Treinos diários, dois ou mais jogos por semana, concentração, muita atividade física. A rotina de um jogador de futebol é movimentada, mas terá de ser diferente por tempo indeterminado. Por causa da pandemia do novo coronavírus, diversos Estaduais, incluindo o Campeonato Goiano, foram suspensos. Isolamento social, cuidados com a saúde e treinos em casa passam a fazer parte do dia a dia dos atletas que estavam em disputa no Goianão 2020. Todos os atletas que conversaram com o POPULAR lamentam a paralisação, mas entendem que o motivo é forte. “É difícil questionar alguma coisa. Estamos vivendo uma situação que não podemos controlar. Não ocorre só no Brasil e em Goiás, é no mundo inteiro. Temos de acatar, nossa saúde precisa vir em primeiro lugar”, opinou o meia Rodriguinho, que estava morando em Goianésia, onde jogava pelo Azulão do Vale, e viajou de carro nesta quinta-feira (19) para Iporá, onde mora com os pais e a mulher. Natural do Rio de Janeiro, o meia Anthony, do Goiânia, já deixou o alojamento do clube em Aparecida de Goiânia e viajaria de avião para a cidade carioca nesta quinta-feira (19). “Vou ficar com minha família, estamos tomando todo o cuidado, permaneceremos em casa e vamos respeitar as orientações dos especialistas”, frisou o jogador, que disputou nove das 10 partidas do Galo até a paralisação. E o que fazer durante o isolamento social? “Treinar. Gosto muito de treinar quando estou parado e não vai ser diferente com a paralisação. Tenho amigos preparadores físicos, vou encontrar espaço dentro de casa para me manter preparado”, contou o atacante Gabriel Costa, do Crac, que deixou Catalão, de carro, e viajou para Goiânia, onde embarcou em um avião para Belo Horizonte, sua cidade natal. “Quero ir pescar. Se for para ficar no tédio, quero ficar isolado pescando. Dá para assistir muitos filmes também, quero treinar e aproveitar minha família. Sempre com muito cuidado com a saúde. Não vai faltar álcool em gel”, salientou Rodriguinho, do Goianésia. Apesar do pouco tempo, apenas dois dias desde a suspensão, o clima é de buscar adaptação rápida. “Foi assustador saber que não iríamos mais jogar. É uma mudança rápida na nossa rotina, tem de adaptar agora. Estou desempregado, vou procurar fazer treinamentos e aguardar. Não temos ideia de quando tudo isso vai passar”, comentou Robson, zagueiro da Aparecidense, que possui residência fixa em Aparecida de Goiânia e não pretende deixar a cidade durante o período de isolamento. Dos atletas consultados pela reportagem, nenhum possui parentes nos grupos de risco (idosos, doentes crônicos e imunossuprimidos) do novo coronavírus. “Mesmo assim vamos redobrar os cuidados. Ficar em quarentena. Sabemos que esse vírus não é brincadeira. Todos na minha família estão se cuidando para não sofrer”, frisou Jomar, do Iporá, que viajou de avião para sua cidade natal, o Rio de Janeiro. Desde quarta-feira (18), jogadores estão sendo procurados pelas direções dos clubes para discutir o futuro de cada um. No Goiânia e nas equipes do interior, exceção ao Grêmio Anápolis, a maioria dos contratos será rescindida. “Já sentei e conversei com eles (diretoria). Acertaram tudo comigo (dias trabalhados) e com os demais jogadores, rescindiram nossos contratos. Agradeci por saber que abri uma porta”, disse o zagueiro do Iporá. Em alguns casos, como na Aparecidense, a direção ainda negocia com atletas. “Já tivemos uma primeira reunião, mas ainda vamos definir valores, tempo que será pago (mês total ou dias trabalhados). Certo é que vamos rescindir”, explicou o zagueiro Robson. O mesmo ocorre no Crac. “Meu contrato vai até o final do Goiano. Com essa paralisação, não sei como vai ficar, se será renovado ou rescindido. Estou esperando contato da diretoria para resolver meu futuro o mais rápido possível”, afirmou Gabriel Costa, atacante do Leão do Sul. Nesta quinta-feira (19), atletas de alguns clubes divulgaram notas com críticas ao Sindicato dos Atletas Profissionais de Goiás. Jogadores alegam que não foram procurados pela entidade, que solicitou junto à Federação Goiana de Futebol a suspensão do Goianão. A FGF atendeu o pedido, mas das recomendações que foram feitas pelo Governo de Goiás e CBF.