No futebol goiano, só um clube, o Crac, conquistou o acesso da Série D à Série C do Brasileiro. A Aparecidense pretende seguir o mesmo caminho do time catalano, que não só conseguiu mudar de divisão como, ainda, decidiu o título da Série D de 2012 - foi vice, ao perder a final para o Sampaio Corrêa-MA - em sistema de disputa semelhante ao atual, mas com menos participantes na fase inicial (eram cinco, contra os oito de 2020). Por causa disso, a 2ª fase daquele ano já eram as oitavas de final (16 classificados) e isso fez com que a competição tivesse uma etapa eliminatória a menos que no formato atual.Coincidentemente, o caminho da Aparecidense, na Série D atual, começou a ser traçado após a desistência do Crac em disputar a 4ª Divisão nacional. O Leão do Sul alegou dificuldades financeiras e abriu mão da Série D, pois, em ano de pandemia do coronavírus, a CBF garantiu que não haveria punição em caso de desistências. A Aparecidense reivindicou a vaga e entrou no lugar do Crac.Há oito anos, no meio da disputa política local pela prefeitura de Catalão, desacreditado, com elenco bastante reduzido (na média, 18 atletas profissionais e alguns das categorias de base) e poucos recursos financeiros, o Crac foi se ajustando no decorrer do torneio e mostrou por que é uma força tradicional do interior de Goiás.Após eliminação na semifinal do Goianão com goleadas vexatórias para o Atlético - 4 a 1 (Catalão) e 8 a 0 (Goiânia) -, o Crac contratou o técnico gaúcho Zé Roberto Silva, com experiência no futebol goiano. Com alguns remanescentes do time do Goianão, atletas da base e a contratação de peças pontuais, o Crac iniciou a Série D com discrição e tratado como mero participante.“Na realidade, o início foi uma incógnita. Houve adiamento de datas no início, conseguimos um pouco mais de tempo para treinar e fomos nos ajustando, aos poucos”, relembra o atacante Nino Guerreiro, uma das contratações do clube para a disputa e que despontou, fez 13 gols em 16 partidas e se tornou artilheiro do Crac e da Série D 2012. Aos 37 anos, ele ainda está na ativa e mora em Juazeiro do Norte (BA), onde fez história pela Juazeirense.Na 1ª fase da Série D, o Crac ficou no Grupo 5, ao lado de Aparecidense, Ceilândia-DF, Sobradinho-DF e Cene-MS. Foi 1º colocado, mas passou sufoco na última rodada, em que perdia de 2 a 0 do lanterna, o Sobradinho, mas virou para 3 a 2 no segundo tempo. Se perdesse, seria eliminado.“Tínhamos de ganhar do Sobradinho. Eles abriram 2 a 0 e só no segundo tempo conseguimos a reação. Fiz um gol de pênalti, que foi da vitória e da classificação, no fim. Aquilo mexeu com a torcida”, citou Nino Guerreiro.Segundo ele, o time ganhou confiança para entrar nas oitavas de final, diante do Nacional-MG, que mandava jogos em Nova Serrana-MG. O Crac perdeu fora (2 a 1), mas a vitória de 1 a 0, em Catalão, garantiu passagem à fase decisiva, as quartas de final, diante do Friburguense. O município de Nova Friburgo havia sido devastado pelas chuvas, naquele ano. A classificação do time fluminense significava um alento na reconstrução da cidade, mas o Crac abriu vantagem em casa - 2 a 0, com gols de Juninho Paraíba e NinoGuerreiro. No jogo decisivo, na volta, o Friburguense abriu vantagem de 3 a 0 antes dos 25 minutos do primeiro tempo, mas o atacante Dinei, que não havia marcado nenhuma vez pelo time, fez o gol da classificação.Já garantido na Série C 2013, brilhou a estrela de Nino Guerreiro sobre o Mogi MIrim, clube do ex-jogador Rivaldo, na semifinal. “Fiz três gols nos dois jogos. Em Mogi (empate de 1 a 1), fiz um de bicicleta. É o gol mais bonito da minha carreira. Tive um ano iluminado. Fiz gol de cabeça, perna esquerda, direita, de pênalti e de bicicleta”, destacou o goleador.Na final, diante de um adversário superior e mais estruturado, o Sampaio Corrêa, o Crac só ficou no empate em casa (1 a 1) e derrota em São Luís, no Castelão lotado por cerca de 40 mil pessoas, que festejaram o título do clube maranhense na vitória por 2 a 0.