolução do dinheiro, segundo a profissional.

    Além disso, a biomédica alegou que sempre foi contra a realização de cirurgias na clínica, mas os donos não permitiram que ela interferisse nessas decisões, mesmo sendo a responsável técnica formal da clínica.

    Foto mostra vítimas com nariz necrosado e a paciente entubada após o procedimento (Divulgação / Polícia Civil)

    Foto mostra vítimas com nariz necrosado e a paciente entubada após o procedimento (Divulgação / Polícia Civil)

    Conselhos

    O Conselho Regional de Odontologia (CRO/GO) informou que "eventuais procedimentos administrativos de fiscalização do órgão são sigilosos, não sendo possível compartilhar sua existência ou desdobramentos". A instituição disse ainda que cirurgiões-dentistas têm formação e capacidade técnica para realizar procedimentos de harmonização orofacial, desde que respeitados os limites de atuação da profissão, a legislação vigente e os princípios éticos que regem a Odontologia.

    A clínica conta com outra responsável técnica, que é biomédica. O Conselho Regional de Biomedicina - 3ª Região (CRBM-3) declarou que está apurando as informações divulgadas e só vai comentar o caso após ser notificado. O CRBM-3 dise ainda que a biomédica possui habilitação em biomedicina estética e que seu registro profissional está regular.

    Notas na íntegra

    Nota da defesa de Karine e Paulo

    Os advogados dos investigados Karine Gouveia e Paulo César, Romero Ferraz Filho e Tito Souza do Amaral e Caio Victor Lopes Tito, respectivamente, informam:

    Sobre os procedimentos estéticos realizados na clínica, todos os pacientes sempre foram tratados com profundo respeito e cuidado. A defesa e os investigados acreditam que todos os fatos serão devidamente esclarecidos, inclusive --- mas não se limitando --- aos procedimentos realizados em 2017, que só agora estão vindo a público. É necessário compreender o que ocorreu nesse intervalo de tempo. Esse entendimento é tanto um direito quanto um dever dos empresários, diante dos 8 anos de atuação no mercado e dos mais de 30 mil clientes atendidos e procedimentos realizados.

    Sobre a divulgação do áudio pela autoridade policial, a defesa expressa profunda preocupação com o vazamento seletivo de informações, para a imprensa, de um processo que tramita sob segredo de Justiça, do qual a própria defesa teve e está tendo dificuldades para acessar o seu inteiro teor. Mas é fundamental que sejam submetidos à perícia a fim de verificar a sua veracidade e integridade.

    As publicações baseadas em informações fornecidas pela autoridade policial, de forma unilateral e sem a realização de perícia técnica com a participação de ambas as partes, promovem a execração pública dos investigados, tratando-os como se já estivessem condenados, sem que tenham tido acesso ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa. Tal postura fere gravemente os direitos humanos, desrespeitando normas internacionais protegidas pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, estabelecida em Haia, a qual está sendo acionada.

    Cabe ressaltar que, embora seja regulada pela ANVISA, a substância PMMA não era utilizada pela Clínica Karine Gouveia. Se identificada em algum paciente, é preciso submeter à perícia e analisar e enfrentar o caso concreto.

    Quanto ao número crescente de pessoas que têm se manifestado, os investigados respeitam profundamente, mas é necessário analisar cada caso individualmente. Por exemplo, há pessoas que não seguiram as recomendações pós-procedimento; portanto, as consequências disso não se devem ao procedimento em si. Por isso, é essencial entender cada caso de forma isolada. A defesa também alerta para a importância de se realizar perícias em cada caso, com a participação de todas as partes envolvidas, incluindo os conselhos responsáveis, para garantir que todas as questões técnicas sejam devidamente validadas.

    Em relação ao pedido de soltura, a defesa esclarece que o único advogado que representa legalmente a Karine Gouveia é Romero Ferraz Filho. E os únicos advogados que representam legalmente o Paulo César são Tito Souza do Amaral e Caio Victor Lopes Tito -- ressalta-se que todos estão trabalhando incansavelmente para revogar a arbitraria prisão dos investigados.

    A decretação de prisão temporária é uma medida desproporcional e injustificável, especialmente diante da ausência de qualquer elemento concreto que impeça os investigados de responderem às acusações em liberdade. Vale ressaltar que, neste período sensível de Natal, essa decisão manteve um menino de apenas 7 anos afastado abruptamente de seus pais.

    Por se tratar de um processo que tramita sob segredo de Justiça, a defesa não entrará no mérito das acusações, mas tem a absoluta certeza de que os fatos serão esclarecidos no processo, caso a caso.

    Reforçam ainda que Karine Gouveia e Paulo César nunca tiveram a intenção de praticar qualquer crime.

