A determinação de Matheus Barbosa será um dos modos, que amigos e familiares, vão se lembrar do piloto de 22 anos, que morreu no domingo (8), em Interlagos, durante a 5ª etapa da Superbike Brasil. Talentoso, o jovem natural de Anápolis estava em momento de evolução na carreira e conquistou ao menos um título nas últimas quatro temporadas. Neste ano, o motociclismo goiano já havia perdido a piloto Indy Muñoz, que faleceu com 29 anos.O talento era uma das semelhanças entre os pilotos. Matheus Barbosa passou a praticar motociclismo de forma profissional a partir de 2016, ano do título goiano na categoria 150cc, o primeiro da carreira. “Há quatro, cinco anos, ele entrou em contato comigo pelas redes sociais para saber como poderia se tornar um piloto profissional, sempre foi muito dedicado. Eu passei um pouco da minha experiência, com o tempo ele já estava em um nível nacional. O talento dele fala por si, conquistou muita coisa por méritos próprios. Amigo que fiz dentro das pistas”, contou o piloto Edson Luiz, o Mamute, que trabalhou com o goiano na Equipe Pitico Race Team, a última que Matheus Barbosa defendeu na carreira.No currículo do piloto goiano, além do título estadual em 2016, Matheus Barbosa conquistou o Brasileiro Copa Kawasaki Ninja 300, categoria do Superbike Brasil em 2017, foi campeão Paulista e Nacional, em 2018, da R3 Cup, prova que era organizada pela Yamaha, e no ano passado, faturou o Superbike Brasil, na categoria 600cc. Em 2020, o anapolino estava em 4º na classificação do maior campeonato de motovelocidade do País.Procurada, a Superbike Brasil não retornou os contatos da reportagem para falar sobre a morte de Matheus Barbosa e sobre o futuro da categoria. Nos últimos anos, outros pilotos, como Sérgio dos Santos, Rogério Munuera, Danilo Berto e Maurício Paludete, sofreram acidentes graves que tiraram suas respectivas vidas. A próxima etapa, a 6ª da temporada, está prevista para ocorrer no dia 22 de novembro, em Curitiba.O velório e enterro do piloto goiano ocorreram na segunda-feira (9), em Anápolis. “É um ano para se esquecer. Primeiro a Indy, também criada aqui, campeã. Foram duas fatalidades. O Matheus era um cara determinado, queria vencer sempre. Infelizmente morreu fazendo aquilo que amava. A tristeza é grande de perder um amigo, um talento do motociclismo. Não são todos os pilotos que chegam lá, mas o Matheus deixa uma história de inspiração”, disse Roberto Boettcher, gerente do Autódromo de Goiânia, que estava presente no sepultamento do motociclista.“Um troféu (do Goiás SuperBike) deve ganhar o nome do Matheus, não há muito para se fazer (como forma de homenagem). Ele demonstrou talento desde cedo, tinha um longo caminho de sucesso. Uma pessoa humilde e que infelizmente sofreu uma fatalidade”, comentou Kurt Feichtenberger, presidente da Federação Goiana de Motociclismo.O piloto e caminhoneiro Elisvan Cleiton Gualberto diz que terá boas lembranças do amigo Matheus Barbosa. “Lembro que no começo da carreira dele, eu tinha que dar umas broncas porque ele exagerava na vontade de vencer. Uma vez ou outra caía, ou quebrava o motor. Ele sempre quis o melhor pra carreira dele. Isso era o diferencial do Matheus. Conseguiu crescer no esporte depois que controlou o ímpeto de piloto, buscou sempre se aperfeiçoar. Um cara humilde, nas pistas, como amigo e patrão”, frisou Elisvan, que trabalha como caminhoneiro na transportadora de cargas de Sinomar Silvério, pai de Matheus Barbosa.Outro piloto, Eric Granado, que liderava a prova em Interlagos no momento do acidente de Matheus Barbosa, lamentou a perda do goiano e também de Tunico Maciel, de 26 anos, que morreu na segunda-feira (9), após sofrer acidente durante uma etapa do Rally dos Sertões. “Para um atleta do motociclismo como eu, é muito triste perder dois companheiros apaixonados pelo esporte de uma forma tão trágica. A luta desses jovens em suas carreiras certamente foi semelhante à minha, então para mim é ainda mais lamentável ver o sonho deles acabar assim. Também penso nos familiares, nos amigos e nos fãs, que certamente os acompanhavam e tinham carinho por eles. Vou guardar as boas lembranças deles, seja no convívio que tivemos ou como talentos que tinham deixado sua marca nas competições e ainda tinham muito a realizar. Acho que é a melhor forma de tê-los na memória”, afirmou Eric Granado, atual campeão da Superbike Brasil.