Amante do esporte e da velocidade, Luiz Fernando Rocha Lima, o Nando, deixa um legado para o automobilismo goiano e a admiração de todos que lutaram pelo crescimento do esporte em Goiás. Foi por meio de sua habilidade e competência que o sonho dos pilotos goianos e amantes do esporte a motor se tornou realidade com a construção do Autódromo Internacional de Goiânia.O advogado e jornalista Luiz Fenando Rocha Lima morreu nesta quarta-feira (7) aos 75 anos. Nando vinha se tratando de um tumor cerebral agressivo descoberto após contrair Covid-19 no início de 2022.Luiz Fernando Rocha Lima já era um dos principais entusiastas das corridas de automóveis em Goiânia quando as provas eram disputadas nas ruas da capital. Também foi um dos responsáveis pela fundação da Federação Goiana de Automobilismo (Faugo), entidade que passou a dar organização e projeção para o esporte em Goiânia. Foi presidente da Faugo em duas ocasiões, sendo a mais importante delas entre os anos de 1972 e 1976 por causa do trabalho na construção do Autódromo de Goiânia, inaugurado em 1974 - a segunda passagem foi entre 1980 e 1982.“O Nando teve como expoente a condição de ter transformado em realidade um sonho coletivo que era ter um autódromo. Era influente junto aos governos, ainda mais junto ao de Leonino Caiado, que se sensibilizou pelos argumentos de que Goiânia era uma cidade jovem, de população igualmente jovem (lembre que tudo começou em 1972, Goiânia tinha 34 anos) que merecia insumos esportivos de qualidade. Saíram desse conceito o Estádio Serra Dourada, o Autódromo, posteriormente batizado corretamente de Internacional, e o Ginásio Vermelho, construídos na mesma época e hoje cumprindo suas finalidades originais”, lembrou o jornalista Fernando Campos, especialista em automobilismo e que conviveu por décadas com Luiz Fernando Rocha Lima.Flávio Luiz Cunha esteve ao lado de Nando no início da organização do automobilismo goiano e ajudou a realizar diversas provas. Amigo de longa data, além de tê-lo como seu padrinho de casamento, Flávio lembrou que o jornalista foi uma das principais figuras da história do automobilismo goiano. “Deixou um legado muito grande. Foi o mentor de quase tudo que temos no automobilismo goiano hoje. Ele levantava a bandeira”, salientou.Para Fernando Campos, a capacidade de gestão de Nando era ímpar e ele sabia delegar tarefas e escolher muito bem a cargo de quem elas deveriam ficar.“Tinha uma capacidade admirável de dominar qualquer ambiente pela sua presença, voz e verve. Além disso, ao dirigir um empreendimento, como foi o projeto e a construção do Autódromo, ele se cercava de quem sabia que cumpriria as tarefas com competência e, acima de tudo, com paixão. Foi assim ao indicar (impor) Marcos Veiga Jardim e Silas Varizo para o projeto. Está aí, 48 anos depois, com o prestígio de rivalizar como um dos melhores, mais técnicos, mais completos e mais seguros do Brasil.”O ex-piloto goiano Edmar Ferreira mostrou muita emoção com a notícia da morte do amigo. Destaque da motovelocidade nos anos 1970, Edmar Ferreira se lembra da importância que Nando teve não só para sua carreira, mas também para o esporte goiano em geral e o coloca entre os mais influentes desportistas da história goiana.“Senti muito, isso me tocou profundamente porque ele foi um dos grandes baluartes, até me emociono (voz embargada). Foi um cara sensacional. Se tivesse alguém que não gostasse dele, seria oculto. Você não vai encontrar quem fale abertamente alguma coisa negativa dele. Sempre foi simples, humilde, nunca gostou de aparecer e estava ali sempre na retaguarda. Nós estamos de luto, pois perdemos muito. Era um homem, um desportista e um amigo de caráter”, disse Edmar Ferreira.Para Fernando Campos, Luiz Fernando Rocha Lima foi muito mais que um dirigente do automobilismo. Ele viveu o esporte em todas as suas fases e sempre com muita paixão. “Percorreu todas as etapas do então automobilismo em formação, chefe de equipe de kart, piloto de corridas regionais, dirigente estadual e quase presidente da Confederação Brasileira de Automobilismo no final da década de 80, perdeu por um voto para Piero Gancia”, disse Fernando Campos, ao lembrar que o amigo foi uma personalidade não apenas no cenário local, mas também em âmbito nacional.O atual presidente da Faugo, Sergio Crispim, lembra com carinho da amizade que teve com Luiz Fernando Rocha Lima, que o apelidou de “roda dura” por causa da pouca habilidade na pilotagem de um Fórmula 200. “O Nandão era um amigo de todo mundo, sou muito mais novo que ele, mas sempre me tratou de igual para igual, sempre brincava com a gente, fazia piadas. Era uma pessoa divertida sempre”, lembrou Sergio Crispim, que contou também que o jornalista era um apaixonado pelo Rio Araguaia e participava com frequência de acampamentos nas praias goianas com o amigo.Leia também:+ Morre o jornalista Luiz Fernando Rocha Lima