    Romero Ferraz Filho OAB.GO 33.000

    Tito Souza do Amaral OAB.GO 12.443

    Caio Victor Lopes Tito OAB.GO 38.656

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    Prefeitura volta a contratar Comurg para fazer espaços esportivos por R$ 1,2 milhão

    A Secretaria Municipal de Esportes (Smesp) de Goiânia assinou um contrato para construção de um campo de futebol society e de quadras recreativas a partir de recursos oriundos de emendas impositivas. Contratação para este tipo de obra tem causado polêmica desde 2021 por causa dos atrasos e da forma como o recurso é repassado

    Lote no Residencial Portinari onde está previsto um campo society

    Lote no Residencial Portinari onde está previsto um campo society (Wesley Costa / O Popular)

    A Secretaria Municipal de Esportes (Smesp) de Goiânia assinou um contrato com a Companhia Municipal de Urbanização de Goiânia (Comurg) no valor de R$ 1,21 milhão para construção de um campo de futebol society, de um vestuário em um campo de futebol, de duas quadras recreativas e de reforma de uma quadra poliesportiva. Os recursos são oriundos de emendas impositivas de três vereadores: Anderson Sales (MDB), Geveson Abel (Republicanos) e Paulo Magalhães (UB). Destes, apenas Geveson foi reeleito para continuar o mandato na legislatura a partir de 2025.

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    A contratação da Comurg para este tipo de serviço sempre foi visto como polêmico, principalmente pelo atraso na entrega das obras como também pela forma como os recursos são repassados pela prefeitura à companhia. Em 2021, contratos para a reforma do Cemitério Park e das unidades de assistência social foram pagos de forma antecipada e o trabalho nunca foi concluído. Isso foi alvo de investigação pelo Tribunal de Contas dos Municípios do Estado de Goiás (TCM-GO).

    Os serviços estão previstos para serem feitos no Residencial Portinari, no Jardim Pompéia, na Vila Alto da Glória, no Residencial Irisville e no Condomínio Rio Branco. A obra de maior custo será o campo society, previsto em R$ 846 mil.

    Em dezembro do ano passado, a Smesp havia assinado um outro contrato, no valor de R$ 960 mil, para que a Comurg fizesse campos de futebol sintético no Jardim Novo Mundo e no Jardim Goiás, além de uma quadra de esportes de areia no Bairro São Carlos. Os recursos seriam de emendas impositivas do vereador Anderson Sales. Nesta sexta-feira (27), foi publicado no Diário Oficial do Município (DOM), um aditivo prorrogando o contrato por 12 meses.

    A contratação da Comurg para este tipo de obras, inclusive reformas e construções de praças públicas, foi uma estratégia adotada pela prefeitura em meados de 2021 como forma de dar encaminhamento às emendas impositivas dos vereadores e aumentar repasses para a companhia. Neste ano, após as polêmicas, a prefeitura incluiu estes serviços no contrato que a companhia tem para limpeza urbana e outros serviços de zeladoria, dificultando que se acompanhe o andamento e os repasses.

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    "Precisa custar 25% a menos para ser gerível", diz futuro secretário de Saúde de Goiânia

    Em entrevista exclusiva ao POPULAR, o futuro secretário municipal de Saúde de Goiânia, Luiz Pellizzer, conta que o déficit atual da pasta varia de R$ 12 milhões a R$ 20 milhões por mês. Corte de gastos, renegociação de dívidas e revisão de contratos estão na mira para solucionar o problema

    Luiz Pellizzer assume a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia em janeiro de 2025

    Luiz Pellizzer assume a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia em janeiro de 2025 (Fábio Lima / O Popular)

    A luta contra um déficit que varia de R$ 12 milhões a R$ 20 milhões por mês é o principal desafio do próximo secretário municipal de Saúde de Goiânia, Luiz Pellizzer. O médico já atuou na regulação da rede estadual de Saúde e na urgência da Saúde de Aparecida de Goiânia e aposta no corte de gastos, renegociação de dívidas, revisão de contratos e na busca por recursos disponíveis junto ao Ministério da Saúde para reverter o cenário.

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    Antes mesmo de assumir a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) em 1º de janeiro de 2025, as atenções do secretário escolhido pelo prefeito eleito, Sandro Mabel (UB), já estão voltadas para a possibilidade de aumento dos casos de dengue na capital. Promessas a curto prazo incluem pediatras nas 13 unidades de urgência da capital, reforma de três unidades básicas de saúde (UBSs) e qualificação dos leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) contratados pela Prefeitura de Goiânia.

    Qual o principal gargalo na Saúde de Goiânia já identificado pela futura gestão?

    A secretaria deixa na mesa de R$ 12 milhões a R$ 20 milhões por mês sem pagar. O mês que a Fazenda colhe bem, como ela tem que destinar valores que são porcentuais, o déficit diminui. No mês que a Fazenda não colhe muito, o déficit acelera.

    E qual o tamanho do déficit acumulado?

    De R$ 500 a R$ 600 milhões.

    Como explicar esse déficit?

