O Goiás vive seu pior momento esportivo na história e não dá indícios de que vai contornar rapidamente a fase ruim. Em 2025, o clube esmeraldino completou sete anos sem vencer o Campeonato Goiano - é o maior jejum de título estadual desde que conquistou seu primeiro, em 1966. O que já é ruim piora com o desempenho da equipe, que é abaixo da expectativa, ao ponto de a classificação à final da Copa Verde ser marcada por protestos da torcida. Tudo isso às vésperas do início da Série B.Problemas internos parecem impactar cada vez mais no futebol do Goiás desde que houve alteração no estatuto do clube. No dia 23 de dezembro de 2023, os sócios-conselheiros votaram para extinguir o cargo de presidente executivo (o último foi Paulo Rogério Pinheiro) e criar o Conselho de Administração, presidido por Aroldo Guidão.No período de um ano e três meses, o Goiás teve três treinadores, dois diretores de futebol e dois CEOs, ou diretores executivos, cargo novo criado também na mudança do estatuto, sem contar as alterações em outros departamentos na direção esmeraldina.Em campo, o Goiás acumula mais decepções do que conquistas. O time é finalista da Copa Verde e pode voltar a ser campeão do torneio que venceu pela primeira vez em 2023 - foi o último título do clube esmeraldino. No Goianão, sofreu com alguns vice-campeonatos (2019, 2022 e 2023) e eliminações duras nos últimos anos, como ocorreu diante do Goiânia (nas quartas de final do ano passado) e para o principal rival, Vila Nova, na semifinal deste ano.O período mais estável do Goiás nos últimos tempos foi quando venceu sete jogos seguidos sem sofrer gol em nenhuma partida, na reta final da Série B do ano passado, e ficou a um ponto do acesso à Série A. O time era comandado por Vagner Mancini, que tinha intenção de ficar, inicialmente, mas não renovou contrato após divergências internas.Para comentaristas consultados pelo POPULAR, a instabilidade política é a principal explicação para o momento ruim do Goiás. “Quando qualquer empresa perde o comando, a tendência é fracassar. O Goiás perdeu o comando. Criou uma situação administrativa que não é colocada em prática. Se não houver uma reviravolta, um comandante que mostre a cara, vai continuar assim”, opinou o comentarista Evandro Gomes, da rádio CBN Goiânia.O presidente Aroldo Guidão e o diretor executivo Leonardo Pacheco não costumam aparecer publicamente. Leonardo Pacheco, inclusive, sequer foi apresentado pelo Goiás, mas ele trabalha no clube desde o final do ano passado.Leonardo Pacheco ocupa o cargo que foi deixado por Luciano Paciello em dezembro do ano passado. Enquanto o antecessor era atuante no futebol, o atual CEO cuida mais de outros assuntos do clube, como quando o Goiás precisou administrar o episódio em que um torcedor foi impedido de entrar na Serrinha com fones sem fio. Nos últimos meses, desde dezembro de 2024, o ex-presidente Paulo Rogério Pinheiro voltou a estar mais ativo nas decisões do Goiás com conselhos. Nesta semana, na terça-feira (18), ele fez uma reunião com jogadores antes do treino da equipe antes da semifinal da Copa Verde contra o Brasiliense. Foi a primeira vez que ele fez uma aparição pública no clube.Paulo Rogério Pinheiro não tem cargo na diretoria do Goiás, mas pretende voltar a ocupar posição de destaque no meio deste ano, mas não na direção executiva. Ele deve ser candidato para assumir a presidência do Conselho Deliberativo.O ano do Goiás ainda está longe de acabar. O clube terá a final da Copa Verde, contra o Paysandu, em abril, e a disputa da Série B. A equipe esmeraldina busca o acesso à Série A. É a principal meta da temporada. A competição vai ocorrer entre abril e novembro.Fora da Copa do Brasil deste ano, o que compromete receitas, além do desempenho técnico da equipe, o Goiás precisa ser campeão de pelo menos uma das duas competições que ainda tem na temporada para voltar ao endinheirado torneio nacional mata-mata em 2026.“Talvez esse novo fracasso (no Campeonato Goiano) dê uma chance para o clube se acertar no futebol. O Campeonato Brasileiro é longo, o sobe e desce acontece com frequência. Às vezes, o sucesso no Estadual é um convite para um tombo no Brasileiro”, acrescentou o comentarista José Roberto Silva, da Rádio CBN Goiânia.Neste ano, a Série B não terá clubes como Santos e Cruzeiro, que foram equipes de maior expressão que disputaram a competição nos últimos anos. Na teoria, a disputa deve ser mais aberta, sem grandes favoritos.“A Série B dá um tempo para se arrumar durante a competição. Claro que o Goiás vai precisar se apressar um pouco. Não chamaria essa edição de ‘a mais difícil’, até por essa ser uma edição sem os grandões da Série A para brigar por vaga. Não precisa ser campeão, mas não é tão simples estar entre os quatro. O Goiás precisa se ligar rápido”, alertou o jornalista Sérgio Xavier, do Sportv.O planejamento do Goiás é aproveitar as semanas livres antes da Série B para reformular o elenco. Os próximos dias devem ser marcados por saídas e chegadas de jogadores.