O goleiro costuma ser, quando tudo está perdido, a esperança derradeira, o último suspiro, a salvação. Nele, reside a possibilidade da sobrevida, da recolocação do time em condições de fazer algo na partida. Neste sábado (31), essa lei da vida, e do futebol, se fez valer com o ágil e frio Kozlinski, de 28 anos. Numa tarde de atuação apática, o Atlético venceu o São Bento por 1 a 0, no Estádio Antônio Accioly - gol do atacante Pedro Raul, no primeiro tempo, e de atuação primorosa de Maurício - como os colegas e comissão técnica chamam o camisa 1 - no segundo tempo.O Dragão fechou a rodada do returno da Série B numa boa posição, em termos de acesso. Está em 3º lugar - colado ao Coritiba, que perdeu no sábado da Ponte Preta (1 a 0) e dois pontos à frente do Sport, que empatou com Oeste (0 a 0). Rodada positiva ao Atlético que, por coincidência da tabela, decide a colocação na Série B contra o Coritiba domingo, às 11 horas, na capital paranaense. Se vencer o Coxa, o Dragão vira vice-líder da Série B. Depois, será a vez de medir forças com o Bragantino, o líder da Segundona.Para isso, precisará que Maurício Kozlinski possa ajudar o time assim que for chamado a intervir, como fez no empate de 1 a 1 com o Sport e, sábado, nos minutos finais. “O Medeiros (Marcos, preparador de goleiros) diz sempre que é preciso estar bem preparado para a defesa. Quem sabe, a única defesa, mas que pode fazer a diferença”, resumiu o camisa 1, ao detalhar rotina e sina do goleiro. Ele existe para salvar. Do contrário, é executado.Nos acréscimos, aos 49 minutos do segundo tempo, a torcida do Dragão gritava à arbitragem, péssima por sinal, que terminasse o jogo. O Atlético se arrastava e mostrava apatia poucas vezes vista nesta Série B. Foi quando o atacante Zé Roberto, o goleador do São Bento (oito gols), ao tirar a bola da marcação da defesa, ficou à frente do gol e da possibilidade de silenciar os atleticanos. Zé Roberto atirou de bico. A bola, no canto, tinha endereço certo. Menos para Kozlinski, com o vistoso uniforme amarelo. O goleiro se atirou, espalmou a bola e, ainda, correu pra interceptar o rebote no pé Minho. É a “defesa” prevista por Medeiros.No duelo, o executor e o condenado. Maurício Kozlinski inverteu a lei da força. Fez a defesa salvadora e teve o nome gritado em coro pelos assustados torcedores, que não imaginavam que o Dragão levaria sufoco.“Eu tinha de esperar que ele (Zé Roberto) definisse o chute. É difícil de explicar, mas ali conta o reflexo, treinamento, ser frio. O goleiro trabalha para isso”, citou o camisa 1 que, antes, havia evitado outro gol de Zé Roberto.Assim, o Dragão se consolida como um dos melhores aproveitamentos defensivos. O time levou 15 gols em 20 jogos e mostra evolução. Porém, vê sinais de estagnação ofensiva. Está com média caindo. Só se salvou, neste sábado, porque Pedro Raul fez o gol.Na saída errada do goleiro rival, Renan Rocha, Moacir tocou rápido. Pedro Raul dominou, girou, tirou a marcação e tocou no canto - Atlético 1 a 0, aos 39 minutos do primeiro tempo. Muito pouco. Então, Kozlinski justificou duas horas de treinos diários, com 50 a 100 chutes desferidos pelos preparadores de goleiros. Afinal, o goleiro é treinado pra pegar só uma delas no jogo.