    Não foi um déficit surpresa. Quando fizeram o balanço do primeiro ano (da gestão de Rogério Cruz), mostrou-se que a secretaria não se pagava. Até então, na gestão da Fátima (Mrué), ficava um déficit anual de R$ 32 milhões. Era uma dívida administrável. Deixar R$ 1,75 milhão por mês para quem trabalha com orçamento de até R$ 2 bilhões por ano. A Fátima entregou a secretaria sem déficit, mas sem grandes dinheiros em caixa. Depois, acelerou (a dívida).

    Como explicar o aumento do déficit ao mesmo tempo que o gasto da Prefeitura com a Saúde aumentou? Reportagem do POPULAR publicada em outubro mostrou que o Paço gastou R$ 896,3 milhões com saúde até o 4º bimestre deste ano, valor que representa 24,26% da receita própria.

    Tem muito incentivo muito estranho. Uma ressonância, pela Tabela SUS, é R$ 350. Eles complementam mais R$ 450 (...) O credenciamento (de profissionais de saúde) era R$ 6 milhões ou R$ 7 milhões/mês. Depois, no final da gestão do (Wilson) Pollara, ele dobrou: R$ 14 milhões. Existem tabelas que precisam ser revistas.

    Então entra dinheiro suficiente para pagar as contas da secretaria?

    Do jeito que está organizado, ou desorganizado, não. A secretaria precisa custar 25% a menos para ser gerível e (cortar) mais que 25% para conseguir gerar dinheiro para pagar dívida antiga.

    Considerando os excessos apontados, é possível cortar gastos em 25%?

    Dá. Tem de onde tirar até uns 40%.

    E dá para cortar gastos sem impactar na assistência à saúde do usuário?

    Sim. Estamos até revendo escalas. Temos situações em que temos sete médicos em um plantão para fazer 200 atendimentos em um dia. Dá para organizar isso daí. Já tivemos uma reunião e teremos uma outra só para a reorganização da escala médica. Se não conseguirmos cortar gastos, reorganizar as escalas e rever esses contratos que entendemos que estão com um preço acima, não tem gestão. Não se faz milagre. Está ficando uma dívida todo mês. O Sandro (Mabel) tem total consciência disso. É um pedido dele. Para cortar. Fazer ela (secretaria) ser gerível.

    Esses cortes podem incluir, por exemplo, fechamentos de unidades?

    Não. Cortar excessos. Não tem nenhum projeto de fechamento de nenhuma unidade. Existe aumento de eficiência. A maioria das unidades, hoje, funciona como posto de coleta. O exame é colhido hoje e o resultado sai amanhã. O paciente vai em um dia e volta no segundo dia para ter o resultado. Isso atrapalha. Onde ele iria fazer uma consulta, está fazendo duas. As unidades acabam sendo muito mais caras porque um paciente que eu iria resolver com duas horas, resolvi com 28 horas.

    Frente a todas as investigações ocorridas no âmbito do Ministério Público de Contas dos Municípios (MPC) e da Polícia Civil do Estado de Goiás (PC-GO), pretende auditar os contratos firmados durante a gestão atual?

    Temos interesse. Até porque, como pago sem nenhum tipo de certeza? O prefeito eleito já falou, diversas vezes, sobre rever o contrato com a Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc), que administra as três maternidades municipais, por conta do custo. Não vou falar que é caro, mas para os padrões da Prefeitura não é viável.

    Atualmente, o repasse mensal para a Fundahc é de R$ 20,5 milhões. É possível continuar trabalhando com a fundação por um preço menor?

    Dá. Fazemos reuniões quase todo dia. É adequar à realidade financeira do município.

    Controlando os gastos mensais, como pretende pagar a dívida acumulada?

    Auditoria e renegociação. Entendemos que não tem como pagar sem sentar e contratar uma auditoria externa. Essa auditoria vai checar o que foi gasto. Existem contratos que previam a realização de 'X' procedimentos e foram realizados menos que 'X', mas o contrato prevê o pagamento integral. Achamos que vamos gastar de quatro a cinco meses para poder entender quantos % dessa dívida é realmente dívida e quantos % é excesso.

    Como o decreto de calamidade na Saúde que será publicado em 1º de janeiro irá ajudar na administração da pasta?

    Conseguiremos movimentar e requerer recursos. O trabalho de dengue deste ano foi muito atrapalhado. Por exemplo, as armadilhas que são feitas para controle de vetor, para saber qual a taxa de infestação em alguns pontos específicos, são alimentadas e coletadas manualmente. A Vigilância ficou sem gasolina durante um período, então não fez essas coletas. Todo o trabalho de prevenção, de coleta de resíduos e limpeza de lotes, também foi atrasado. O decreto de emergência entra nisso. Uma vez que tudo que eu deveria ter feito este ano, eu não fiz, terei que fazer em janeiro. Só que muito mais rápido. Se eu não tiver como trabalhar com o pouco dinheiro que tenho da maneira mais eficiente e rápida possível, vou acabar tendo outra epidemia.

