O Ministério Público de Goiás (MP-GO) colheu quatro depoimentos no primeiro dia da operação que investiga manipulação de resultados em três jogos da Série B, na terça-feira(14). As pessoas ouvidas foram os alvos em Goiânia, Cuiabá e duas em São Paulo. Dois novos depoimentos estão marcados até o fim da semana.O material aprendido nos mandados de busca e apreensão será reunido até o fim da semana em Goiânia. São mais de dez equipamentos eletrônicos, entre notebooks e celulares. Não há como precisar o conteúdo completo nem o volume de dados que está nos equipamentos.Fernando Cesconetto, promotor de Justiça do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e coordenador da operação Penalidade Máxima, considera prematuro prever o alcance da investigação, como falou AO POPULAR nesta quarta-feira (15).“Depende de uma análise criteriosa do material apreendido. A quantidade inicial é de três partidas da Série B, mas, numa análise preliminar do material, sabemos que esse número pode aumentar porque há indícios de suspeitas em partidas deste ano dos Estaduais”, falou Fernando Cesconetto nesta quarta-feira (15).Na véspera, o MP-GO apresentou uma imagem com uma tabela que apresentava as ofertas que circulariam em grupos com valores de adiantamento e preço final pago a quem participar do esquema cometendo pênaltis em jogos. É por isso que há a suspeita de que o esquema prossegue neste ano, em jogos dos Estaduais.Além do material reunido nas buscas e apreensões efetuadas no primeiro dia de operação, o promotor Fernando Cesconetto disse que pode haver compartilhamento de material com outros órgãos de investigação e com a Justiça Desportiva, por exemplo.Desde que a operação foi deflagrada, na manhã desta terça-feira (14), não houve novas denúncias de manipulação de resultados para o Gaeco.A denúncia inicial que motivou o início da investigação veio do Vila Nova. Ela ocorreu em meados de novembro e foi feita pessoalmente pelo presidente do clube, Hugo Jorge Bravo. O MP-GO explicou ao POPULAR que a representação foi feita e já foi colhido o depoimento do dirigente colorado, que contou como ficou sabendo da participação do ex-jogador do Vila Nova Romário, além de outras informações, como os jogos suspeitos e o contato feito pelo apostador no esquema.Fernando Cesconetto disse que a investigação ainda não chegou a quais plataformas foram usadas para as apostas. Reforçou que clubes e casas de apostas não são investigadas e são vítimas no esquema.Entenda o casoA operação Penalidade Máxima, deflagrada nesta terça-feira (14), investiga grupo criminoso que atua para manipular resultados nas partidas por meio de ações como, por exemplo, cooptar atletas para cometer pênalti no primeiro tempo dos jogos, entre outras iniciativas.O objetivo do esquema é viabilizar o êxito em apostas esportivas de elevados valores. Em contrapartida, os atletas recebem parte dos ganhos, em caso de êxito. Estima-se que cada suspeito tenha recebido aproximadamente R$ 150 mil por aposta.Leia também:+ Manipulação de resultados: veja quais crimes podem ter sido cometidos+ Ex-Vila Nova é alvo de investigação de manipulação de resultados na Série B; veja quais são os jogos+ Vila Nova denunciou esquema de manipulação de resultados na Série BOs investigadores afirmam que o grupo atuou em, no mínimo, três jogos da Série B no fim de 2022, com estimativa de valores envolvidos de mais de R$ 600 mil.De acordo com o MP-GO, os apostadores fizeram apostas casadas de pênaltis em três partidas. Os jogos são (todos pela última rodada da Série B do ano passado):Vila Nova 0 x 0 SportCriciúma 2 x 0 TombenseSampaio Correia 2 x 1 LondrinaNesta terça-feira (14), um mandado de prisão temporária e nove mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Goiânia, São João del-Rei (MG), Cuiabá (MT), São Paulo (SP), São Bernardo do Campo (SP) e Porciúncula (RJ).Em Goiânia, o único mandado cumprido foi de busca e apreensão contra Gabriel Domingos, volante de 22 anos do Vila Nova, que não participou da manipulação, mas emprestou a conta para os pagamentos dos manipuladores.Romário, de 20 anos, é outro jogador alvo de mandado de busca e apreensão, mas em Minas Gerais. Ele era jogador do Vila Nova no ano passado e, pouco depois do jogo do Vila Nova que está sob investigação, teve contrato rescindido pelo clube, que não contou o motivo à época, só disse que foi por "ato de indisciplina grave".Os outros jogadores são os laterais Matheusinho, que está no Cuiabá, mas jogava pelo Sampaio Corrêa em 2022, e Joseph, do Tombense, conforme apurou O POPULAR.