    Em relação à dengue, este ano foi o pior da série histórica. Os especialistas apontam que a tendência é de que 2025 seja um ano epidemiologicamente mais tranquilo. Como avalia o cenário?

    2022 foi um ano muito ruim. 2023 não foi. 2024 não deveria ter sido. A última grande epidemia antes de 2022, foi em 2015. A série histórica diz que em 2025 não tem (epidemia), desde que as medidas planejadas para o ano sejam feitas. Quando paramos para entender que não fizemos essas medidas, não conseguimos prever se não vai ter epidemia. Podemos ter epidemia por falta de medidas adequadas de maio a outubro. A taxa de vacinação para a segunda dose (da vacina contra a dengue) neste ano está em 7%. Há toda uma população elegível a não ser contaminada que está descoberta.

    Como os agentes de endemia irão contribuir no combate à dengue em 2025?

    O pessoal da Vigilância prometeu que consegue fazer, nos primeiros 100 dias (de 2025), um milhão de visitas. Só que, ao mesmo tempo, temos que entender que esse agente de endemia não consegue fazer todo o trabalho sozinho. Existe um projeto de usarmos drones para fazermos o rastreio de focos. O drone faz o rastreio, identifica onde tem poça d'água e onde tem o potencial de ter foco.

    A Saúde vai trabalhar em parceria com outras pastas da Prefeitura?

    Sim. Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Habitação (Seplanh), Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) e Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg). Entregamos o nosso mapa de focos de notificações para a Comurg começar os postos de coleta de lixo por onde tem o maior número de notificações.

    Quais os planos para o período de dengue de 2025/2026?

    Neste ano, nenhum profissional da ponta foi treinado sobre atendimento à dengue, sendo que ela (doença) já começou. A partir do ano que vem, queremos começar em outubro. Tradicionalmente, se começa muito tarde. Para 2024, as capacitações foram em março. Já tinha tido epidemia em janeiro, fevereiro e, em março, é que foi feita a primeira capacitação. Já tínhamos óbito. Se não anteciparmos, nunca vamos melhorar.

    Algumas unidades de urgência e emergência estão com a infraestrutura precária. É o caso do Centro de Atenção Integrada à Saúde (Cais) Campinas. Essas unidades serão reformadas?

    Até então, essas reformas sempre foram feitas, mas nunca no padrão que o Ministério da Saúde exige para ser chamada de UPA (unidade de pronto atendimento). A UPA do Jardim América não consegue ser habilitada como UPA. Não adianta ir lá, chamar de UPA e continuar tendo uma verba repassada de zero. Estamos com três ou quatro UPAs no município que continuam girando só com recurso próprio, sendo que a ideia é que se tenha o recurso federal para ajudar.

    Começar por essas áreas mais deficitárias. O Cais Campinas tem um movimento muito grande e está em uma região central. Tem quatro leitos de estabilização, sendo que em qualquer outra unidade de Aparecida são seis. Ao invés de seis consultórios, trabalhar com oito consultórios. Ao invés de quatro leitos, trabalhar com seis leitos de reanimação. Ao invés de 12 leitos de internação, trabalhar com 26 leitos. Fazer uma unidade que consiga atender a população de maneira digna. Uma sala de espera com ar-condicionado. Não é nada demais, se parar para pensar. É só o que a população merece.

    Algum tipo de reforma, para poder aguentar, vai ter que ser feita. Emergencial. Para mim, iniciar uma (grande) reforma é só com uma planta oficial do Ministério da Saúde. Ao final do período, ela estará qualificada e habilitada. Daí, consigo captar até R$ 500 mil do Ministério da Saúde e mais R$ 250 mil do Estado. Vai custar R$ 2 milhões e ficará um déficit, para mim, de R$ 1,25 milhão. Hoje, o déficit de R$ 2 milhões fica todo para mim.

    Além de reformas, essas unidades precisam de algum tipo de reorganização?

    O Cais Guanabara, que vai ser inaugurado, tem três consultórios. Pensando em uma situação de um profissional muito bom, acima da média, ele vai atender 60 pessoas por dia em um plantão de 12 horas. Se eu tenho três consultórios, a capacidade máxima de atendimento diurno é de 180 (consultas). Isso, se eu tiver a melhor equipe. Vai conseguir fazer 180 consultas durante o dia e mais umas 120 à noite, porque acaba que a produção cai. Trezentos atendimentos em 24 horas para a população daquela região, que deve passar dos 100 mil habitantes. Trabalhei a minha vida toda, de município, em Aparecida, que hoje, em um espaço de UPA, coloca oito consultórios. Goiânia coloca três.

    O prefeito eleito prometeu atendimento pediátrico em todas as unidades de urgência. Isso será possível?

    Foi promessa de campanha e a gente já se estruturou para que todas as unidades tenham pelo menos um profissional dedicado exclusivamente ao atendimento pediátrico 24 horas por dia. Todas as 13 unidades. É alocar o profissional e montar uma telemedicina para que ele tenha um profissional mais experiente para tirar dúvidas.

    Quando isso será operacionalizado?

    Ele (Mabel) colocou como meta até o final de fevereiro, mas acho que conseguimos bem antes. Até dia 30 de janeiro.

    O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) vem apontando que Goiânia perdeu muitos leitos de UTI contratualizados com hospitais privados por causa da falta de pagamentos. No momento, existe uma crise de confiança no setor por conta disso. Como retomar uma parceria saudável com esses prestadores?

    Alguns prestadores não voltam. Alguns hospitais não vão retornar. Isso é um fato. Já estão vivendo sem (o recurso do município). Temos que buscar novos. Não tem outro jeito. Alguns outros já acenaram que têm até interesse em aumentar. A Santa Casa já acenou que tem condição de abrir mais 20 leitos de UTI, se for necessário. A crise de confiança decorre do não pagamento. Só tem um jeito de inverter: pagar. Se começa a pagar em dia, ele (prestador) entende que vai receber e essa crise cessa.

    A reabilitação desses leitos é uma prioridade?

    Precisamos entender se vamos ter essa demanda reprimida. Se tivermos, sim. Hoje, estamos sem eles. Estamos ficando, depois da montagem do gabinete de crise, com uma média de cinco a seis solicitações de UTI/dia.

    Se começo a trabalhar com eficiência, às vezes não preciso dessa quantidade de leitos. O que preciso entender, e que não temos dados ainda, é se todo paciente que está na UTI precisa permanecer na UTI pelo tempo que está ficando. Existem empresas, já até olhamos com uma e não é um serviço caro - custa R$ 35 mil, R$ 40 mil por mês -, para irem em todos os leitos, de todas as UTIs, para te falar quantos dias aquele paciente está na UTI, quanto dias é a média mundial e porque aquele paciente está aquela quantidade de dias a mais.

    De repente, sair aumentando leitos de maneira desenfreada pode ser pior, porque vou aumentar meu gasto, sem aumentar minha eficiência. Preciso garantir que meu giro de leito é eficiente ao máximo. Se ela (empresa) fala assim: 'esse paciente está (internado) há cinco dias, a média mundial é cinco e todos os pacientes estão dentro da média', é sinal de que realmente estou com uma escassez de leito. Hoje, não sei se eu tenho uma escassez de leito ou se eu tenho uma falta de eficiência no giro de leito.

    Em entrevista concedida ao POPULAR na primeira quinzena de dezembro, o secretário-adjunto da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), Sérgio Vencio, disse que é essencial que a próxima gestão da SMS se preocupe em retomar a oferta dos leitos que foram fechados, já que o Estado tem um limite de atuação.

    Independentemente da presença do Estado, Goiânia não pode ser eternamente um devedor de leitos. Goiânia tem condições de ter seus próprios leitos e pedir para o Estado as exceções.

    A Prefeitura de Goiânia vai adotar o novo sistema de regulação de leitos da SES-GO, o Sistema Saúde Integrada do Estado de Goiás (Sigo)?

    Ainda não conversei sobre isso com o Sandro (Mabel).

    Quais os planos para o Samu de Goiânia? Atualmente, todas as ambulâncias em circulação na capital estão vinculadas a um contrato emergencial da Prefeitura que alugou 22 viaturas e que foi assinado em setembro passado, com vigência de 180 dias.

    Temos cinco ambulâncias que ganhamos do Ministério da Saúde e que não vieram (para Goiânia) porque ninguém foi lá buscar. Estão lá e não buscaram. Com essas cinco, não vamos conseguir fazer o serviço que 17 fazem. A maioria das ambulâncias que estão baixadas e são nossas, já podem ser requisitadas novas. Só não foram requisitadas por questão de bagunça interna mesmo. Falta alimentar no sistema (do governo federal) a quilometragem (das viaturas). A gente sabe que, além dessas cinco, temos potencial de captar bem mais. Se em um primeiro vai ter que ser renovado o contrato de aluguel? Acredito que sim. Se estamos com 22, posso renovar com 17. Um valor menor.

    Em 2024, o Ministério da Saúde suspendeu o repasse de recursos financeiros referentes à habilitação de viaturas do Samu de Goiânia depois de várias irregularidades encontradas no serviço da capital. O que é necessário reabilitá-las novamente?

    Coisa básica. Tem que colocar uma linha telefônica digital. Hoje, ainda é analógica. Algumas ambulâncias não estão habilitadas por falta de comprovação de manutenção. Algumas não estão habilitadas por não terem cadastrado os quilômetros rodados no site do Ministério da Saúde, o que é obrigatório também. São coisas muito pequenas, que são fáceis de resolver.

    Desde que assumiu a SES-GO, o secretário estadual de Saúde, Rasível Santos, trabalha em prol da regionalização dos Samus de Goiás. É uma realidade possível para Goiânia e a região metropolitana?

    Acabou se integrando sozinho. Hoje, Goiânia é mais servida do que serve. Outros municípios têm feito esse transporte de pacientes e ajudado com técnicos de enfermagem, que às vezes estão ociosos nas bases, tripulando ambulâncias de Goiânia. De repente, estamos usando duas centrais de regulação do Samu (Goiânia e Aparecida) e poderíamos ter uma só. Não tem como não perceber que essa região metropolitana é uma 'prefeitura de saúde' só. Na hora de estudar, vai estudar sempre na escola do município em que mora. Na saúde, isso não existe. Quando passar mal, vai para a unidade mais perto de casa.

    Nas últimas semanas, as atenções estiveram voltadas para a desestruturação da urgência de Goiânia. Entretanto, também temos problemas na atenção primária. Qual o planejamento para a área?

    Hoje, Goiânia tem 75 postos de atendimento à atenção primária. Tem um projeto de telemedicina que não está indo bem. Contrataram uma empresa terceirizada com prontuário eletrônico próprio, ou seja, que não se integra. É uma coisa que tem que ser revista.

    Temos uma outra situação que está parada. São 27 profissionais do Mais Médicos que teríamos direito e, por algum motivo, não tinham aderido. Até abril, abre um novo edital do Mais Médicos. Temos interesse em pegar essas 27 vagas de volta.

    A gestão atual prometeu, principalmente por meio do programa Goiânia Adiante, uma série de reformas estruturais nas unidades de saúde da atenção primária que estão em más condições. Entretanto, a maioria das obras não foram concluídas. A nova gestão vai promover reformas e reconstruções?

    Tem três obras paradas que já demos seguimento para retornar (Vale dos Sonhos, Santa Fé e Luana Parque). Acabamos de manifestar o interesse para o Ministério da Saúde de quem vamos continuar. Até então, o Ministério da Saúde achava que tínhamos abandonado essas obras. Fizemos um termo e encaminhamos para o Ministério da Saúde dizendo que vamos continuar essas obras. Queriam sequestrar a verba de volta, uma vez que ela não tinha sido utilizada. Em janeiro, temos que entrar e fazer uma licitação.

    Em fevereiro, abrem as obras para o PAC Saúde (sigla para Novo Programa de Aceleração do Crescimento na área da saúde) para o cadastro de unidades porte três de atendimento. Estamos olhando para aderir.

    Em linhas gerais, qual será o foco da sua gestão à frente da SMS?

    Resolubilidade. Enquanto a resolubilidade das unidades de emergência for baixa, enquanto a resolutividade das UBSs for baixa, o paciente vai ficar pingando. Hoje, se você rastrear um paciente, você vai ver que ele passa, às vezes, uma semana pingando de unidade em unidade sem ter a vida resolvida, sem ter um direcionado do que pode ser feito. Recepção de UPA tem que ser vazia. Se as recepções estão ficando cheias, é porque algo está falhando na atenção básica. Enquanto as unidades de emergência ficarem resolvendo sem dar destino correto para o paciente, seja ele ser integrado na rede atenção básica, seja ele ser internado, sempre vai parecer que você está sufocado.

    E o que vai ser possível fazer ainda no início da gestão?

    Corte de gastos, adequação das escalas das unidades de emergência, retomada dessas obras paradas, inauguração do Cais Guanabara e retornar com o PSE (Programa Saúde na Escola), que está muito atrasado. Levar essas vacinações lá para dentro (das escolas). Se não, não vou conseguir atingir as metas de vacinação.

    Por fim, o que a população goianiense pode esperar da rede municipal de Saúde a longo prazo?

    Uma Saúde financeiramente sustentável, programas de monitorização de qualidade de assistência, UPAs e Cais funcionando de maneira adequada, e um programa de atenção básica forte.

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    Veja o que se sabe e o que falta esclarecer sobre a prisão dos donos de clínica suspeitos de deformar pacientes

    Segundo a investigação, pelo menos 60 vítimas procuraram a polícia após sofrerem complicações graves em resultado dos procedimentos estéticos

    À esquerda, o casal Karine Gouveia e Paulo Cesar, donos da clínica investigada. À direita, paciente com nariz necrosado após um procedimento feito na clínica.

    À esquerda, o casal Karine Gouveia e Paulo Cesar, donos da clínica investigada. À direita, paciente com nariz necrosado após um procedimento feito na clínica. (Reprodução/Redes Sociais e Divulgação/Polícia Civil)

    A prisão dos donos da clínica de estética Karine Gouveia, em Goiânia, gerou grande repercussão após a Polícia Civil (PC) deflagrar a Operação Face Oculta , que investiga a realização de procedimentos estéticos ilegais e sem a devida qualificação profissional. Conforme as investigações, os responsáveis pela clínica são suspeitos de aplicar substâncias proibidas, como PMMA e óleo de silicone, em procedimentos que causaram graves sequelas em pelo menos 60 pacientes (veja fotos ao final da matéria) .

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    Ainda segundo a PC, a clínica operava em condições irregulares, sem licenciamento apropriado e com materiais inadequados, resultando em deformidades estéticas e complicações de saúde. Veja abaixo o que se sabe sobre o caso e o que ainda falta esclarecer.

    Quem são os donos da clínica?

    Os donos da clínica de estética Karine Gouveia são Karine Giselle Gouveia Silva, de 34 anos, e seu marido, Paulo Cesar Dias Gonçalves, de 44. O casal está preso desde a deflagração da operação, no dia 18 de dezembro, e permanece na Casa do Albergado, em Goiânia. Karine e Paulo são suspeitos de comandar o local onde os procedimentos estéticos eram realizados sem a qualificação necessária, o que levou a complicações sérias nos pacientes.

    Apesar da prisão, a defesa de Karine e Paulo nega as acusações e questiona a prisão temporária. Para a defesa, a prisão é desproporcional, especialmente durante o período de festas. A defesa considera ainda que a medida afetou gravemente a vida pessoal da família, destacando que um de seus filhos, de 7 anos, foi afastado de seus pais abruptamente (veja na íntegra ao final do texto) .

    Quais são os crimes investigados?

    Os crimes investigados pela polícia incluem a realização de procedimentos estéticos ilegais, aplicação de substâncias proibidas, como o PMMA , e falhas graves em termos de qualificação profissional . A clínica oferecia procedimentos como rinoplastia, lipoaspiração e outras cirurgias que, segundo a PC, só poderiam ser realizadas por médicos especializados. Além disso, as investigações apontam que produtos de saúde foram usados de forma inadequada, com medicamentos e materiais vencidos ou sem registro na Anvisa, além do uso de substâncias como PMMA e óleo de silicone, ambos com risco elevado à saúde.

    A operação também identificou diversas irregularidades no funcionamento da clínica, como armazenamento inadequado de produtos médicos, falta de esterilização de instrumentos cirúrgicos e até o uso de seringas não esterilizadas, que resultaram em uma das vítimas contraindo hepatite C. A polícia investiga ainda a atuação dos profissionais da clínica, que realizavam procedimentos sem a qualificação necessária, colocando em risco a saúde e o bem-estar dos pacientes.

    Quem são as vítimas?

    As vítimas da clínica Karine Gouveia são pessoas que passaram por procedimentos estéticos como rinoplastia, lipoaspiração e outros tratamentos invasivos. Pelo menos 60 pacientes procuraram a polícia após sofrerem complicações graves em decorrência dos procedimentos, que variaram desde cicatrizes e necroses até infecções severas e perda de funções corporais, como a visão. Em alguns casos, as vítimas precisaram de várias cirurgias corretivas e até de enxertos de pele para tentar reparar os danos causados.

    Uma das vítimas precisou ser entubada após passar por um procedimento na clínica e ficou com o nariz necrosado, e outras tiveram complicações que resultaram em deformidades permanentes. As vítimas relataram ainda que, durante os atendimentos, sofreram dores intensas e, em muitos casos, não receberam o suporte médico necessário. De acordo com a polícia, a clínica foi responsável por uma série de danos irreversíveis que exigem reparações complexas e contínuas.

    Quais os próximos passos da polícia?

    A investigação segue em andamento, com a Polícia Civil buscando mais informações sobre o envolvimento de outros profissionais na clínica, além de novos depoimentos de vítimas e ex-funcionários. A polícia já apreendeu documentos e materiais na clínica, que incluem registros de cirurgias ilegais e medicamentos sem a devida regulamentação. A Operação Face Oculta continuará a apurar as responsabilidades dos donos da clínica e de outros envolvidos, enquanto as autoridades buscam identificar a extensão dos danos causados aos pacientes.

    O andamento das investigações também visa esclarecer a rede de atuação da clínica, que aparentemente operava com práticas fraudulentas e sem o devido licenciamento sanitário. A polícia já registrou vários depoimentos de vítimas que detalham como foram enganadas e a negligência dos profissionais da clínica. As autoridades ainda tentam localizar mais vítimas e coletar evidências sobre os procedimentos ilegais realizados no local.

    O que dizem os envolvidos?

    A defesa de Karine e Paulo, os donos da clínica, se manifestou em nota afirmando que as acusações são infundadas e que, como empresários com anos de experiência no ramo, sempre trataram seus pacientes com respeito. Segundo a defesa, a prisão temporária foi uma medida exagerada, e eles confiam que o processo esclarecerá os fatos. No entanto, a defesa também questiona a divulgação seletiva de informações por parte da polícia, o que teria prejudicado a imagem dos investigados antes que a verdade fosse estabelecida no processo (veja na íntegra ao final do texto) .

    O Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) e o Conselho de Odontologia de Goiás (CRO-GO) também se manifestaram sobre o caso. O Cremego, em sua nota, reforçou que os procedimentos realizados pela clínica, como rinoplastia e otoplastia, são de competência exclusiva de médicos e que, por isso, as ações da clínica configuram crimes. Já o Conselho de Odontologia declarou que o profissional envolvido, que não tinha especialização em cirurgia plástica, não deveria ter realizado os procedimentos e que sua conduta violou as normas éticas e legais da profissão (veja na íntegra ao final do texto) .

    O Conselho Regional de Biomedicina −3ª Região (CRBM-3) também divulgou nota informando que está apurando as informações divulgadas pela imprensa e que só vai comentar o caso após ser notificado (veja na íntegra ao final do texto) .

    Notas na íntegra

    Nota da defesa de Karine e Paulo

    Sobre os procedimentos estéticos realizados na clínica, a defesa e os investigados acreditam que todos os fatos serão esclarecidos. É um direito e um dever dos empresários diante dos 8 anos de mercado e mais de 30 mil clientes e procedimentos realizados. Todos os pacientes sempre foram tratados com profundo respeito e cuidado.

    Sobre a divulgação do áudio realizada pela autoridade policial, a defesa ressalta a profunda preocupação com o vazamento seletivo de informações de um processo que tramita sob segredo de justiça, ao qual a própria defesa teve dificuldades em ter acesso.

    As publicações municiadas por informações passadas pela autoridade policial, de forma unilateral e sem a realização de perícia técnica que possa haver a participação de ambas as partes, promovem a execração pública de investigados, tratando-os como condenados sem que tenham tido acesso ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa. Tal postura afronta gravemente os direitos humanos, em desrespeito às normas internacionais protegidas pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, estabelecida em Haia, a qual está sendo acionada.

    Sobre o pedido de soltura, esclarecemos ainda que os únicos advogados que representam legalmente a Karine e o Paulo César são Romero Ferraz Filho e Tito Souza do Amaral. Ambos estão trabalhando incansavelmente para revogar a arbitrária prisão dos investigados.

    A decretação de prisão temporária é uma medida desproporcional e injustificável, especialmente diante da ausência de qualquer elemento concreto que impeça os investigados de responderem às acusações em liberdade. É importante destacar que, neste período sensível de Natal, essa decisão manteve um menino de apenas 7 anos afastado abruptamente de seus pais.

    Por se tratar de processo que tramita em segredo de justiça, não adentraremos ao mérito das acusações, mas com absoluta certeza, serão esclarecidas no processo e, reforçamos ainda que a Karine e o Paulo César nunca tiveram a intenção de praticar qualquer crime.

    Romero Ferraz Filho OAB.GO 33.000

    Tito Souza do Amaral OAB.GO 12.443

    Nota Cremego

    De acordo com a LEI Nº 12.842, DE 10 DE JULHO DE 2013, que dispõe sobre o exercício da medicina, a indicação da execução e execução de procedimentos invasivos, sejam diagnósticos, terapêuticos ou estéticos, são atos exclusivos de médicos, portanto, não devem ser exercidos por outros profissionais.

    Nota Conselho Regional de Odontologia

    O Conselho Regional de Odontologia de Goiás (CROGO) informa que não teve conhecimento prévio da operação policial realizada na manhã da última quarta-feira, 18 de dezembro de 2024, que resultou na prisão de profissionais cirurgiões-dentistas inscritos neste Conselho. Conforme divulgado pela mídia, os profissionais são acusados de realizar procedimentos estéticos e cirúrgicos que teriam causado danos físicos a pacientes.

    Esclarecemos que, de acordo com a Resolução CFO nº 198/2019, os cirurgiões-dentistas possuem formação e capacidade técnica para a realização de procedimentos de Harmonização Orofacial (HOF), respeitando os limites de atuação da profissão, a legislação vigente e os princípios éticos que regem a Odontologia.

    O CROGO repudia veementemente qualquer ato que exponha negativamente a imagem dos profissionais da área, que, em sua grande maioria, exercem sua profissão com excelência, dedicação e respeito à sociedade. Reforçamos nosso compromisso de zelar pela ética e pela segurança dos pacientes, promovendo uma Odontologia responsável e de qualidade.Informamos que eventuais procedimentos administrativos de fiscalização do órgão são sigilosos, não sendo possível compartilhar sua existência ou desdobramentos.

    Nota Conselho Regional de Biomedicina

    O Conselho Regional de Biomedicina - 3ª Região (CRBM-3) informa que está apurando as informações divulgadas pela imprensa e só vai comentar o caso após ser notificado. Informa ainda que a Clínica que pertence à empresária Karine Giselle Gouveia Silva tem registro de Pessoa Jurídica no Conselho. A referida profissional não é biomédica.

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